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a Riachuelo, loja que vende roupas que saem de moda em dois femtossegundos, cometeu um dos maiores erros da história da empresa essa semana: lançaram uma coleção de Animal Crossing. isso por si só não é um erro tão grande assim, apesar deles terem perdido todo o hype do lançamento de New Horizons e aqueles meses loucos em que todo mundo queria colocar um vestido no Raymond. o problema de verdade tá no tamanho das roupas dessa coleção. só tem tamanho juvenil!
olha, pode ser que crianças e adolescentes joguem Animal Crossing. é totalmente possível. mas eu não sei se jogam mesmo e nem quero saber. é claro pra mim que o público-alvo da franquia não é esse. quem joga Animal Crossing são jovens adultos, com mais ou menos 20 anos de idade, que fazem faculdade de artes visuais e querem uma válvula de escape do mundo real, que é um lugar cheio de tristeza, morte, capitalismo, dor e 666. a ilha do Animal Crossing não sofre com o aumento do nível dos oceanos, e esses jovens não vão entrar numa camisa tamanho 16. quer dizer, podem até entrar, mas só se forem muito magros, e isso é uma coisa que eu não sou. o que eu estou querendo dizer é que eu quero a camiseta do K.K. Slider
esses não são os únicos produtos da Nintendo que a Riachuelo tem, aliás, o que eu acho um pouco surpreendente. sei lá, eu sei que a Nintendo meio que licencia a marca pra qualquer um que queira fazer um cofrinho de moeda do Mario, mas acho que eu nunca pensei que uma empresa brasileira conseguiria fazer, sei lá, cueca samba canção1 do Luigi. a Nintendo odeia tanto o Brasil que eu fico chocada só de ver eles lembrando que esse é um país que existe. a Riachuelo é a prova viva de que qualquer um pode fazer merchandise horrível da Nintendo, até mesmo um brasileiro
o povo brasileiro, criativo e aguerrido, tem capacidade total de fazer uma camiseta GET A LIFE com o cogumelo de vida do Mario, igual as camisetas gamer e nerd que existiam em 2008 e eram vendidas na Hot Topic. ainda falta a camiseta verde de Zelda com a Triforce, mas sinto que com o retorno do Lula à presidência, nós chegamos lá
os melhores álbuns de 2022
já é uma tradição anual entre os usuários do RateYourMusic: começa o mês de janeiro e, meio que como uma promessa de ano novo, eles começam a ouvir praticamente todos os lançamentos que saem a partir do dia 1. se é um álbum de 2021, mesmo que tenha saído no dia 31 de dezembro, eles não querem saber. o que importa é aquele númerozinho, aquele 2022 lá, mostrando que o álbum é do ano novo. a primeira atualização das charts do ano novo é sempre um evento, porque nenhuma gravadora lança álbuns em janeiro, então a chart é sempre dominada por artistas independentes que você nunca ouviu falar. isso por um lado é bom (foi assim que o mundo descobriu a Fax Gang, que lançou um álbum em 1 de janeiro de 2021) e por outro lado é horrível (foi assim que o mundo foi apresentado a inúmeros álbuns de comedy rock horrivelmente sem graça)
a primeira chart de 2022 saiu nessa terça-feira. alguns álbuns nela pareciam interessantes. eu escutei eles usando o computador e os meus ouvidos. agora vou escrever frases sobre eles. é assim que as coisas funcionam por aqui
The Weeknd – Dawn FM ★★★★
o novo álbum do cantor Final de Smana segue a linha do antecessor After Hours. tem sintetizadores, tem Oneohtrix Point Never e tem anos 80. é verdade que todas as músicas parecem iguais? pode até ser, mas é uma música muito boa. o Bruce Johnston, membro dos Beach Boys, co-escreveu e cantou na melhor música do álbum e essa é uma informação importantíssima que eu nunca quero esquecer
Kaizo Slumber – The Kaizo Manifesto ★★★★
a No Agreements não erra! o mais novo lançamento no gênero MEM (Música Eletrônica Maluca). música de sampley de guitarra. isso é jungle, gabber e hardcore tudo ao mesmo tempo. eu sinto que tem partes desse álbum que parecem coisa do Aphex Twin, mas eu nunca escutei Aphex Twin direito pra poder dizer isso com propriedade. esse álbum parece com o conceito de Aphex Twin que existe na minha cabeça. trilha sonora para um jogo de PlayStation 1 que não existe. frases desconexas
era 4 da manhã quando eu tentei escutar esse álbum mas eu fiquei com medo e desisti. os sons são altos demais e machucaram os meus ossos
socorro
Mydreamfever – Rough and Beautiful Place ★★
pessoas dirão que esse álbum é lindo, que ele é mágico, que te transporta para um outro lugar. que é um álbum de tirar o fôlego. elas dirão que é um disco sobre ter esperança, sobre perseverar em um mundo injusto. uma experiência inesquecível, elas vão dizer
eu só vou dizer que o álbum é chato
Infinity Frequencies – Exit Simulation ★½
isso é trilha sonora de coletânea de animação 3D do começo dos anos 90. é OK, mas o James Ferraro fazia isso mais de 10 anos atrás. esse é um álbum que não tem razão pra existir. o vaporwave é um zumbi
nenhum destaque, todas as músicas são iguais
RuPaul – Mamaru ?????
