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eu destruirei vocês #19: os punks são uns caras loucos
o serviço de streaming da Record, o novo jogo do Kirby, o documentário do Domingão com Huck, Sabbá Show, o novo álbum da Terno Rei e punks
a primeira imagem que você vê quando entra no site do PlayPlus, a plataforma de streaming da Record, é reveladora. uma tela de computador mostrando a novela bíblica Reis, um tablet assistindo Cidade Alerta e um celular assistindo Maratona Ovinhos, uma animação 3D sobre ovos pequenos. ao lado, sete logos diferentes: a Record TV, a Record News, a ACLR, que é a network do YouTube da Record, e quatro emissoras de rádio diferentes. esse é o melhor cartão de visitas possível pro pior serviço de streaming que eu já vi em toda a minha vida
graças ao bom Deus (ou ao Edir Macedo), o PlayPlus oferece um período de teste grátis, e a única coisa que você precisa fazer para garantir essa oferta é oferecer todos os seus dados pessoais para a IURD. eu não lembro da Netflix pedindo o meu CPF e o meu endereço completo quando eu assinei. é provável que daqui a uns meses eu descubra que fui filiada ao Republicanos sem o meu consentimento. enfim, graças a essa gentileza oferecida pela Record TV, eu pude ver melhor quais séries, programas e filmes têm na plataforma. puta merda
pra começo de conversa, só de filmes é quase uma dezena! no momento tem exatamente seis películas no catálogo, três deles versões resumidas em 90 minutos de novelas bíblicas e mais três especiais de fim de ano da Record. eu não sei exatamente quantos filmes têm no Globoplay, mas deve ser mais que isso. séries só tem coisa da Record também, quase todas bíblicas, com algumas exceções tipo Plano Alto, que pela sinopse e pelo fato de ter sido feita em 2014 tem tudo pra ser a pior obra audiovisual da história do Brasil. das oito estações rádios disponíveis no catálogo, quatro delas estão fora do ar. tem uns 30 podcasts na plataforma mas não tem um player de áudio, então é só um vídeo com tela preta com o áudio rodando, e absolutamente todos esses podcasts estão disponíveis de graça no site do R7. mas se você preferir pagar pra escutar eles, eles estão aqui também. de conteúdo infantil são dois desenhos animados e duas temporadas de Ídolos Kids, que devem ter colocado nessa seção só pra ela não ficar completamente patética. agora tá só 97% patética
os produtos originais do PlayPlus são uma coisa estranhíssima também. são menos de 15 no catálogo e todos eles parecem ter sido gerados por um algoritmo. Bola, Vai No Meu Lugar? é sobre o comediante Bola trabalhando em diferentes profissões como estátua viva e dublê, Geração Xuxa é uma série em que a Xuxa conversa com crianças em um cenário literalmente feito de caixas de papelão, e Au Vivo é uma série de 5 episódios sobre cachorros e seus donos “famosos”. entre aspas porque eu não faço ideia de quem é o tatuador Sérgio “Leds” Maciel ou a radialista Luka Salomão. é impossível que esse programa exista de verdade e se eu clicar em algum episódio o meu computador vai desligar na hora. tem também Terrores Urbanos, uma série original sobre lendas urbanas brasileiras que, do pouco que eu vi, vale a pena assistir por ser não-intencionalmente hilária. ela introduz o novo ícone do terror Boneco Amigão
basicamente, não tem nada interessante no PlayPlus e explorar aquele catálogo é como visitar um shopping em decadência com metade das lojas vagas que você sabe que vai fechar daqui uns dois anos. agora eu vou cancelar minha assinatura antes que eu me esqueça e acabe contribuindo pra reeleição do Celso Russomanno
Kirby Destrói O Universo (Nintendo Switch, 2022)
a demo de Kirby and the Forgotten Land
