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eu destruirei vocês #20: eu amo quando alguma coisa não existe
Guaraná Antarctica Ice, Balanço da Manhã, Weezer medieval, um jogo que nunca existiu e Twister metafísico
agora eu vou fazer uma pergunta que parece aqueles baits pra conseguir engajamento no Twitter: qual o sabor de comida que já parou de ser produzido que você mais sente falta? eu pensei por meses sobre o assunto e a minha escolha é um produto que, até pouco tempo atrás, eu nem tinha percebido que havia saído de linha: o Confeti de chocolate branco da Lacta. era o alimento perfeito. pra mim, os M&M'S é que são uma cópia barata desse negócio aí. eles não derretem na boca; os Confeti derretiam. o chocolate do Confeti tinha uma qualidade inferior aos do M&M’S? é óbvio que sim, mas eu sou uma pessoa que é fã daquelas bolinhas de futebol de chocolate, então eu talvez não tenha o gosto mais sofisticado pra essa iguaria. em 2016, a Lacta parou de produzir a linha Confeti, e eu acredito piamente que essa foi a causa da eleição de Jair Bolsonaro em 2018
esses dias eu lembrei aleatoriamente de outro produto que eu acreditava existir apenas na minha mente: o finado Guaraná Antarctica Ice, não confundir com o Guaraná Antarctica Açaí ou o Guaraná Antarctiva Avaí. tudo que eu lembro dele são duas coisas: que ele existiu em algum momento, e que eu gostava dele. eu não me lembro como era o sabor, mas acho que era basicamente um Guaraná que gelava a garganta, o que faz sentido se você pensar no conceito por mais do que dois segundos. o flopado do Guaraná Ice surgiu em 2009 e saiu de linha ainda no mesmo ano, e, pra mim, a culpa não foi dele. foi nossa. esses sabores mais exóticos normalmente duram pouco tempo porque o público em geral, infelizmente, odeia experimentar coisas novas. eu sou a única doida que compra Doritos sabor maionese chipotle, qualquer pessoa normal vai comprar um Doritos laranja e vai seguir sua vida como se não existissem outras opções. precisamos de uma terceira via de Doritos
talvez tenha sido por isso também que os sabores doces de Club Social tenham durado tão pouco tempo. esses dias eu estava fazendo alguma pesquisa no Google sobre Club Social (por favor não me pergunta nada) e encontrei uma foto aleatória postada por uma modelo no Flickr em 2005 que mostrava um pacote de Club Social sabor… frutas vemelhas? aparentemente a Kraft Foods decidiu cometer um crime contra a natureza aquele ano e lançou versões adocidadas de Club Social, nos sabores frutas vermelhas & mel e cereais. literalmente a ÚNICA foto que eu encontrei na internet da embalagem de qualquer um desses sabores é a que essa modelo postou em 2005. é a única prova visual da existência de um produto que milhões de pessoas viram nos supermercados em determinado momento de 2005. isso é muito doido, não é? (favor não falar nada se você não acha isso doido)
e enquanto eu procurava essa imagem no Flickr, eu encontrei uma foto de MINI CLUB SOCIAL, que eu nunca tinha ouvido falar, e um Club Social recheado de QUEIJO E CEBOLA que só pode ser montagem. será que existe todo um rabbit hole de sabores de Club Social que só existem no Flickr? não sei e não quero saber. imagino que tenha gente muito poderosa por trás disso tudo.
uma obra-prima da cenografia
o cenário do Balanço da Manhã, novo telejornal da TVMS
essa semana eu pensei em escrever sobre os piores cenários de telejornal da televisão brasileira, porque eu estava com vontade de xingar o cenário atual do Bom Dia Brasil, mas eu acredito que, desde o dia 7 de março, não existe mais nenhuma discussão sobre qual o pior. agora, o Balanço da Manhã existe
o Balanço da Manhã é o mais novo telejornal matutino da TVMS, afiliada da Record em Mato Grosso do Sul que tem o nome menos criativo que eu já vi. ele é apresentado pela jornalista ex-Globo Veruska Donato e assim… o cenário é literalmente uma cozinha. é só isso. a peça principal do cenário é uma bancada com um cooktop de duas bocas, sendo que em cima de uma delas tem uma chaleira, que eu não sei se é parte permanente do cenário ou só estava aí nesse primeiro programa. é um mistério. o enquadramento do cenário sempre mostra uma torneira no canto esquerdo, o que me faz lembrar de que eu tenho que lavar a louça, e isso é a última coisa que eu quero lembrar às 6h da manhã. e o que falar daqueles armários lá atrás? meu Deus do céu, eles são TÃO azuis. 80% da tela é azul. será que por isso que colocaram uma chaleira amarela lá? já que a logo do programa é azul e amarela, tinha que ter ao menos alguma coisa amarela no cenário? ah, e ainda tem um puxadinho do lado que é literalmente só um TV de 49 polegadas em um fundo de madeira falsa. é o mínimo do mínimo do que pode ser considerado um cenário de telejornal. e uma jornalista ex-Globo está apresentando. que bom pra ela.
