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eu destruirei vocês #21: é impossível interagir com esses gatos
a estreia de Pantanal, Balaloo, o gato do Mike Myers, 25.000 gatinhos, felinos secretos e Undertale de catgirl
depois de décadas fazendo novelas da Globo, a Globo inovou e quebrou mais um paradigma: está fazendo uma novela da Manchete. Pantanal (2022): É Pantanal Só Que De Novo é mais do que uma novela, é uma tacada de mestre. durante a pandemia, já que não havia novelas inéditas no ar, a audiência da TV aberta em geral caiu muito, ainda mais porque as melhores opções que a Globo deu aos telespectadores foram reprises de Pega Pega e Fina Estampa. se a melhor coisa que está passando na TV é o Pereirão sendo humilhado pela Tereza Cristina, é claro que uma boa parte do público vai acabar indo pro streaming. desde novembro do ano passado, todas as novelas da Globo no ar são inéditas, mas nem isso fez esse pessoal parar de assistir a trigésima-sexta temporada de Emily in Paris ou o Podpah com o Gil do Vigor. o público rejeitou todas essas novelas, mas principalmente a última das 21h, Um Lugar ao Sol, que quebrou um recorde impressionante: foi a pior audiência de uma novela das 21h de todos os tempos. ou seja, considerando a idade total do nosso universo, foi a quebra de um recorde que já durava 13,8 bilhões de anos
e é por isso que eu digo que o remake de Pantanal foi uma decisão tão genial. o que melhor pra trazer o telespectador de volta à TV aberta do que uma novela que só o nome já chama tanto a atenção? quando a Globo anunciou em setembro de 2020 que faria uma remake de Pantanal, a internet quebrou, e depois que o TI resetou o roteador e conseguiu arrumar, todo mundo só falava daquilo. e aí você alia essa curiosidade natural do público à uma campanha de marketing fortíssima e o sucesso é quase certo. gente do céu, eu nunca tinha visto uma campanha de marketing tão pesada pra uma novela quanto pra Pantanal 2: O Inimigo Agora É Outro. praticamente todo mês tinha uma matéria no Fantástico mostrando que eles estavam gravando no Pantanal de verdade, que cada capítulo ia custar um milhão de reais e toda aquela babação do próprio ovo que a Globo é tão conhecida. até emoji no Twitter eles conseguiram colocar, o que era algo que só o BTS conseguia, ou o pokémon Meganium. o resultado disso tudo: Pantanal estreou essa segunda-feira com uma audiência maior do que todos os capítulos de Um Lugar ao Sol. essa é uma marca incrível, impressionante e mostra que caralho, o horário de novelas das 21h estava no chão, hein
eu assisti esse piloto de Pantanal e tudo que eu tenho a dizer é UAU, isso realmente tem cara de uma novela que cada capítulo custa um milhão de reais. eu acho que não teve um quadro sequer, um frame desse capítulo que não era lindo de se ver, e essa novela vai me fazer virar o Rubens Ewald Filho de tanto que eu vou elogiar a fotografia dela. eu não tinha entendido direito porque gravaram ela em 8K, que é o FLAC das resoluções de vídeo, mas acho que agora, vendo as imagens que conseguiram captar, eu saquei. essas imagens do Pantanal são tão lindas que eu elogiaria esse capítulo mesmo se ele fosse só uma hora e meia dessas imagens enquanto toca Jair Rodrigues – Disparada no fundo
mas sabe a parte mais engraçada desse primeiro capítulo? eu não entendi nada da história. podem me chamar de burra, eu não só deixo como mereço. o que eu entendi é que já rolaram três fases diferentes da novela, com três atores interpretando o José Leôncio, sendo que um deles é o Goku de A Força do Querer e outro é o Renato Góes (i don’t know where he góes to) e aí o pai dele, que é interpretado pelo Irandhir Santos, é um idoso muito louco que ficou furioso quando o José Leôncio conseguiu laçar um boi. aí ele foi pro meio do mato e voltou com um monte de boi. durante esse tempo todo, a palavra marruá foi dita 382 vezes. também teve a Juliana Paes descobrindo que vai ser despejada e um padre que mais parecia um rabino. mas o que mais teve com certeza foi marruá. talvez tudo faça mais sentido nos próximos capítulos! na verdade, obviamente vai fazer mais sentido nos próximos capítulos, porque é assim que uma novela funciona.
