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eu destruirei vocês #27: girando uma roleta metafórica
um novo quadro, o RPG mais básico da história, os piores escudos de futebol do Brasil, ringtones do Motorola V3 e gato gamer
eu não sei qual parte do meu subsconsciente eu posso culpar por isso, mas eu sou muito fã de listas. eu amo fazer listas de qualquer coisa: tarefas, músicas, dívidas com agiota, etc. há uns anos, por exemplo, eu preeenchi um caderninho inteiro com álbuns de música que eu queria escutar, e tudo bem que não era um caderno Tilibra de 10 matérias, era um daqueles pequeninhos com umas 100 páginas, mas pô. completar um caderno inteiro é digno de nota, né. nem o Albert Einstein já conseguiu terminar um desses, e olha que ele repetiu de ano na escola umas 20 vezes pelo que eu vi no Instagram. enfim, eu amo listar coisas para fazer no futuro, mas é engraçado que eu… não faço essas coisas. quantos álbuns eu escutei daquele caderninho que eu completei? no máximo uns 50, por aí. e tinha mais de 3000 discos naquela coisa. quantos filmes eu assisti desde 2014, o ano em que eu criei minha conta no Letterboxd? exatamente 72. quantos estão na minha lista de filmes pra assistir? 994. vocês me respeitem que eu sou completamente doida
é pensando nessa minha grave falha de caráter que eu inventei um novo quadro para essa newsletter. se chama Lata Velha, e toda semana eu vou reformar um carr- é mentira. na verdade, se chama Roletterboxd, uma junção das palavras rola + Letterboxd. desculpa, errei, é roleta. toda semana, eu vou girar uma roleta metafórica usando o site Watchlist Picker, que escolhe aleatoriamente um filme da minha watchlist, e então eu assisto e analiso a película que for escolhida. serão pelo menos 988 semanas desse novo quadro aqui na newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔, a não ser que eu perca o interesse nele em tipo duas semanas, mas eu aviso vocês se isso acontecer. e eu não sei se eu vou fazer esse quadro toda semana também. eu não sei absolutamente nada. enfim, fiquem agora com o quadro em si! e se você não gostou do nome Roletterboxd, só tenho uma coisa pra te dizer: dsclp :-(
o filme Dublê de Anjo (2006)
esses dias eu decidi, por livre e espontânea vontade e exercendo o meu poder de escolha, assistir a película Dublê de Anjo (2006, título original The Fall1). e por mais que o título brasileiro faça parecer que esse é um filme da Xuxa do começo dos anos 1990, ele está longe disso. ao menos eu não vi a Xuxa em nenhum momento do filme. estrelando o gostoso do Lee Pace e dirigido por Tarsem, um homem tão incrível que só usa o primeiro nome nos créditos das suas produções, Dublê de Anjo é uma história dentro de uma história. tem camadas esse negócio. o filme se passa em 1915 e conta a amizade entre uma menina com um braço quebrado e um dublê (o Lee Pace) que sofreu um acidente enquanto gravava cenas pro seu primeiro filme. e ao mesmo tempo, esse dublê também conta uma incrível fábula pra menina sobre cinco heróis que querem se vingar de um tal Governador Odious, que fez algo terrível contra cada um deles. é um pouco parecido com Peixe Grande, aquele filme do Tim Burton que difere totalmente diferente do resto da filmografia dele ao ser bom
Dublê de Anjo é um dos filmes mais SBT que eu já vi na vida, e eu nem sei explicar essa frase direito. tudo que eu sei é que ele caberia perfeitamente na Tela de Sucessos numa noite de sexta-feira. ele tem uma vibe muito gostosinha, sabe, é um filme bem confortável, mesmo praticamente todo o elenco principal sendo assassinado dos modos mais brutais ao longo da história. é meio que um filme do Zorro se o Zorro fosse interessante, divertido ou legal. ou então um game da série Prince of Persia lançado pra GameCube em 2003. uma coisa que me impressionou muito foram os cenários desse filme, praticamente todas as cenas de aventura se passam nos lugares mais lindos que eu já vi, umas paisagens meio surrealistas que eu não necessariamente gostaria de morar, mas eu adoraria visitar. descobrir que o diretor desse filme também dirigiu o clipe de 911 da Lady Gaga fez muito sentido
algo que eu amei & achei demais também foram os rumos que a história toma por causa do modo que ela é contada no filme. tipo, a menina para quem o personagem do Lee Pace conta a fábula interfere na história com frequência, o que invariavelmente deixa ela com um ar mais mágico, porque crianças são super criativas mas também sabem pouco sobre estrutura de roteiros. em determinado momento do filme, spoilers, a própria menina se coloca na história que o Lee Pace está contando, e mistura a vida dela com a ficção. é tudo super interessante e esse filme tem tudo que uma boa película deve ter: um macaco que ajuda os heróis em sua jornada, um plot twist em que o protagonista come uma casada, o Charles Darwin morrendo assassinado e cena de chorar. todo filme tem que ter cena de chorar.