mas a melhor parte disso tudo é que, no dia 17 de março, o Instagram oficial do Balanço da Manhã fez um post em que sorteava dois ingressos cortesia premium para um show do sertanejo Eduardo Costa em Campo Grande. tudo que você precisava fazer para concorrer era seguir a conta do programa, curtir o post oficial e marcar um amigo nos comentários. eles nunca abriram o post para comentários
Are there any medieval musicians that sound like Weezer?
uma análise de Weezer – SZNZ: Spring
boas notícias para os fãs de Weezer e más notícias para quem é normal: nos próximos 365 dias, eles vão lançar quatro EPs diferentes. SZNZ: Spring saiu esse domingo e é o primeiro desses EPs, cada um deles decidado à uma estação do ano diferente, ou seja, vai ter o Summer, Autumn e Winter ainda. que são as estações do ano, caso alguém não conheça elas. cada um deles vai ter um estilo que remete à respectiva estação, então Spring é cheio de músicas meio místicas, uma vibe bruxa do TikTok, aqueles negócio de elfo e floresta, tipo O Senhor dos Anéis. é uma estética que eu simplesmente detesto, e por isso me dói tanto dizer que eu gostei muito esse EP
SZNZ: Spring é mais um marco nessa renascença do Weezer que estamos vivendo nos últimos anos. nesse caso, é uma feira da renascença. os caras simplesmente foram lá e colocaram uma lira em um álbum do Weezer, como se não existissem leis no código penal contra isso. é o caso de Opening Night, a primeira faixa, que quase me fez desistir do EP nos primeiros 15 segundos. aquilo é um bandolim? que legal! achei tenebroso. mas o doido é que essa é a única faixa do álbum que eu considero ruim. Angels on Vacation, a segunda música, é maravilhosa, uma canção quase modular, com várias seções diferentes e todas lindas cada uma do seu jeito. todo projeto do Weezer pós-Pinkerton tem ao menos uma faixa tão boa quanto os clássicos dos anos 90 e essa aqui é a desse álbum. caso queira saber dos outros álbuns, me pergunta que eu faço uma listinha
The Garden of Eden é outra ótima canção com uma vibe muito gostosinha, até com sons de pássaros ao fundo. é como se eu realmente estivesse numa floresta, ou então numa agropecuária. “i haven't felt this good since velcro sneakers came along" é a melhor letra desse EP. outros destaques desse projeto são o refrão de The Sound of Drums (mas só o refrão), a beleza da era-Make Believe que é All This Love e a última faixa, Wild at Heart. é a segunda melhor música do Weezer com nome de filme do David Lynch, perdendo apenas para Twin Peaks: Fire Walk With Me, disponível como faixa bônus em uma coletânea lançada em 2004 exclusivamente para clientes da Best Buy que compravam cinco ou mais ventiladores de uma vez só
depois dessa maravilha, tudo que eu mais quero é escutar logo os futuros EPs da série SZNZ. aparentemente o Rivers Cuomo já confirmou o nome de algumas faixas, que incluem I Want A Dog, Puma Wheels e Basketball. se ele conseguir escrever uma música interessante sobre basquete, tem que dar um Oscar pra ele
o jogo que foi pro espaço :-(
o mistério de Cosmic Walker
em toda conferência da Nintendo, eles anunciam ao menos uns setecentos jogos diferentes. só que pra cada futuro clássico como Mario Faz A Segunda Via Do RG sempre tem uns 30 Surviving the Aftermath, jogos que, mesmo parecendo muito que não existem, realmente existem. foi assim que, no dia 2 de outubro de 2008, num evento anual já extinto chamado Nintendo Conference Fall, Cosmic Walker foi anunciado. a empresa mostrou um reel de 4 minutos com vários games que seriam lançados ao longo do próximo ano, e entre jogos incríveis como Sin & Punishment: Star Successor e FlingSmash, havia um jogo que ninguém nunca tinha ouvido falar. foram mostrados cinco segundos de gameplay com quatro cenas diferentes do jogo. uma estação espacial, um astronauta do lado dessa estação, um astronauta em cima dessa estação e outro personagem caminhando dentro de um lugar que talvez seja essa estação. não tenho certeza, vou ter que perguntar pra Nintendo. no canto inferior direito da tela, uma informação: 2009. uau, o jogo vai sair ano que vem! eu mal posso esperar!
