bom dia! meu nome é isabela thomé e eu passei os últimos dois dias preparando um seminário sobre jornalismo político para apresentar na faculdade — o que significa, infelizmente, que eu não tive tempo para escrever uma newsletter inédita essa semana. peço que não me crucifiquem forte demais. não coloquem tantos pregos
a edição de hoje, 4 de setembro de 2024, é um compilado de textos antigos. talvez você já tenha os lido. talvez não. se você já os leu, peço que esqueça deles para ler novamente como se fossem inéditos. muito obrigada e tenha uma ótima semana!
é engraçado ser paradoxalmente uma idosa decrépita e também a pessoa mais jovem do mundo. ao mesmo tempo em que eu usei internet discada durante boa parte da minha infância, eu adoro a Olivia Rodrigo. eu assistia Tots TV na TV Cultura todas as tardes mas mesmo assim, eu vejo cortes de lives do Orochinho. eu lembro do Emerson Leão técnico da seleção brasileira e também tenho nove anos de idade. mas uma coisa eu sei — ou melhor, não sei. pra que diabos servia um cartão telefônico?
ok, eu consigo mais ou menos imaginar a função dele se eu levar em conta todo o contexto em volta da existência desse objeto. acredito eu que ele servia algum propósito relacionado aos chamados orelhões, monumentos reservadamente ovais que inundavam os centros das grandes metrópoles como vacas da Cow Parade pintadas por Romero Britto. pelo que eu descobri pesquisando na enciclopédia Barsa, eles serviam para você realizar ligações telefônicas — aquela coisa que você fazia no seu celular antes do oceano encher de telemarketing, golpes e golpes de telemarketing
mas mais importante do que pra que esses cartões telefônicos serviam era toda a estética do negócio. eu fui uma criança muito estranha: eu sempre adorei qualquer mídia física que estivesse disponível na minha casa. eu adorava mexer nos discos de vinil do Elvis Costello do meu pai e do Julio Iglesias da minha mãe, eu era fascinada pelas fitas VHS de jeep no rack da televisão e eu amava ficar passeando pela coleção de cartões telefônicos que a minha mãe, por algum motivo, cultivava
e essa era uma coisa comum de se colecionar na época, né? talvez porque era algo que você precisava comprar de qualquer jeito pra poder usar um orelhão — eu acho — e que normalmente trazia umas artes interessantes. se você parar pra pensar, a alternativa a não colecioná-los era jogar eles fora, e o mundo já está cheio demais de lixo. eu vou comprar um álbum fotográfico e colocar todos os meus cartões organizados por ano lá dentro que eu ganho muito mais
ah, e milagrosamente essa coleção específica ainda existe — e não apenas no meu coração
de fato, eu ainda me divirto muito simplesmente folheando uma quantidade altíssima de cartões telefônicos. ser aficionado por cards é quase um instinto humano — basta ver a popularidade duradoura dos álbuns de figurinhas da Copa do Mundo, os photocards de membros do Stray Kids e as cartinhas de Super Trunfo com animais da savana. talvez nossos ancestrais eram fascinados por algum objeto que tivesse esse exato formato e isso acabou sendo passado de geração em geração através dos milênios. quem sabe existia um peixe muito pequeno, fino, retangular e com bordas arredondadas há 3 milhões de anos
ou quem sabe essas paisagens só sejam meio bonitas. uma parte considerável dos cartões telefônicos da época possuía imagens meio poéticas, fotos lindas de lugares igualmente lindos em diversos pontos do Brasil ou, no caso dos cartões da Telesc, de Santa Catarina — o que faz muito sentido se você considerar tudo que eu acabei de dizer. realmente há algo nessas fotos que me transporta para outro lugar, outra época, um papel de parede padrão do Windows XP, uma capa de fita cassete de hypnagogic pop lançado via mail order em algum blog obscuro em 2009, uma ilustração em um livro dos anos 1960 sobre geografia. tempos que não voltam mais
e também existiam aquelas coleções mais lúdicas, mais divertidas, mais inusitadas — tipo um monte de modelos 3D de dinossauros. eu não sei exatamente se essa foi uma coleção disponível em todo o território brasileiro ou se foi especificamente lançada apenas em Santa Catarina — a logomarca da Telesc me faz acreditar na segunda opção, enquanto a logomarca da LigMania na parte de trás do cartão me faz pender para a primeira
de qualquer modo, eu preciso repetir: modelos 3D de dinossauros. cada um deles é menos amedrontador e mais patético do que o anterior. nem mesmo os fundos cheios de fogo e raios pode me fazer acreditar que essas lagartixas verdes fariam qualquer mal para mim. é só olhar as texturas, sabe? tenho plena consciência de que isso não são dinossauros reais, mas sim representações de um dinossauro que eu veria em um pesadelo no qual fui transportada para o século XII — e por alguma imposição do meu subconsciente, haviam dinossauros lá
mamãe, por favor. eu necessito do cartão telefônico do Drowzee. sem isto jamais serei feliz, mamãe
olá! a edição exclusiva para assinantes da eu destruirei vocês dessa segunda-feira foi sobre ele, sim, o Twitter. ou mais especificamente sobre a falta dele.
