eu destruirei vocês #120: em constante estado de :(
o mundo dos Sylvanian Families, as camisas do Brasileirão 2024 e
se tem algo no mundo que eu simplesmente não aguento, é Sylvanian Families. mas eu não aguento no melhor sentido possível: eu acredito piamente que essa marca de bonequinhos, em todos seus desenhos animados, livros ilustrados, séries em stop motion e RPGs para Game Boy Advance, é a coisinha mais lindinha do mundo.
tem algo nessa franquia que provoca emoções curiosíssimas em mim: eu fico com uma vontade enorme de chorar quando penso sobre os seus personagens. são famílias estruturadas, com pais que cuidam do melhor jeito possível de seus filhos, com avós presentes que contam histórias de sua juventude para seus netos, irmãos mais velhos que estão sempre dispostos a ajudar os mais novos — e você pode ter certeza que o motivo de toda essa minha comoção é algo superficial e nada profundo. eu já te falei que eu não quero fazer análise, uma cognitivo-comportamental tá ótima pra mim
no mundo de Sylvanian Families — ou melhor, na cidade de Sylvania —, cada um tem a sua história. cada mamãe hamster, cada filhinho dálmata, cada irmãozinho raposa-do-deserto possui um nome, uma identidade, uma personalidade — algo que nem precisaria estar aí, que de fato não estaria em uma marca de brinquedos mais normal, mas que ajuda a criar um universo muito mais vivo, imersivo, e acima de tudo fofíssimo.
não bastasse os bonecos serem lindos, o papai urso se chama Henry Bearbury e é professor de música na escola da cidade, a mamãe chihuahua Conchita Lopez tem uma coleção de flores e a titia gato-creme Daphne Keats adora passear de bicicleta com seus filhotes Ellie e May. é um ideal meio fascista de família nuclear no qual em sua grande maioria os homens trabalham e as mulheres ficam em casa? óbvio que sim. mas olha que lindinha a família dos sapinhos
apesar dos Sylvanian Families atuais serem, de fato, umas coisinhas fofuxas que dá vontade de apertar, existe algo sobre os bonecos originais produzidos nos anos 80 e 90 que me encanta. era um momento menos sério, mais moleque dos habitantes de Sylvania: ainda não existiam regras tão rígidas que todos os designs das famílias precisavam seguir, então você podia ter uma família de sapos toda verde com olhos esbugalhados e uma boca em constante estado de :(
mas todos eles são muito simpáticos. o papai Walter Bullrush é um preguiçoso que adora pescar, a mamãe Lydia cuida da família enquanto o pai não está fazendo porcaria nenhuma, o irmãozinho Algernon Bullrush odeia seu nome e prefere que todos o chamem apenas de Aggy, e a irmã Lily Bullrush tem uma linda voz e ama cantar, apesar de ser um pouco tímida. eu prometo que eu não vou chorar, mas é muito difícil
se esse set tivesse sido lançado nos últimos anos, você pode ter certeza que os designs seriam chatíssimos. quer uma prova? é só comparar a família pinguim original com o seu redesign de 2022
compartilhe se a garota da esquerda é tão linda quanto a garota da direita. literalmente tudo na família pinguim original, lançada em 2007, é melhor do que a geração atual — a começar pelo nome: De Burg. o papai pinguim Thaw De Burg administra uma loja de festas, a mamãe Perma De Burg cuida das comidas dos eventos, o filho Frost de Burg faz bico de garçom e a filha Storm de Burg é tão boa em matemática que cuida das finanças do negócio. eu sei que eu já troquei de nome uma vez, mas a ideia de me chamar Storm de Burg é muito tentadora
fora os designs, né? pura classe. são criaturas que eu confiaria cegamente para organizar uma festa de casamento inesquecível. a postura elegante, a linguagem corporal que transborda firmeza e segurança, a certeza de que farão um trabalho incrível. uma gravata borboleta e um cachecol. enquanto isso, olha pro lado. três bebês pinguins francamente inúteis sem experiência alguma na preparação de buffets para festas infantis
até o nome da família pinguim redux é chatíssimo: Waddle. Ozzie, Sapphire, Kippie, Pearl e Rocky. me desculpe, mas isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi em toda a minha vida. provavelmente foi feito por algum estagiário que bebeu gin tônica demais na noite anterior e só queria pra casa logo. a personalidade do papai pinguim é que ele adora comer, e a mamãe pinguim ama dançar no gelo. que criatividade ímpar. algum deles gosta de sorvete também?
realizando minhas pesquisas, encontrei um site maravilhoso de uma colecionadora da franquia chamado Sylvanian Collector, possivelmente a fonte de informações mais completa sobre Sylvanian Families em toda a internet. basicamente todos os bonecos já produzidos estão catalogados aqui, desde as famílias coelho-chocolate mais comuns até a família de Kappa — a criatura japonesa verde & mitológica. eles são absolutamente perfeitos: um sapo com uma vitória-régia na cabeça e muito amor no coração. foi produzido literalmente apenas um set de Kappa em toda a história da humanidade, para um concurso de uma loja de brinquedos no Japão, e essa foto é a única que existe dos bonecos. eu não tenho certeza se gostaria de ter eles me observando enquanto eu durmo, mas também entendo que eles devem ser criaturas muito simpáticas
eu não consigo, de modo algum, parar de pensar nessas galinhas. ao contrário das outras famílias, essa aqui nunca chegou a ser produzida: foram feitos protótipos em algum ponto dos anos 90, mas cometeram o pecado de desistir delas no meio do caminho. os McRooster eram absolutamente incríveis: um galo gordinho de gravata e suspensórios, uma galinha com um belíssimo vestido e dois pintinhos cisnormativos com um lacinho azul e outro rosa para denotar gênero. eu estou absolutamente obcecada com a existência disso, ao mesmo tempo em que estou em processo de luto por saber que jamais terei um galo de suspensórios em minhas mãos.
tartarugas nunca produzidas. eu não consigo aguentar
oiê! o texto anterior veio da edição #X32: sapos de olhos esbugalhados — e se você nunca o havia lido, significa que não é um assinante da eu destruirei vocês!