Essa foi a primeira e última vez que Cosmic Walker foi visto.
eu não sei exatamente por quê, mas houve um ponto em 2008 que esse era o jogo que eu estava mais empolgada. a Nintendo mostrou literalmente só cinco segundos de cenas do jogo, mas parece que isso só aumentou ainda mais minhas expectativas. talvez porque, pela falta de informações objetivas sobre o game, o meu cérebro de criança burra de 12 anos de idade podia inventar qualquer coisa sobre ele e pareceria plausível pra mim. era um jogo super misterioso! e tinha um estilo gráfico lindo! e era no ESPAÇO! vai ter como fazer qualquer coisa! será que vai ter o Mario? será que vai ter o Mario no espaço. ou o Link? meu Deus do céu, vai ser incrível. não tinha como ser ruim. só que, se um jogo nunca for lançado, ele não pode ser ruim também
Cosmic Walker estava sendo desenvolvido pela Gaia, empresa fundada pelo Kouji Okada (um dos criadores de Shin Megami Tensei e o culpado pela série Persona) que lançou só quatro jogos em sua história, todos para plataformas portáteis, até fechar pouco menos de dois anos depois. o jogo continuou sendo anunciado como um futuro lançamento em documentos oficiais da Nintendo até janeiro de 2010, quando desapareceu de tudo. ninguém sabe como seria o gameplay, história ou basicamente qualquer coisa sobre o jogo. e é por isso que eu me interesso tanto por ele. eu amo quando alguma coisa não existe
o que acontece quando uma série chega em sua 26ª temporada
o episódio dos Simpsons Um Banquete Indigesto
de todos os 721 episódios de Simpsons, é possível que Um Banquete Indigesto (S26E10, título original The Man Who Came to Be Dinner) seja o mais estranho de todos. e olha que já existiu um episódio inteiro dedicado ao pano de mesa do bar do Moe. uma breve descrição da sinopse já revela tudo que você precisa saber sobre essa anomalia
Os Simpsons vão a Diz-Nee-Land, um parque de diversões os passeios são terríveis, com exceção de um foguete chamado "Journey to Your Future" que os leva a Rigel 7, o planeta natal de Kang e Kodos, onde os habitantes tentam comer Homer em um fondue gigante.
tirando os erros gramaticais já esperados de uma Wiki escrita por fãs, essa é uma descrição precisa dos acontecimentos. Os Simpsons vão para outro planeta. claro, isso é comum em episódios de Halloween, em que dá pra colocar os personagens até no Casos de Família se os roteiristas assim desejarem, mas isso nunca acontece em um episódio normal. o máximo que acontece é, sei lá, o Bart vira amigo do The Weeknd. é por isso que muita gente odiou Um Banquete Indigesto e também é exatamente por isso que eu gostei
é curioso como, mesmo tendo gostado do episódio, eu ri pouquíssimas vezes durante ele. a maior parte do tempo eu estava em choque com o que estava acontecendo. o primeiro ato é meio normal, com a viagem da família à Diz-Nee-Land, algo que só poderia ter acontecido antes da aquisição da Fox pela Disney, mas o resto nem sequer parece um episódio de Simpsons. visualmente esse é um dos episódios mais interessantes que eu já vi, o que faz sentido considerando que eles estão em um outro planeta. se não fosse visualmente interessante, tinham que demitir todos os animadores. nesse episódio tem homem brócolis, alienígena de bigode e Twister metafísico. entre as cenas que me deixaram perplexa estão a Lisa encontrando uma versão alienígena dela que nunca mais é mencionada após o fim da cena, um rio de alienígenas mortos e a Marge crescendo uma mão na cabeça. nada disso é ruim, não me entendam mal. é só inesperado. por mais que os críticos em geral tenham detestado Um Banquete Indigesto por não ter compromisso algum com a realidade, é exatamente isso que me atraiu a essa história. eu acredito que as coisas, em geral, tem que ser mais estranhas
essa é uma história que veio direto de um universo alternativo onde Simpsons tem 0% de compromisso com a realidade, em contraste ao 20% que a série tem hoje em dia. se esse é um universo melhor que o que a gente tem? eu não tenho certeza. só sei que eu acabo de descobrir que esse episódio originalmente era um roteiro para o segundo filme dos Simpsons e agora tudo faz sentido
considerações finais
você gosta dele? like se sim, RT se não
eu destruirei vocês #20: eu amo quando alguma coisa não existe
Eu comi muito Club Social com recheio de cebola e salsa e o de frutas vermelhas. Especialmente o de fruta vermelhas. Acho que era um experimento para saber como iria no mercado ou quantas pessoas seriam hospitalizadas em decorrência de. Uns anos depois saiu uma versão de tomate, ou ketchup, ou algo parecido, que era horrível mas era uma experiência.
Caí aqui pela newsletter recente de top 5 e queria dizer que eu estava no ensino médio em 2005 e comi todas essas club sociais estranhas, era meu lanche no intervalo. Eu odiava a de mel, a de frutas vermelhas era ok, a recheada de queijo tinha todo o aroma do cheetos bola sem nada do sabor. Hoje se eu vejo uma club social, ou só o logo mesmo, eu tenho ânsia. Muito louco a relação pavloviana que se desenvolve.