eu destruirei vocês #147: como turbinar sua marca
as melhores dicas de marketing pelos experts da área
sim, eu conheço os seus problemas. você é o CEO de uma grande empresa, diversas sedes espalhadas pelo país, talvez uma filial em algum ponto da Europa e uma distribuidora nos Estados Unidos da América. seus produtos fazem sucesso em um nicho muito específico, seja no ramo alimentício ou no ramo da beleza ou, bem, em qualquer outro ramo que exista ou venha a existir nessa grande árvore repleta de engrenagens chamada capitalismo. quando as pessoas precisam do seu produto, elas vão até o supermercado e adquirem o seu produto. e é aí que mora o problema
você quer mais. como CEO de uma grande empresa, o seu papel na sociedade é garantir que quem quer que seja que está investindo dinheiro e tempo acreditando no seu produto não se arrependa, e o melhor jeito de fazer isso na sociedade atual é fazendo com que as pessoas adorem o seu produto. não em sentido de amar: elas precisam acreditar que o seu produto é a segunda vinda de Jesus Cristo, e agora você pode encontrá-lo em mercearias, e agora você pode bebê-lo caso seja um energético. as pessoas precisam sentir uma conexão espiritual pelo seu produto, e elas precisam estar prontas para morrer pelo seu produto. e como você faz isso? ora, é óbvio. com o poder do marketing
e agora, uma pequena pausa para te fazer uma pergunta: você conhece a Filmicca?
a Filmicca é uma plataforma de streaming nacional e independente com uma curadoria exclusiva focada em cinema autoral e cult, com novos lançamentos todas as semanas. quer assistir algo que fuja do óbvio? esse é o lugar ideal!
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minha recomendação essa semana é um clássico perfeito para a época de Halloween: Veneno Para as Fadas, de 1986. um filme de terror gótico mexicano sobre bruxas e garotas que talvez sejam ou não bruxas. se você está fazendo um desafio de assistir 31 filmes de terror durante o mês de outubro, ou seja lá o que usuários de Letterboxd fazem no seu tempo livre, considere Veneno Para as Fadas. uma belíssima película disponível apenas na Filmicca!
dica #1: divirta o seu público nas redes sociais
nada faz uma pessoa e/ou consumidor — termos intermutáveis — se sentir mais próximo de uma marca do que a criação de conteúdo. pegue o belíssimo exemplo do Guaraná Antarctica: eles criaram um canal inteiro no YouTube que supostamente é para fazer você rir, mas, no fundo, é só pra te vender um refrigerante gostoso e geladinho. toda uma equipe de produção é contratada, os talentos mais ilustres & notáveis do YouTube brasileiro são sequestrados e jogados à força em estúdio de gravação, a Marcia Fu é chamada de vez em quando — e para que? para te dar vontade de consumir. é o que a Nissin tenta fazer há pelo menos uns três anos
olha como eles são irônicos, olha como eles são divertidos. olha como eles são jovens. toda a comunicação publicitária da Nissin nos últimos anos pode ser descrita como esperta por alguns seres humanos provavelmente publicitários, mas eu prefiro descrever como irritante. é como se a agência por trás disso tudo assistiu uma das propagandas que o Tim and Eric faziam uns dez anos atrás e decidido que aquilo lá, em toda sua diversão & ironia, era o futuro. não há sombra de dúvidas sobre o que a Nissin está fazendo hoje em dia. não é que eles querem viralizar na internet. eles precisam. caso contrário, tem uma arma em cima da mesa. todos os funcionários da agência assinaram um pacto de suicídio coletivo quando entraram na empresa. eles foram avisados que essa cláusula nunca chegou a ser ativada, mas talvez aconteça um dia
alguém lembra do miojo doce da Nissin — sabores brigadeiro e beijinho? uma completa aberração, não só da natureza como também da humanidade. a revolução industrial aconteceu para que 200 anos depois nós fossemos obrigados a consumir um macarrão instantâneo com um sachê de pó doce dentro — e eu falo obrigados porque, se você era um criador de conteúdo quando esse produto foi lançado, você gravou um TikTok abrindo, preparando e provando o miojo doce da Nissin. não adianta mentir que não. era o que todo mundo precisava fazer naquele inverno gelado de 2022. e aí? olha nos meus olhos agora. valeu a pena? você se sentiu mais realizado depois de fazer isso? quando a primeira garfada desse miojo com sabor de doce de coco entrou na sua boca, você questionou alguma decisão? ou você se esforçou muito pra não pensar nisso? esse olhar vazio. é isso que você quer fazer pra sempre? compre já o misteriojo
disponível nos melhores supermercados nos sabores preto e branco, o misteriojo é o futuro. talvez inspirado pelo fascínio de millennials irritantes & com traços de psicopatia pelo gênero do true crime, empresas andam criando nos últimos anos produtos misteriosos. produtos que você precisa desvendar. a Fanta Mistério talvez seja o grande exemplo: todos os anos, na época do Halloween, eles criam um novo sabor e não te contam qual é. você vai ter que descobrir. e se você é um criador de conteúdo, você precisa descobrir. dia desses a Paçoquita lançou uma paçoca cujo sabor se chama meia-noite te conto. eu não cheguei a provar, mas é uma paçoca misteriosa. exceto se você ler o texto pequeno na embalagem, que diz que é uma paçoca de doce de leite. o empresariado brasileiro adora um mistério. e eu adoraria saber onde está o corpo da esposa do diretor-executivo da [NOME DE EMPRESA CENSURADO PELO DEPARTAMENTO JURÍDICO]
portanto, se você quiser vender mais produtos, é só não dizer qual é o sabor dele. venda um suco natural sem falar de qual fruta é. um Doritos que talvez seja de goiaba, mas que o consumidor só vai descobrir de comprar. um pão francês com um conteúdo desconhecido. uma dipirona com saborzinho de bala. qual bala? aí fica a seu critério.