se eu chorei com Dublê de Anjo? bom. não é tão triste quando Viva: A Vida É uma Festa e nenhum cachorro morre no filme. mas dá pra ter um quadro depressivo sim
um herói luta contra monstros para ficar mais forte
o RPG Franken, criado pela splendidland
ok, chegou a minha hora favorita: a hora do contexto. Franken é um RPG desenvolvido e criado pela splendidland, uma das pessoas mais engraçadas da internet e que eu acompanho há… meu pai do céu, quase uma década já. ela já fez praticamente de tudo na internet: desenvolveu o clássico Megaman Sprite Game, um RPG hilário baseado em Megaman, criou a icônica atração Mickey’s Dick Smasher, fez várias animações estilosas inspiradas por animes gundam dos anos 1970 e também é a responsável por Apple Quest Monsters DX, um e-book em forma de pokédex que mostra vários personagens criados por ela. e esse talvez seja o ponto forte dela, o design de personagens. inclusive, se você é um nerd e jogou o segundo capítulo de Deltarune, você viu alguns dos personagens dela no game! sério, eu acho tudo que ela desenha incrível. as cores, as formas, tudo é maravilhoso. meu personagem favorito dela provavelmente é o Three Man, uma criatura mágica que possui habilidades matemáticas e consegue se transformar no número mais alto que ela conhece. no caso, o número três
Franken foi lançado semana passada de graça no itch.io, tem mais ou menos uma hora de duração e é um RPG no sentido mais básico da palavra. isso pode ser visto já no slogan do jogo
Em "FRANKEN", um herói luta contra monstros para ficar mais forte e poder salvar o mundo.
é o estereótipo de um RPG elevado à enésima potência, e essa ideia de brincar com as tradições do gênero não é nada nova, já foi feita um trilhão de vezes, mas em Franken ela é executada do jeito mais engraçado possível. o sistema de batalha, por exemplo, só tem o necessário: um botão de ataque. é tipo o jeito que eu jogava Pokémon quando era criança. não tem como se defender, não existem itens, não existe a opção de fugir da batalha. e a cada inimigo que você derrota o seu personagem sobe 1 level. não importa se você derrotou o chefe de um calabouço ou uma gosma aleatória que você encontra perto da cidade inicial, todos são iguais perante o game design. o vilão destrói uma vila inteira do nada só para mostrar seu poder e o protagonista encontra um aliado no meio do caminho que morre quase que imediatamente. é um RPG de 40 horas condensado em uma experiência de 1 hora
Franken é um game engraçadíssimo e é de graça, então não tem motivo nenhum pra não jogar. ah, e o final é belíssimo e emocionante. não quero dar spoilers, mas é super surpreendente. superendente
a fábula do Coritiba vermelho
os piores escudos de futebol do Brasil
hello Moto
a coletânea MOTORMXR: Motorola Razr V3 Remixed
uau, o Motorola V3 realmente era um celular, né. mesmo tendo sido lançado em 2004, quase 20 anos atrás2, ele tinha vários recursos que não existem nos celulares hoje em dia, como uma divertida mini-tela na frente que não mostrava nada de útil, a possibilidade de baixar os piores jogos do mundo e a melhor parte: não tinha como acessar redes sociais. mas o mais legal, claro, eram os ringtones. era um clássico atrás do outro, uma diversidade de sons e ritmos que nenhum aparelho celular já chegou perto. toma essa, iPhone! o que falar, por exemplo, de Latin Loops, um dos maiores feitos da música latina de todos os tempos e melhor que toda a discografia do Caetano Veloso? de Spooky, uma música mais assustadora que Lake Mungo? ou Exotic, que nem é tão exótica assim se tu parar pra ver? foi pensando nisso que um grupo de artistas decidiu remixar esses ringtones e lançar uma coletânea de 34 faixas com novas versões desses clássicos. quer dizer, não sei se foi pensando nisso, né. podem ter pensado em outra coisa também