como alguém que não consegue mais justificar gastar 300 reais em um game depois que saiu da casa dos pais, eu fico muito feliz que a Nintendo anda lançando demos dos seus lançamentos de primeiro escalão ultimamente. eles jamais lançariam uma demo de um Metroid 2D ou um Zelda uns anos atrás, mas agora eles amoleceram o coração e finalmente estão pensando nos seus consumidores que não são milionários. por isso que o serviço online horroroso do Switch custa apenas 262 reais ao ano
a demo de Kirby and the Forgotten Land foi lançada no dia 3 desse mês e, mesmo super empolgada pra esse game, eu só joguei ela agora, porque é difícil eu encontrar tempo pra jogar videogames ultimamente. eu tenho uma newsletter pra escrever. esse é o primeiro jogo oficalmente 3D do Kirby depois de mais de 30 anos, o que é meio doido. tem Mario e Zelda 3D há mais de 20 anos mas meio negligenciaram o Kirby esse tempo todo, deixando ele só com jogos de plataforma 2D e eventualmente um spin-off estranho, tipo Kirby Fighters e Kirby Tilt 'n' Tumble. eu aposto que sou a única pessoa que lembrou nos últimos 5 anos que Kirby Tilt 'n' Tumble existe
pra mim, a demo cumpriu o seu papel: agora eu quero jogar o game completo. achei incrível como conseguiram capturar perfeitamente A Essência Kirby nessa transição para o 3D, tanto que eu nem precisei de um tempo de adaptação aos controles, porque o meu cérebro meio que já sabia como ia funcionar o gameplay. é só você andar, pular e eventualmente sugar alguém. favor não procurar kirby sucking no Google. os cenários são todos lindos e eu queria morar em todos eles, mesmo com todos os lugares estando em ruínas e parecendo o interior de Turvo (SC). eu poderia dizer que esses lugares são Kirby Automata, mas isso seria clichê e burro. esses lugares são Kirby Automata
e o Kirby Carro é super divertido de controlar e eu preciso de um jogo só dele. ele tem que se separar do Kirby original e começar uma carreira solo, tipo o Thiaguinho. ou o Zayn Malik
um homem que só existia aos sábados
o documentário Domingão com Huck: A História da História
depois dos aclamados O Caso Evandro, Doutor Castor e Juliette – O Documentário da Juliette, o aplicativo Globoplay lança mais um documentário que já é certeza de indicação ao Melhores do Ano. Domingão com Huck: A História da História é um documentário com o nome mais genérico que existe, já que literalmente qualquer documentário que existe poderia er esse mesmo padrão de nome. ouvi dizer que o próximo lançamento do Globoplay será Duna de Jodorowsky: A História da História. enfim, é, eu assisti o documentário do Domingão com Huck. acho que eu vou ter que me explicar, né. então, eu não gosto do Luciano Huck. pra mim, ele é um dos apresentadores mais NPC que existem, no sentido de que todo programa dele poderia ser apresentado por literalmente qualquer outra pessoa. eu poderia ir no supermercado e facilmente encontrar uns sete apresentadores melhores do que ele. o problema não é nem que ele não chega perto do carisma do Marcos Mion, é não chegar perto do carisma do Otaviano Costa. só que mesmo não gostando da figura Huck, eu amo aprender mais sobre os bastidores da televisão, tanto que o meu trabalho real, aquele que me dá dinheiro, é apertar botão numa emissora de TV. Domingão com Huck: A História da História é basicamente um Acesso Total, só que sobre o Domingão com Huck. mas não é só isso também. é um negócio estranho