mamaru quem?
pinto
vibes erradas dos Simpsons
pra quem não sabe, a primeira temporada dos Simpsons não foi exatamente onde os Simpsons começaram. em 1987, existia uma anomalia chamado The Tracey Ullman Show, que era um show da Tracey Ullman. mentira, na verdade era um programa de comédia com esquetes, números musicais e essas coisas. e, no meio disso tudo, tinha uns curtas de animação com uns personagens amarelos meio mal desenhados, que viriam a fazer muito sucesso anos depois. estou falando, é claro, de Duncanville
um dos primeiros curtas dos Simpsons no The Tracey Ullman Show, o 9º no total, se chamava The Funeral2. o enredo é simples: o tio do Homer (e tio-avô do Bart, Lisa e Maggie) morre e a família vai ao funeral dele. o Bart faz diversas peripécias e, em determinado momento, desmaia. a vibe do curta é erradíssima, mas eu não vou culpar o tema do episódio por isso: todo curta dos Simpsons dessa época tem a mesma vibe, a de série que começou agora e a personalidade dos personagens ainda não está pronta
se você procurar por imagens da creepypasta Dead Bart no Google, com certeza vai encontrar imagens desse curta como se fosse do episódio que a história se refere. mas não é, por um motivo muito simples: Dead Bart é uma creepypasta e, portanto, não é real. mas, por mais que hoje em dia ela seja MUITO boba, foi uma creepypasta muito importante, porque, junto com Suicide Mouse, praticamente inventou o gênero lost episode, que foi muito popular lá pela metade dos anos 2010
Dead Bart é a história de um suposto episódio dos Simpsons que foi produzido durante a primeira temporada, escrito totalmente pelo Matt Groening, criador do desenho. nele, os Simpsons vão viajar de avião e o Bart, burro igual uma porta, é sugado pra fora da janela e acaba morrendo. o conto faz menção ao corpo morto ultra-realista do Bart, que virou um dos maiores clichês dos lost episodes, e a história termina indo muito longe, dizendo que os créditos do episódio tinham a data de morte na vida real de todas as celebridades que já fizeram participações especiais nos Simpsons. é uma creepypasta completamente besta, mas na época, foi revolucionária. sem ela, nós não teríamos nem Squidward’s Suicide nem uma das maiores obras da história da internet: a creepypasta das amoebas do RezendeEvil
mas Dead Bart não é nada perto do maior terror de todos: a modelagem 3D. em 2021, vazou na internet de algum jeito TODO o código-fonte de The Simpsons: Hit & Run, um dos melhores jogos da história, e, no meio de vários arquivos gigantes de texto, também tinham alguns modelos de quando o jogo ainda estava em desenvolvimento. entre eles, um modelo com implicações terríveis.