em um grave momento de fragilidade emocional instigado pela ausência de um perfil privado em uma rede social para xingar pessoas que eu não gosto, me vi obrigada a viver durante todo esse tempo.
o que isabela thomé anda fazendo durante esse período triste da história? assine já e descubra. há um botão logo abaixo. aperte-o. muitíssimo obrigada
os melhores Pokémon da história
para mim, não existe no mundo um ato de psicopatia maior do que escolher seus Pokémon unicamente pelos atributos dele. todos os anos, pessoas que você confia e julgava conhecer bem saem do armário como treinadores profissionais de Pokémon — gente que se importa em treinar EVs e descobrir o IV dos seus bichinhos. não sabe o que essas letras significam? você tem sorte. tomara que continue assim. é tipo eu não entender absolutamente nada de League of Legends. todo dia eu agradeço a Deus por isso
mas então, qual é o modo certo de se jogar Pokémon? poxa, isso é óbvio: escolhendo os bichos mais legais. eu sou uma pessoa estranha porque mesmo a geração que eu mais tenha jogado na vida sendo a quarta — Diamond / Pearl / Platinum — eu acho quase todos os Pokémon daquela era horríveis. eram umas evoluções pra bichos que não precisavam evoluir, umas escolhas horrorosas de cores, um monstro mais feio que o outro — Probopass talvez seja a maior atrocidade que a GameFreak já tenha cometido em toda a sua história. por que um Pokémon tem um bigode? Pokémon não é pra ter bigode.
mas eu realmente tenho um gosto estranho pra designs de Pokémon. não é que eu seja contra o minimalismo da primeira geração, mas eu acho quase todos os bichos daquela época muito básicos e altamente chatos. mas não tinha o que fazer, né? eles foram os primeiros a serem feitos, então existem alguns designs que é meio obrigatório você colocar. precisa ter um dragão super legal que solta fogo, necessitamos de um inseto patético que vira uma borboleta, é imperativa a existência de um pássaro que depois vira um pássaro maior. se não tiver isso, não vai ter nada.
a única vez em que eles realmente ousaram nessa geração foi criando o Porygon, que é um dos monstros mais legais da história. devia ter um episódio do anime sobre ele, tenho certeza que ia arrasar
em termos de design, uma das minhas gerações favoritas é a segunda. há uma quantidade incrível de bichos planta na região de Johto e um é mais legal do que o outro — começando pelo melhor inicial do mundo, a Chikorita. ela é um monstrinho com uma folha na cabeça que, quando evolui, fica com uma coroa de flores em volta do pescoço. tem gente que prefere um crocodilo que solta água do que isso. tem gente que votou no Tarcísio pra governador também
e Bellossom, então? o que falar dela? é inacreditável que eu acreditava ser hétero quando criança considerando que isso era um dos meus Pokémon favoritos. uma criaturinha minúscula com uma saia de pétalas e dois lacinhos de flores no cabelo — eu fiquei mais gay só escrevendo essa frase. Sunflora? uma flor sorridente? nada mais homossexual que isso. um 6 na escala Kinsey
mas a quinta geração também é absolutamente perfeita. essa é a minha geração favorita em geral — os jogos são incríveis, os monstros perfeitos e até o anime era legal nessa época. essa realmente é uma era em que eles parecem ter se desprendido de qualquer regra relacionada à criação de bichos e só fizeram qualquer coisa que parecia legal. a linha evolutiva do Cofagrigus, por exemplo: ele é uma máscara amaldiçoada do antigo Egito e aí vira um caixão com mãos. você não via isso na primeira geração. naquela época eles achavam que colocar uma foca normal no jogo já era criativo o bastante
Reuniclus, então? o cara é simplesmente um embrião — que começou como uma célula nos níveis inicias. Chandelure inicia como uma vela meio emo, vira uma lamparina de cemitério e termina como um candelabro muito estiloso. Golurk é um robô gigante. imagina isso lutando contra o seu Pikachu. tem um dragão mod de três cabeças nessa geração. a maior influência de Javier Milei
mas o melhor Pokémon de todos os tempos é obviamente o Breloom. ok, deixa eu tentar explicar porque gosto tanto dele: ele é um canguru, e também um cogumelo. meio que é isso
é claro que eu estou no Bluesky. é óbvio que sim.
meus pais falavam que eu chorava quando o jigglypuff cantava. era o correspondente daquela música do gatinho miau miau miau miau do tiktok
URGENTE!!! URGENTE!!!!
VOVÓ NINJA ESTREOU!!! VOVÓ NINJA ESTREOU!!!! REPITO: O FILME VOVÓ NINJA ESTREOU!!!!
(descumpem meu entusiasmo mas é que é impossível não se emocionar com uma essa notícia)