o nome dessa coletênea, como você já deve ter visto no sub-título, é MOTORMXR: Motorola Razr V3 Remixed. e ela é magnífica. esses mais de 33 remixes transformam totalmente os ringtones, que antes tinham tipo 20 segundos, em músicas completas, cheias de samples e nos mais variados estilos. vários desses remixes incorporam vocais, normalmente de algum house ou disco antigo, criando faixas que seriam perfeitas para uma balada nostálgica dos anos 2000, como Moto (disctr4k 2-Step Remix) e Digital Signal (disctr4k & fusoxide Remix). mas a coletânea tem uma diversidade enorme de gêneros também: Fluid (Rough Mix) é um jungle com uma batida ultra rápida, Fashion / Systems Go é um ambient house que daria pra botar numa playlist de lo-fi beats e tem várias faixas que caberiam perfeitamente na trilha sonora de um Dance Dance Revolution, tipo Hyperactive (Bkode Rave Flip) e Motion (disctr4k & Bkode Flip). no meio da coletânea tem também uma faixa de vaporwave broken transmission totalmente inesperada, T e l e s h o p p i n g @ A T & T, que me surpreendeu pacas. esse é um álbum muito conceito. é a pura nostalgia de estar jogando um Block Breaker Deluxe enquanto espera no dentista. na televisão, está passando o Vídeo Show, e logo em seguida, uma reprise de Terra Nostra no Vale A Pena Ver de Novo. na sua frente, algumas edições da revista Caras de dois anos atrás. tudo está bem
o chato é que a melhor faixa da coletânea, Source (CW) Remix, um épico do house de 8 minutos de duração que facilmente mataria um órfão dos anos 1890 se ele escutasse, não está disponível na versão online. você vai ter que comprar o álbum no Bandcamp pra conseguir ouvir ela. se vale a pena? bom, o álbum custa 3 libras esterlinas, o que deve ser uns 791 reais, então sei lá. compra um pacote de 5kg de arroz com esse dinheiro
o único tipo bom de advogato
a série de curtas Miau
outro dia, eu e a Bruna estávamos assistindo o Cartoon Network (uma coisa que a gente nunca faz) quando algo misterioso começou a passar: animações ultra minimalistas estrelando gatos intercaladas entre segmentos com gatos de verdade sendo dublados. e aquilo era a coisa mais engraçada do mundo. foram 11 minutos de deliciosas gargalhadas e confusão mental até descobrirmos, nos créditos, o que era aquilo: é Miau, uma série de curtas do cartunista argentino Alexis Moyano!
Miau é uma das obras mais humor de internet que eu já vi passando na televisão, tanto que o segundo curta da série começa com um gato de óculos pixel repetidamente usando a frase lide com isso até que um idoso reclama que “esse meme é muito velho”. tem segmentos fazendo piada com sitcoms antigas, advogatos e um gato escovando os dentes, sem contar que as dublagens de gatos reais são surpreendemente engraçadas e fofas, o que eu jamais esperaria, considerando que dublagem de animais é uma das piores formas de humor que existem, perdendo apenas pras paródias musicais e concursos de Escreva uma legenda pra essa foto! basicamente, essas seções são uma versão bem-escrita daquele horroroso quadro dos bichos falantes do É De Casa. eu amei Miau e recomiando miauito. desculpa por isso. ah, e tem uma versão com cachorros chamada Auau também, caso você seja do outro time
o que eu quero agora é que façam algo parecido no Brasil, porque o que mais tem aqui é cartunista incrível. eu preciso que o Cartoon Network dê 10 minutos e orçamento ilimitado pro Silva João fazer qualquer coisa
não confundir com A Queda, de Gloria Groove
puta merda
eu destruirei vocês #27: girando uma roleta metafórica
a melhor de todas!!!