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eu destruirei vocês #38: que saudade de comer terra
4 reais um pacote de figurinha, Snickers, fase de basquete no Smash Bros., músicas solo dos Beatles, Criciúma x Caravaggio e 500 inscritos
ah, o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. ah. esse último ah foi de sofrimento. o lançamento do álbum da Copa, pra mim, é mais importante que a Copa do Mundo em si. assim que são confirmados os 32 países participantes, eu já abro o site da Panini e fico dando F5 o dia inteiro esperando o anunciarem, que nem um fã do BTS tentando comprar ingresso pra um show deles. é um verdadeiro evento, é um sinal de que a Copa está pra vir, e mais importante, é um vício. cigarro? poker? apostas online num site chamado BolaBetFutebol999? nada disso. eu quero é o álbum da copa. é o meu gacha. pra que Genshin Impact se eu posso abrir 73 pacotinhos de figurinhas a procura do lateral-esquerdo da Tunísia?
eu completei todos os álbuns de Copa desde 2002, que foi exatamente o ano que eu comecei a gostar de verdade de futebol. antes eu só gostava de mentira. eu tinha seis anos de idade, colava as figurinhas tudo errado e hoje em dia esse álbum não existe mais, porque eu era uma criança burra que não cuidava das coisas. eu não pensava que o meu eu do futuro também gostaria de figurinha de futebol. quando se é criança, o único futuro que você pensa é qual vai ser o desenho que vai passar no Cartoon Network daqui a meia hora. Jacó Dois-Dois é um saco, eu quero ver A Vaca e o Frango
mas os álbuns de 2006, 2010, 2014 e 2018 eu tenho até hoje, bem guardadinhos lá em casa, enrolados em um saco plástico pra eles não fugirem. eles literalmente são alguns dos bens materiais mais preciosos que eu tenho, e é por isso que dói tanto dizer que eu não estou com vontade de fazer o álbum da Copa desse ano
e é por um motivo bem simples. é aquele negócio, sabe. tomar no cu. 4 conto um pacotinho. a inflação nos últimos 4 anos foi de 100% e eu não fiquei sabendo? esqueceram de me contar? são 670 figurinhas no álbum, então, fazendo uns cálculos aqui, se você fosse completar o album, gastaria no mínimo dinheiro pra caralho. algo entre R$999 e R$999999999
o pacotinho com 5 figurinhas, igual ao desse ano, custava dois reais em 2018, e isso já era um preço absurdo na época, eu lembro que comprava os pacotes e imediatamente já batia o arrependimento. o mesmo arrependimento que acomete quem compra 50 loot boxes no League of Legends esperando conseguir skin do… nossa, eu não sei o nome de nenhum personagem de LoL. calma. deixa eu procurar. hm… esperando conseguir skin do Amumu
se em 2018 eu fosse na banca de revistas com 50 reais, eu conseguiria comprar 25 pacotinhos. se eu for em 2022, não vou encontrar banca porque não existe mais nenhuma no mundo, e vou ter que comprar 12 pacotinhos pelo site da Panini. mais o frete. 12 pacotinhos por 50 reais é a parte mais deprimente, mas o que te quebra mesmo emocionalmente é o frete
brevidade
os novos sabores de Snickers
o de caramelo & bacon é bom
o de mousse de maracujá é OK
o de coco é bom também
Conker lutando contra o piano do Mario 64 numa quadra de basquete
o rom hack Smash Remix, para Super Smash Bros.
um interesse que eu tinha quando era criança e meio que passei a ignorar nos anos subsequentes era comer terra. e também mods de games, modificações que te permitem adicionar qualquer coisa em um jogo. o meu passatampo favorito quando eu tinha onze anos de idade era entrar no blog da comunidade do orkut de GTA: San Andreas e ficar instalando todos os mods que adicionavam Fuscas, Brasílias e camisas de time de futebol no jogo. você quer o CJ usando a camisa do Vasco? tá na mão. o único limite é a sua imaginação, cara. vai fundo.