infelizmente, nesse primeiro capítulo, a Juma não virou onça. essa é a única coisa que eu sei sobre a versão original de Pantanal. a Juma vira onça. a onça, aliás, que nada mais é que um gato muito grande
ola gatola dala cartola
o filme O Gato
algo que eu já tentei decifrar muito ao longo da minha vida é de onde veio esse meu senso de humor bizarro. assim, sem querer parecer a diferentona, eu tenho um senso de humor muito específico, e uma das coisas que eu mais amo é quando alguma obra quebra a quarta parede. eu simplesmente enlouqueço quando um personagem da série/filme/qualquer coisa que eu estou assistindo fala comigo. espera aí, o Dr. Hibbert dos Simpsons sabe que eu existo? eu nunca estive tão feliz. e olhando agora pro meu passado, eu consigo identificar exatamente de onde veio o meu amor por essa verdadeira arte de olhar para a câmera e fazer algum comentário sobre o que está acontecendo na obra: foi de O Gato. aquele filme bizarríssimo de 2003. eu tenho certeza disso
eu acho que toda criança tem um filme que ela assiste obsessivamente, e o meu foi O Gato. como é de conhecimento geral, esse filme foi massacrado pela crítica no lançamento e até hoje aparece em várias listas de piores filmes da história, e eu entendo isso. O Gato seria o primeiro grande projeto do Mike Myers depois de Shrek, um filme pouco conhecido sobre Smash Mouth – All Star em que ele dublou um ogro, e a trilogia Austin Powers, que ele estrelou e escreveu, ou seja, havia muita expectativa pra esse filme sobre um gato horroroso de 2 metros de altura, só que aí todo mundo acabou odiando só porque não era fiel à obra original. sabe o que mais não é fiel à obra original? o cover de Hurt do Johnny Cash, seus canalhas! pessoalmente, eu acredito que a péssima recepção ao filme se deve ao fato de que os críticos de cinema normalmente não tem sete anos de idade, porque se tivessem, esse filme seria mais cultuado do que Cidadão Kane
O Gato é uma película sofisticada, eu nem sequer vou chamar isso de filme. não sei como os mais velhos ainda se perguntam porque todo jovem adulto hoje em dia tem TDAH se a gente assistia filmes como O Gato quando éramos crianças. esse filme é o mais puro caos, é a destruição da propriedade privada, é sobrecarga sensorial por uma hora e 22 minutos. e acima de tudo, é subversivo. a sinopse é a mais simples possível: duas crianças estão sozinhas em casa e descobrem que tem um catboy escondido lá. rolam muitas confusões e o filme eventualmente acaba. nesse meio tempo, O Gato (a criatura) é agredido múltiplas vezes e foge com as crianças em um carro. é um daqueles filmes que, se você pensar um pouco sobre a história, vai ver que secretamente é de terror
O Gato (a criatura) não quer saber de nenhum regra. ele quer divertir as crianças e vai conseguir isso, não importa como. ele vai rasgar o tecido do espaço-tempo para assassinar o Alec Baldwin e parar o filme para fazer uma propaganda do parque da Universal Studios se for preciso. ele é um entertainer. O Gato é o Tiago Abravanel que deu certo. eu até entendo as crianças que achavam O Gato, a criatura, a coisa mais assustadora do mundo, mas eu não tinha problema nenhum com ele, porque eu não era fraca. e daí que é um gato com a mesma altura de um homem humano que entrou numa casa sabe-se lá como? ele é divertido! vocês não estão vendo que ele canta e dança? amadureçam, por favor. prestem atenção no quão coloridos os cenários do filme são e ignorem o felino gigante
por mais que os críticos idosos (ou pessoas acima de 13 anos) odeiem essa película, essa é uma adaptação da obra do Dr. Seuss muito melhor do que Lorax, aquele filme sobre um ser místico que cuida do meio-ambiente e também faz propagandas de carro
não tem gosma dentro
uma análise de Bubbaloo em bala