grande parte do documentário é sim dedicada à produção do programa, e essas partes eu infelizmente gostei, mesmo com muitas ressalvas. as discussões entre os membros da produção, os bastidores do caos que foi a estreia do programa naquele domingo em que rolou a partida Agentes da ANVISA x Argentina, isso é show de bola. o negócio é que esse documentário é… assim, ele não é exatamente egocêntrico, mas pinta o Huck como se fosse uma pessoa importantíssima pro Brasil e pro futuro do país. e ele pode até ser o apresentador mais famoso do Brasil, mas ele também é só um apresentador de TV. a decisão dele em assumir o Domingão é pintada como se fosse uma atitude super corajosa. “Uau, ele saiu da sua zona de conforto!” meio que não, tudo que ele fez foi sair do sábado e foi pro domingo. isso é só um programa de televisão que passa depois do futebol, não é tão importante assim. na primeira reunião da produção do Domingão dele, o Luciano fala que quer "O resgate da auto-estima do Brasil" com esse novo programa. por que um apresentador de TV sente que tem uma missão tão grandiosa assim? a não ser que… meu Deus…
depois de um tempo falando sobre o programa, o documentário meio que muda o foco para a pessoa pública Luciano Huck. em janeiro de 2020, ele participou do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que é um evento super importante e cheio de pessoas importantes. não importantes tipo o Luciano Huck, importantes tipo o Barack Obama. o que o Huck fez lá? pelo que eu pesquisei, só uma palestra em um almoço com executivos, mas o documentário mostra que ele também gravou um stories enquanto assistia uma palestra do Al Gore e assistiu uma palestra do Príncipe Charles, então não foi uma viagem 100% inútil. que legal que conseguiram permissão para gravar as férias do Luciano Huck!
é disso que eu falo quando digo que é um documentário que o mostra como sendo muito mais importante do que realmente é. por ser extremamente famoso, ele consegue participar de uma reunião com o Eduardo Leite, o Camilo Santana e o Paulo Câmara em Singapura. ele consegue ir pra Nova York conversar com o Caetano Veloso sobre o país. inclusive, engraçadíssima essa cena aí. tudo que o documentário mostra da conversa dos dois é o Luciano perguntando pro Caetano o que devemos fazer para resolver as questões da desigualdade, desemprego, pobreza. como se o Caetano Veloso tivesse respostas pra todas as perguntas do mundo. infelizmente a expertise do Caetano não foi o suficiente e a gente ainda tá convivendo com esses problemas. quem sabe se perguntar pro Chico Buarque a gente consegue resolver tudo isso. é curioso como, em toda essa seção do documentário dedicada à política, o Huck nunca fala explicitamente sobre eleições. tudo que ele fala é basicamente “Eu nunca me botei como candidato.”, o que eu acho uma mentirada deslavada. ele nunca se filiou a um partido político ou anunciou uma candidatura explicitamente, mas eu lembro da entrevista dele e da Angélica no Faustão em 2018. eu não vou esquecer disso
enfim, em geral, eu achei o documentário OK/10. ele me irritou algumas vezes e me entreteve em outras. é literalmente só um documentário sobre os bastidores de um programa de televisão. não tem muito o que amar ou odiar. provavelmente teria sido melhor se fosse dirigido pelo Adam Curtis
Sabbá Show é um programa totalmente para a família
os dez melhores momentos de Sabbá Show - CNT-Rio - Estréia em rede nacional - 02-12-2000 (Abertura).wmv
10. a logomarca 3D horrorosa do programa sendo mostrada de 37 ângulos diferentes
9. o fato da moto que ele entrou dirigindo não estar ligada e só estar sendo empurrada por dois caras
8. esses dois caras, inclusive, são homens das cavernas que ficam o tempo todo no palco dançando
7. o diretor do programa, que não conseguia deixar a imagem em uma só câmera por mais de um segundo
6. a completa ineptitude do apresentador Sabbá em apresentar um programa ou falar frases
5. "teremos mulheres bonitas, teremos aventura, teremos personalidades e emoção. com vocês, Sueli!" aí entra uma loira gostosa rebolando
4. ele chamando duas vezes uma "Alessandra” pra entrar no palco e ninguém entrando. aí ele fala “Fabíola” e entra mais uma gostosa rebolando