em 13 de fevereiro de 2000, o episódio Alone Again, Natura-Diddly foi ao ar nos Estados Unidos. é o episódio em que a esposa do Ned Flanders, a Maude Flanders, morre por ação indireta-mas-praticamente-direta do Homer, atingida, enquanto estava assistindo uma corrida na Springfield Speedway, por uma camiseta jogada por um daqueles canhões de ar que só existem em jogos de futebol americano. enfim, por algum motivo, no meio dos arquivos do jogo, tem um modelo completo daquela pista de corrida
é provável que essa pista seria usada pra algum tipo de minigame, mas é bizarro que uma pista que só apareceu em um episódio, episódio esse em que uma personagem morreu, está nos arquivos do jogo. eu acho que não seria tão assustador se a pista tivesse sido usada pra alguma coisa, mas não foi. ela só está lá dentro do jogo, mas sem ninguém poder acessar. eu odeio isso! provavelmente porque sou fresca
em 2004, a EA, por meio da EA Redwood Shores, desenvolveu uma demo curta pra mostrar pra Fox na esperança de conseguir a licença dos Simpsons. e ela é curta mesmo, meio que só um pitch, uma vaga ideia do que poderia ser um jogo dos Simpsons feito por eles. e por ser só uma demo, ele tem uma vibe vazia e triste
os gráficos são ótimos, ainda mais pra 2004, mas a demo consiste em controlar o Bart andando pela casa da família enquanto um silêncio sepulcral é ouvido. quando você chega perto do rádio, o tema dos Simpsons toca. se você vai pra longe dele, o silêncio volta a imperar. numa decisão horrorosa de game design, toda vez que o Bate bart numa parede, ele age como se tivesse levado um tiro e o jogador é impossibilitado de controlar ele por cerca de um segundo. o único outro humano na demo é o Homer, que pode ser encontrado fazendo um churrasco no telhado da casa. na frente da casa, por algum motivo, tem uma imagem muito pequena da própria casa. tudo normar
ah, e tem aquela arte ultrarrealista do Homer que todo mundo postava nos anos 2000
esse homem entrou na minha casa de madrugada e roubou três ovos da geladeira3
considerações finais
outro dia eu estava assistindo o Globo Esporte, como faço todos os dias4, quando passou uma propaganda completamente desorientadora e desconcertante. o cantor Michel Teló, na frente de uma tela verde que projetava imagens de uma unidade das Lojas Quero-Quero, falava da última novidade da empresa:
Uma loja infinita.
quando ouvi esse termo, eu temi pela minha vida. meu primeiro pensamento foi essa loja infinita pode me machucar?, seguido de como essa loja infinita vai me machucar? mas o mais importante talvez era… o que é uma loja infinita? eu tinha algumas teorias
um prédio, de verdade, na vida real, que quebra pelo menos três leis da física diferentes
a primeira Loja Quero-Quero construída em outra dimensão que não a nossa (uma inovação gigantesca)
algo parecido com a TARDIS, que é maior do lado de dentro do que do lado de fora
alguma besteira relacionada à realidade aumentada ou algo do tipo
infelizmente, a opção certa era a última. provavelmente inspirado pelo metaverso do Mark Zuckerberg, a loja infinita da Quero-Quero é literalmente uma loja online que você navega igual o Google Street View. tem informação demais, é um inferno de navegar, não dá pra entender nada e é o futuro. é melhor tu gostar e se acostumar, porque é o que o capitalismo vai ter pra oferecer quando tudo começar a pegar fogo. se reclamar, o Michel Teló minta um NFT e coloca na OpenSea pra ser vendido por 0.005ETH. no governo Luiz Felipe d'Avila, todo mundo vai ser obrigado a ter uma carteira na blockchain. eu acho que eu usei pelo menos metade desses termos errado
e isso não tem nada a ver com o que eu acabei de falar, mas eu não podia deixar de mostrar pra vocês esse cartão de visitas maravilhoso que eu encontrei no restaurante do bairro essa semana
se você mora em Criciúma e precisa ter a grama cortada, chama o Pipoca!
underpants samba song em inglês
em português, é O Funeral. :)
não achei um espaço pra comentar sobre isso, mas em 2020 vazou uma demo de um jogo bizarríssimo pra Dreamcast chamado The Simpsons: Bug Squad!, que não tinha nenhum personagem dos Simpsons. o jogo com menos motivo pra existir na história
porque eu trabalho na TV e literalmente sou obrigada a assistir
eu destruirei vocês #10: o que é uma loja infinita?
Estava procurando para ver se eu era o único indignado com essa desgraça de loja "infinita". Felizmente, não sou o único.
Se você colocar infinitos vendedores em infinitas lojas infinitas eles vão escrever toda a obra de Shakespeare. Aliás, lojas infinitas me lembrou de: https://sinal-limpo.tumblr.com/post/637722991990636544
Você deve ter estreado o verbo "mintar", né?
Sensacional esse cartão pós-apocalíptico do Pipoca. Não tem mais grama - PIPOCA CORTOU TODA ELA.
Vôti, não sabia da existência desse demo vazado desse Simpsons: Bug Squad aí! Caramba, e a produtora fez jogo de Farscape e Coração Valente, esse é o tipo de aleatoriedade que o cérebro precisa para continuar saudável.