acredito que a Mondelēz, empresa que produz o Bubbaloo, desperdiçou uma oportunidade inacreditável com o seu novo produto Bubbaloo em bala. tinha um nome que eles poderiam ter usado que era tão óbvio, tão simples, e eles meio que só ignoraram. gente. pelo amor de Deus. Balaloo. não é possível que nenhum publicitário tenha pensado nisso. se eu consegui pensar, qualquer pessoa formada também consegue. será que o problema era que a Mondelēz é tão protetiva da sua propriedade intelectual que não deixa eles fazerem qualquer alteração no nome do produto? se for esse o problema, isso é ridículo. isso é só Bubbaloo, não é uma coisa séria. é só um chiclete que tem gosma dentro
eu encontrei o Balaloo à venda pela primeira vez numa farmácia, o que me fez achar por um instante que ele teria gosto de Strepsils, mas não tem não! vocês não vão acreditar, mas tem um gosto muito característico de Bubbaloo. essa bala não é exatamente uma bala dura tipo um Fruittella, mas sim algo estilo Fini e Haribo, e a frase super macia na embalagem não é só marketing: realmente é uma bala super macia, sem mentiras por aqui. a Mondelēz deve estar super confiante no sucesso desse novo produto, porque já lançaram direto com cinco sabores diferentes: mix de frutas, morango, azedinha morango, tutti-fruti e azedinha mix, que parece nome de rádio FM. eu posso assegurar que a de tutti-frutti é maravilhosa & perfeita, assim como a azedinha mix, que é super azedinha & também mix. é um Bubbaloo mole que dá pra engolir sem enrolar nas tripas, não tem como não gostar! a única parte menos ideal, ao menos pra mim, é que é um negócio extremamente doce, então é possível que te dê diabetes instantânea. ah, e isso também é uma bala vegana, então podem ficar tranquilos que eles não usaram o próprio mascote na produção
e ainda por cima, o Balaloo é o produto perfeito para os furries, já que as balas tem formato de gatinhos e patinhas. por favor, não façam nada estranho com isso!
gatos secretos
o mistério dos gatos de Super Paper Mario
de todos os arquivos que já foram enfiados dentro de um disco de um videogame, os meus favoritos são os gatos que foram encontrados há alguns anos nos arquivos da versão sul-coreana de Super Paper Mario, e só na versão sul-coreana. ok, talvez eu precise explicar o contexto: Super Paper Mario é um platformer com elementos de RPG que originalmente saiu no dia 9 de abril de 2007 sem nenhum gato. zero felinos no jogo. e aí, quase dois anos depois, em 26 de fevereiro de 2009, a versão sul-coreana do jogo foi lançada. essa versão foi ignorada por anos (até porque não tinha motivo pra alguém que não sabe coreano jogar ela) mas em 2018, nove anos depois do lançamento, aconteceu uma descoberta que mudou os rumos da civilização moderna. o canal GameIntus adquiriu uma cópia da versão sul-coreana, colocou o DVD no computador deles e procurou em todos os arquivos do jogo pra ver se tinha alguma coisa estranha escondida lá. e tinha!
eu já dei spoiler antes, né. a descoberta principal foram dez fases estranhíssimas, que nada tinham a ver com o estilo gráfico de Super Paper Mario, que caso alguém não tenha percebido, é um jogo do Mario. elas não têm nem mesmo a paleta de cores que um jogo do Mario usa. todos esses mapas são praticamente vazios, com poucos objetos, têm meio que uma aura misteriosa ao redor, e em dois deles, você consegue encontrar os gatos. não tem como interagir com esses gatos e eles não fazem nada. eles só ficam parados, existindo. são só texturas. e sim, isso parece que saiu de uma creepypasta, mas é tudo verdade. a realidade muitas vezes é mais estranha do que a ficção
mas afinal qual o propósito desses gatos? ninguém sabe. descobriram que os nomes internos, ou seja, o nome dos arquivos desses gatos, tem referências aos três character designers e ao diretor de arte de Super Paper Mario, então devem ter sido eles que desenharam esses gatos. é possível que eles fariam parte de algum projeto cancelado, mas um outro mistério é como esses gatos apareceram nos arquivos só da versão sul-coreana do jogo. todos esses gatos foram criados lá pela metade de 2007, ou seja, depois do lançamento das versões não-sul-coreanas de Super Paper Mario. então o que esses gatos estão fazendo no jogo? não sei. por que você tá perguntando pra mim?