3. “Sabbá Show é um programa totalmente para a família", exclama o apresentador Sabbá, enquanto um monte de gostosa rebola no fundo
2. os quase três minutos de gostosas rebolando, que é tudo o que o programa tem a oferecer
1. as várias dancinhas de Sabbá
um terno que é rei? isso é impossível
o álbum Terno Rei – Gêmeos
quem diria, há uns dois anos atrás, que o meu álbum mais antecipado do ano seria não só brasileiro, não só de indie rock, mas da Terno Rei1, uma banda que eu não podia escutar porque a nota dos álbuns no Rate Your Music era baixa demais? só que Terno Rei também é a banda favorita da Bruna, então de tanto ouvir ela ouvir eles eu acabei me apaixonando pela banda meio que por osmose. é incrível as coisas que o amor faz. quando saiu Dias da Juventude, o primeiro single desse álbum, a minha cabeça explodiu. era uma direção diferente pra banda, um negócio bem mais emo anos 90 do que o jangle pop do Violeta, o álbum anterior deles. Dias da Juventude é a melhor música que eles já escreveram e é provável que se torne uma das minhas músicas favoritas ponto daqui um tempo. é melancólica, sentimental e nostálgica, sem contar a produção perfeita & imaculada. literalmente tudo nessa música é maravilhoso. putz, eu gosto de Terno Rei
talvez a Bruna discorde disso, mas Gêmeos é o melhor álbum que eles já lançaram. é mais maduro musicalmente e liricamente. é um negócio super o ano de 1997 pra mim, tudo bem rock alternativo daquela época, desde a capa até a música em si. parece que a próxima faixa desse álbum sempre vai ser One Headlight. me surpreendi que não teve nenhuma letra nesse álbum que me fez sentir vergonha alheia, que é algo que eu não podia dizer sobre Violeta (oi, Yoko), apesar de que “é meia-noite no meu quarto e não tem nada / a internet tão sem graça“ é uma letra meio engraçada. e dá pra se identificar. realmente, às vezes, a internet tão sem graça. além de Dias da Juventude, outras faixas favoritas minhas são Esperando Você, uma música ultra emo com muito falsete, Aviões, que eu passei um tempão tentando descobrir com que música se parecia e era Coyotes do Modest Mouse, Só Eu Sei, que tem um belíssimo refrão, e Olha Só. eu olhei. e amei
a melhor parte é que eu realmente acredito que eles tem potencial pra escreverem um álbum mais incrível ainda da próxima vez. por melhor que Gêmeos seja, não vejo ele como o trabalho definitivo da banda. tem espaço pra crescimento ainda. tenho fé que eles eventualmente vão lançar o novo American Football (1998), e isso é só uma meia-piada. escute já o álbum nesse embed do Spotify, que é uma ferramenta que eu nunca uso porque sempre esqueço que existe
os punks são uns caras loucos
a música Edmarcos – Os Punks
não tenho nada pra falar sobre isso
é a Terno Rei que fala? eu não sei qual o gênero da banda. não tem pronome na bio deles
eu destruirei vocês #19: os punks são uns caras loucos
o documentário do Huck me soa como um Video Show com estética de documentário true crime
e o crime a gente sabe qual foi né
Espero que o primeiro vídeo do seu canal seja o iceberg do Sabbá, com meia hora de jornalismo investigativo dramático para encontrar a Alessandra.
Esse documentário do Huck me lembrou aquele do Conan O'Brien - aquela época que teve uma briga dele com o Jay Leno, mudaram o horário dele, sei lá, e aí teve todo um documentário do Conan artista torturado injustiçado precisando fazer uma turnê porque nele não pode parar de criar - Acho que era "Conan O'Brien Can't Stop" o nome. Com certeza o do Huck é do mesmo gênero cinematográfico, rich people struggle documentary.
(Esse deve ter sido o meu EDV favorito até agora, ri muito aqui, tá consistentemente melhor a cada semana)