dica #2: colabore com outras marcas
a Bubbaloo destruiu a sociedade. alguns anos após o boom e subsequente implosão dos hidratantes corporais com cheiro de chiclete de morango, é fácil perceber que essa grande parceria entre o conglomerado de balinhas e O Boticário acabou com os poucos resquícios de normalidade que ainda existiam no mundo. queira ou não, o gloss de uva da Bubbaloo é aceleracionista. uma nova ordem mundial está cada vez mais perto por culpa única e exclusivamente dele. é assim que as coisas funcionam. resta aceitar
depois disso, virou uma bagunça. pouco tempo depois, a Carmed fez a sua famigerada colaboração com a marca de balinhas Fini — e eu acho que acabei de escutar uma explosão há algumas quadras. foi uma febre: todas as crianças e jovens adultos que ainda não conseguiram superar que precisam trabalhar todos os dias até o fim dos tempos ficaram tão obcecadas com esse hidratante labial com gostinho de morango que durante meses era impossível encontrar um Carmed da Fini sequer nos estabelecimentos comerciais do nosso Brasil. foi uma moda passageira, ou pode ser classificado como uma histeria coletiva? talvez eu tenha que abrir o CID pra descobrir. hm. “incongruência de gênero”. terei que analisar isso mais a fundo
e hoje em dia, outubro de 2024, quase 2025, um ano depois de 2023, onde estamos? eu estou em Criciúma. eu posso ir no supermercado de minha preferência e encher o carrinho com belíssimos produtos fruto de inúmeras parcerias entre empresas que eu nem sequer lembrava que existiam. eu juro por tudo que é mais sagrado que há alguns dias eu fui no Angeloninho e encontrei um energético Baly sabor Freegels. isso, aquela bala que você não lembrava da existência há pelo menos uns cinco anos. a Vult, marca de cosméticos, recentemente lançou uma coleção baseada nas balinhas Fruit-tella. belíssimas balinhas, mas chega um ponto em que o apelo à nostalgia é tão barato e faz tão pouco sentido que eu nem sei mais o que eu estou consumindo. em breve, a Boca Rosa vai fazer uma colaboração com a Garoto para lançar um batom matte sabor bombom Rum. e esse é o futuro que nos espera
portanto, se você é CEO de uma empresa do ramo alimentício ou do ramo de beleza, ligue para um outro CEO e chame ele pra fazer uma parceria. o mundo precisa de novas ideias. talvez a Ruby Rose precisa criar uma linha de bases com cheirinho de refrigerante Fruki. é. talvez seja isso que o mundo precise
dica #3: coloque uma playlist no chá
sei lá, cara. o meu chá tem uma playlist. eu não sei mais o que eu faço
mas sabe o que acaba comigo mesmo? lembrar do hidratante corporal de Guaraná da Quem Disse, Berenice. certamente uma das decisões já tomadas na humanidade. tudo que eu quero é besuntar meu corpo em guaraná
eu não aguento mais ter nostalgia!!! eu quero viver o momento pelo menos uma vez na vida!!!!
Esses dias eu fui numa loja de cosméticos com minha namorada e lá me deparei com um man-made horror beyond comprehension chamado SHAMPOO E CONDICIONADOR HERBÍSSIMO + MENTOS. SIM. MENTOS. A BALINHA DE HORTELÃ MENTOS.