e agora, um ranking de todos os gatos secretos
5. o gato branco, rosa e azul. ele pode até ser trans, mas não confio nele
4. o gato preto. apesar de ter um look lindo, o pêlo dele parece palha. minha mão ia sangrar se eu tentasse fazer carinho
3. a gata marrom. amo tudo sobre ela, exceto os olhos assustadores
2. a gata laranja. perfeita & sem defeitos. achei ousado o look do red carpet dela, mas amei
1. o gato branco secreto. eu não falei dele até agora mas esse é um dos gatos mais educados que eu já vi. esse gato pede bença pra avó
pensando sobre gatos. e mortalidade
uma análise do EP 25,000 kittens – 25,000 kittens
drone, por incrível que pareça, NÃO é só um aparelho voador com uma câmera: também é um gênero musical com o qual eu tenho pouquíssima familiaridade. fui dar uma olhada no meu Rate Your Music agora e eu escutei exatamente dois álbuns desse gênero em toda a minha vida, o que é menos do que eu já ouvi de sertanejo universitário, mas mais do que eu já ouvi de harsh noise wall. o drone, em geral, é uma música eletrônica instrumental super minimalista, quase sem variações. são alguns tons e notas tocados por um longo período de tempo, e eu espero que eu não esteja falando nenhuma besteira. alguns dos artistas mais famosos do gênero e que você talvez já tenha ouvido falar são o Tim Hecker (não confundir com Tim Heidecker) e The Caretaker, que lançou um álbum sobre mal de Alzheimer que bombou no TikTok em 2020. afinal, o século XXI não faz sentido algum
25,000 kittens – 25,000 kittens infelizmente não é a obra de 25,000 gatinhos, mas sim de Mizuhiro, um músico japonês que já teve uns 30 trinta projetos diferentes nos mais variados gêneros experimentais, desde plunderphonics e sound collage até drone, que é onde o 25,000 kittens, lançado em 2014, se encaixa. esse EP tem duas faixas, e cada uma é um tributo do artista aos seus dois gatos já falecidos. a primeira faixa se chama Boo (1995-2011) e a segunda é entitulada Hanakichi (2012-2013). eu não sei falar muito bem sobre música experimental, mas esse é um trabalho super emotivo & sincero. samples de caixas de músicas, sinos dos ventos e miados se misturam às repetições de notas criando uma atmosfera bem aconchegante. é um lindo tributo e eu queria muito saber se um gato reagiria bem a esse tipo de música. escute já se você gosta de gatos ou de depressão
não é um quirky Earthbound-inspired indie RPG
a demo de Tynk! and the Final Phonorecord
rápido, comprem ações de Tynk! and the Final Phonorecord imediatamente! o novo Undertale já está entre nós e é questão de tempo até que toda a internet fique obcecada com esse jogo até eventualmente se cansar dele e, daqui alguns anos, conseguir admitir que ele realmente era ótimo. eu joguei a demo de Tynk! essa semana e foi uma das experiências mais inesperadas que eu tive com um videogame em muito tempo. quando eu joguei Kirby, eu já esperava uma bolinha rosa pulando. quando eu joguei Tynk!, eu não esperava ████████████████
é muito difícil falar sobre essa demo sem soltar spoilers que vão estragar a sua experiência, então o que eu vou pedir no momento é que você jogue isso agora mesmo. ela está de graça no itch.io (obviamente, já que é uma demo) e dura pouco menos de uma hora. não tenta procurar nada sobre o jogo, só vai e joga.
ok, vou falar um pouco sobre o jogo. a primeira metade da demo é fofíssima! Tynk Nimbus, a protagonista, é uma catgirl (mais cat do que girl) que sonha em ser uma cantora de sucesso. ela terminou de gravar o seu novo álbum e agora quer mostrar ele pra TODO mundo em busca de reconhecimento & fama. ao menos nessa demo, não tem muito combate, e o gameplay consiste mais em puzzles no overworld. só que a melhor parte do jogo é mesmo o charme de absolutamente tudo. alguns dos personagens mais legais que eu já vi na vida estão nesse game, de gambá com piercing no nariz até cachorro turista, passando por… um nabo? eu acho que isso é um nabo. os diálogos são super engraçados e tem vários minigames integrados à história, um mais que fofo que o outro. é um game cheio de personalidade que eu descreveria como um wholesome game, por mais que eu não goste desse termo
já a segunda metade da demo, puta que pariu.
considerações finais
esse gato não para de entrar na nossa casa
eu destruirei vocês #21: é impossível interagir com esses gatos
finalmente representatividade furry no mercado de doces
adorei a edição eu destrurei todos os gatos da newsletter e adorei vc falando de drone que é uma das minhas coisas favoritas na música