skate: um dos grandes conceitos da humanidade. claro, até podem existir outros meios de locomoção mais vantajosos e convenientes, mas nenhum deles é tão radical quanto esse simples veículo de quatro rodas. é uma ideia tão simples, tão básica que eu considero um absurdo o carro e o avião terem sido inventados antes: como assim ninguém jamais pensou em colocar quatro rodas em um pedaço de pau antes? eu consigo imaginar facilmente um samurai do período Heian performando um bluntslide em frente a algum santuário ou o primeiro Dalai Lama metendo um benihana para delírio de seus fiéis. Jesus Cristo é considerado tão influente para a humanidade porque foi a primeira pessoa da história a conseguir fazer um 900, décadas antes de qualquer outro skatista dito profissional
eu nunca tive interesse algum em andar de skate. quando eu era criança, meus hobbies envolviam coisas mais lúdicas e não tão perigosas, tipo comer terra e chorar por não poder comer terra. parecia que meu cérebro tinha vindo de fábrica sem aquela parte essencial para todo jovem que o faz gostar de Charlie Brown Jr. e usar boné — eu até escutava Tamo AÍ na Atividade quando passava no Disk MTV, mas não havia em mim a gana de ir atrás de qualquer coisa chamada Transpiração contínua prolongada. eu só consegui entender o apelo de toda essa cultura quando ganhei um PlayStation 1 e adquiri de modo ilegal o game Tony Hawk's Pro Skater 2. agora eu te entendo, Chorão. eu também tô aí. e mais importante: na atividade
e agora, uma pequena pausa para te fazer uma pergunta: você conhece a Filmicca?
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minha recomendação essa semana é História de Taipei, de 1985, dirigido por Edward Yang. uma história sobre relacionamentos, problemas financeiros, ligas amadoras de baseball e belíssimas praias da costa de Taiwan que você assiste apenas na Filmicca!
sei lá, sabe? skate. todos os melhores videogames são aqueles que decidem jogar fora todo o realismo e se agarrar em um conceito mais fantasioso — por isso coisas como The Last of Us são tão odiadas por mim. absolutamente todo mês há uma história de zumbi nova sendo lançada com gráficos insanos e jogabilidade quasi-real e diversão nula — não que um videogame precise ser divertido para ter qualquer valor, mas um simulador de futebol que permite dar carrinhos no goleiro sem receber cartão vermelho sempre será superior a um game que introduz VAR. como se isso não fosse literalmente fascismo
e a série Tony Hawk’s Pro Skater entende isso incrivelmente bem. é quase um Wario Land dos jogos de esportes radicais: uma mudança absurdamente radical na fórmula de sucesso quase que sem necessidade, mas que mudou tudo. antes de Tony Hawk’s Pro Skater, jogos de skate eram California Games. depois de Tony Hawk’s Pro Skater, eles se tornaram Tony Hawk’s Pro Skater
e meio que era pra ser, né? o joguinho de skate do Tony Hawk é uma das grandes inovações da história da humanidade. é a mistura de um gameplay afiadíssimo, caótico e irreverente com uma trilha sonora skate punk mas também ska punk e sangue quando os skatistas se estilhaçam no chão. Bad Religion cantando You enquanto Bob Burnquist é atropelado por um misterioso e aterrorizante homem dirigindo um carrinho de golfe em uma escola sem nenhum aluno
é incrível como um simples jogo pode até mesmo te fazer repensar espaços públicos — o que é um jeito um pouco mais chique de dizer que, quando criança, eu imaginava todos os lugares que faziam parte da minha vida como sendo parte de uma grande pista de Tony Hawk. a garagem do sítio onde eu morava poderia facilmente abrigar uma quantidade enorme de half pipes, enquanto os fios de energia no topo dos postes no caminho pra casa possuíam ao menos uma fita secreta. as quadras externas da minha escola? dá pra abrir sem problema nenhum um buraco no chão e colocar um bowl, e se eu fizesse alguma manobra específica pulando por cima de umas freiras administradoras do colégio, eu certamente desbloquearia alguma área secreta
esse certamente era um dos grandes diferenciais dessa franquia pra mim: a quantidade de locais secretos que você poderia desbloquear fazendo coisas absolutamente bestas. faça um grind em cima das hélices do helicóptero parado no meio da fase e ele vai sair voando. isso parece algo que o seu amigo levemente mais chato te contaria no recreio e você acreditaria cegamente até chegar em casa, tentar 30 vezes com todos os personagens diferentes e chegar à conclusão de que ele talvez estivesse mentindo — exceto que não. o helicóptero realmente saiu voando, e tem uma fita VHS me esperando atrás do portão. meus amigos me amam
a quantidade de áreas misteriosas icônicas nesses primeiros jogos da franquia é inigualável. o parquinho na escola que você só consegue chegar com uma série de pulos altamente precisos? causar um terremoto em Los Angeles e andar pelas pontes destruídas? a casa mal-assombrada em Suburbia que você consegue acesso após colocar um machado na mão de um homem louco? eu me sinto maluca só sugerindo que essas coisas possam existir, mas é tudo real. rumores que você leria em um blog com menos de 1000 visitas durante uma tarde de 2002, mas que são fato
e aí que está a beleza de tudo: Tony Hawk’s Pro Skater parece um jogo falso. parece uma paródia de um jogo de esportes radicais criado para estar no fundo de um episódio de Drake & Josh enquanto os dois brigam com a Megan na sala de estar, mas é um game de verdade que você pode jogar. ele é tão insano e quebra tantas regras do que um simulador de skate da metade dos anos 90 deveria ser que ele nem sequer deveria existir. a série de joguinhos do Tony Hawk é um pequeno milagre. Deus estava cansado de curar enfermos e decidir criar o melhor produto de entretenimento de todos os tempos. é exatamente a mesma coisa que dar pão aos famintos
vocês já assistiram esse vídeo? ele é importante. se precisar eu posto ele de novo.
ok, meio que eu odiei o disco póstumo da Sophie — mas eu já sabia que isso ia acontecer. parece até um disco póstumo em que a maioria das faixas não chegou a ser finalizada pela artista. calma aí. pensando um pouco. provavelmente foi exatamente isso que aconteceu
acho que a pior parte é a mixagem mesmo. a Sophie jamais lançaria músicas com texturas tão pobres. parece que pegaram as demos antigas dela e jogaram em uma máquina david-guettazadora. abra o Soulseek e escute as versões vazadas das faixas. será muito melhor pra todo mundo
ando meio obcecada com os clipes que o Hype Williams dirigiu pro Busta Rhymes nos anos 1990. nada é melhor que isso. ele adorava colocar o Busta Rhymes usando as roupas mais ridículas do mundo e depois filmar com uma lente fisheye. se eu tivesse o mesmo orçamento, talvez fizesse isso também
lost… browser game… pikmin space force…
Tem como dar 2 likes? Um pelo texto em si e outro por me lembrar novamente do programa Sensacional!
como assim não foi Leonardo da Vinci que inventou o skate??? isso é mesmo um absurdo