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na edição dessa última segunda-feira, escrevi um pouco sobre mixes de YouTube e o bicampeonato catarinense do Criciúma. se você analisar, a vida meio que é sobre isso
jogadores vestindo roupas
as camisas do Brasileirão 2024
é impossível negar que o futebol brasileiro, nas últimas décadas, foi completamente impregnado pelo capitalismo. empresas de empréstimo pessoal que ganham dinheiro em cima de idosos patrocinam equipes tricampeãs paulistas, homens estadunidenses em processo de calvície ousam duvidar da idoneidade de um campeonato brasileiro no qual Alef Manga recebe cartões amarelos completamente íntegros e jogadores demandam o recebimento de salários para continuar trabalhando.
mas e aí? onde iremos chegar com tudo isso? em que momento as pessoas olharão ao seu redor e perceberão tudo que lhes foi tirado? a falta que faz um Eurico Miranda e uma logomarca do SBT, senadores da república desovando dinheiro em times do Distrito Federal até forçar um vice-campeonato de Copa do Brasil? bicheiros sendo substituídos por uma classe muito pior — a dos empresários. o que podemos fazer? qual será o ponto de ebulição do futebol brasileiro?
se depender de mim, será a nova camisa reserva do Athletico.
veja bem: eu não sou contra a inovação. depois de cinco anos, eu sei sim onde fica o H do Athletico. o problema é que todo esse rebranding do time nos últimos anos parece ter elevado o grau de maleficência da equipe e agora, eu não conheço uma alma viva que sinta qualquer coisa que não seja ódio pelo segundo maior campeão paranaense — e sim, o Coritiba é um dos times mais chatos do Brasil, mas pelo menos ele não é fascista. nenhum outro time do Paraná contrata um estuprador como técnico e age como se estivesse tudo bem
a trend de camisas douradas é um mal que assola o país há anos, exatamente porque nenhuma fornecedora de material esportivo possui a criatividade e a capacidade cognitiva de pensar em qualquer outra cor para produzir uma camisa para o centenário de um clube. os 100 anos do anteriormente-Atlético são comemorados com um design que não faz sentido algum — claro, as quatro faixas pretas agora fazem parte da identidade visual do time, mas combinado com esse dourado tudo parece… sei lá.. é um pijama da Ponte Preta. é uma camisa comemorativa do Vasco em algum ano que eles ganharam quatro títulos. porque o escudo é prateado? adoraria saber. eu não consigo nem distinguir qual é o formato dele. que time é esse? nunca ouvi falar.
agora, em camisas menos fascistas do Brasileirão 2024: eu estou apaixonada pelo Internacional fazendo cosplay de Ajax, o novo manto do Cruzeiro pode ser descrito como cunty e tem algo, não sei o que, que muito me atrai na terceira camisa do goleiro do Fluminense. essa combinação de cores me dá cócegas no cérebro. talvez tenha algum desenho animado da metade dos anos 2000 que usava esses exatos tons de verde pra algum personagem. quem sabe um vilão de Fanboy & Chum Chum. eu sei lá
bem, meio que tudo que eu fiz essa última semana foi escutar o novo álbum do Vampire Weekend, intitulado Only God Was Above Us. é o melhor deles? eu acredito que sim. eles chegaram em um ponto da maturidade musical em que não precisam mais copiar o Paul Simon em Graceland: eles podem só fazer qualquer coisa.
sinto que o mundo indie é sempre muito brutal com artistas que ousam lançar discos considerados abaixo da média por publicações supostamente independentes controladas por mega corporações, e por isso me alegra muito ver que as pessoas abraçaram de volta a banda depois do realmente-abaixo da média Father of the Bride. artista tem que fazer música ruim de vez em quando mesmo. se for tudo sempre incrível você vira um Radiohead, e Radiohead é muito chato
e para combinar com o assunto da semana, hoje é terça-feira, 09 de abril de 2024, e eu assisti três vezes nas últimas 12 horas este show da banda em Austin, Texas, realizado durante o eclipse solar de segunda-feira. eu particularmente sou fã do sol e fico feliz que ele tenha voltado
ah, é verdade! eu quase esqueci! na última sexta-feira, dei uma entrevista para a Rádio Unesc — isso é Universidade do Extremo Sul Catarinense — falando um pouco sobre a eu destruirei vocês em um programa especial do dia do jornalista. bem, eu curso jornalismo na Unesc mesmo. faz sentido.
obrigada ao Luccas Gonçalves pelo convite! me senti bem o bastante para formar algumas frases coerentes de vez em quando
Minha filha ganhou, de um amigo no aniversário de 5 anos, uma casa Sylvanian Families. Bichinhos que parecem feitos de carpete, uma casa toda modular feita do MDF. Eu animei com a qualidade do produto e o amor dela pelo brinquedo, fui a um shopping onde havia um revendedor... é absurdo! Tudo muito lindo, a variedade de construções e personagens dariam pra preencher um estacionamento.
Como bom pai que sou, voltamos pra casa com uma casquinha do McDonald's. Esse dia foi louco, gastei ao todo 6 reais (mais pedágio).
amiga, estamos muito alinhadas..... vou linkar esse post quando falar dos meus semana que vem!!