e tinha os mods de Super Smash Bros. Brawl também. antes de Project M ser lançado e mudar o mundo, o máximo que existia em termos de mods para o jogo eram skins para personagens que só mudavam a aparência deles. você encontrava essas skins em sites como o Brawl Vault, que até hoje está no ar, só não muito bem de saúde. tinha mais skins que colocavam o Homer Simpson no lugar do Wario do que existem grãos de areia no planeta
depois de uns dez anos longe desse universo, eu ultimamente venho dando uma olhada com mais carinho pra mods de jogos que eu gosto, principalmente porque eles estão muito avançados hoje em dia. vocês já viram o que anda acontecendo na cena de Super Mario 64? não dou um ano pra eles conseguirem recriar completamente The Witcher 3 e rodar em um Nintendo 64 original. enfim. eu joguei Smash Remix essa semana e é uma coisa de louco esse negócio
esse é um mod pro Super Smash Bros. original, de Nintendo 64, que meio que transforma totalmente o jogo. em todos os quesitos. primeiro que ele adiciona uma camaçada de personagens novos que só apareceram nas outras edições do jogo, tipo Wario, Sonic, Marth e Lucas — não o da Fresno, o do Mother 3. e todos eles tem renders e modelos novos que capturam perfeitamente o estilo gráfico do jogo: todos eles combinam com Smash 64, sabe? e eles também colocaram uma skin do piano do Super Mario 64 por cima do Luigi
fora a quantidade de fases que esse mod tem. são quantas no jogo original, umas oito? nesse mod tem umas sessenta, no mínimo. não contei exatamente quantas são, mas tem facilmente mais de oito. eles recriaram boa parte das fases do Melee e do Brawl e também adicionaram vários novas inspiradas por jogos de Nintendo 64 e Game Boy, tipo a Kitchen Island do Wario Land original, Goomba Road do Paper Mario ou a que mais me chocou, Dragon King. essa só quem sabe sabe
mas como é o gameplay do jogo? ah. sei lá. nem joguei muito. só achei legal que tem um monte de coisa nova. pra mim, a estética sempre é mais importante que o conteúdo
i NEED a. temporary. secretary.
as melhores músicas solo de cada beatle
The Beatles: A banda mais polêmica do mundo. isso não necessariamente é verdade, mas é uma frase que alguém provavelmente já disse em algum ponto da história. pra mim é bem claro que existem três fases que toda pessoa no mundo já passou: até os 14 anos de idade, por aí, todo mundo é fã de Beatles. dos 14 aos 20, mais ou menos, você odeia eles performativamente: tu diz que odeia Beatles para ser aceito no seu grupo de amigos. a partir dos 21, você repensa todas as suas atitudes e chega à conclusão que sim, Beatles é bom mesmo. mas não tão bom quanto Beach Boys
eles são ótimos, o Abbey Road é o melhor disco, And Your Bird Can Sing é a melhor música deles, o Sgt. Pepper’s é um álbum péssimo, isso todo mundo sabe, mas as carreiras solos deles são um pouquinho ignoradas. só um pouquinho também, já todo mundo sabe que Imagine existe. infelizmente.
mas eles lançaram muita coisa boa depois da separação! todos pensam até hoje nossa, imagina quanta música incrível teríamos se os Beatles não tivessem se separado, mas vocês tem que entender que um quadrisal só de homens era revolucionário demais para os padrões dos anos 60. o mundo não estava preparado pra isso
mas qual a minha música favorita de cada um dos Beatles? eu… eu não sei. por que você tá me perguntando isso? como você entrou na minha casa? ah meu deus estou sendo sugada para um universo onde eu sou obrigada a dar minha opinião sobre as carreiras solos dos beatles ahhhhhhh socorroooooooooo
Paul McCartney
Coming Up é muito foda. não tem outra palavra pra descrever ela. é a primeira faixa do McCartney II, que talvez não seja o melhor álbum do Paul, mas é o mais legal dele, cheio de sintetizadores, experimentalismos e músicas sobre o bicho-papão. Coming Up é o mais próximo que o Paul já chegou de Talking Heads, e foi bem perto mesmo, era mais uns cinco centímetros e ele tinha virado o David Byrne. é uma faixa com uma groove incrível, meio hipnótica, que quase não muda durante seus 3 minutos e 55 segundos, e um clipe melhor ainda. é a música perfeita para ouvir em loop por três horas. e existe uma versão com quase seis minutos de duração também. director’s cut
menções honrosas: todo o McCartney II, na verdade. Check My Machine, Temporary Secretary, aquele negócio todo. The Back Seat of My Car é tipo um milagre em 4 minutos e meio, The Song We Were Singing é fenomenal e New é a melhor música dos Beatles pré-Rubber Soul que ele escreveu desde 1965
George Harrison
ah, o George Harrison, o beatle favorito de todo adolescente que quer parecer mais legal e mais culto do que seus semelhantes. que Paul e John o que, bom mesmo era o George, exclama o jovem com a mesma confiança de quem acredita que o Neymar não joga nada e quem vai deslanchar de verdade na Europa vai ser o Ganso. tendo dito isso, eu amo o George. algumas das melhores músicas dos Beatles foram escritas por ele, só que eu nunca explorei muito a fundo a carreira solo dele. eu só sei que What is Life é uma das canções de rock mais bombásticas e felizes que existem. eu não sei se a letra é necessariamante feliz, nunca prestei atenção nela, mas tem uma sonoridade que emana alegria. parece até uma música dos Beatles!
menções honrosas: My Sweet Lord, que todo mundo conhece, e When We Was Fab, que quase todo mundo conhece
John Lennon
quanto mais eu envelheço, mais eu gosto das músicas do John, então é possível que quando eu tenha uns 60 anos de idade ele vire o meu beatle favorito. tudo bem que ele trouxe ao mundo atrocidades como Imagine e a chatíssima Tomorrow Never Knows *tranca a porta do carro pra vocês não fugirem* mas a proporção de músicas boas pra ruins dele é bem alta, e Watching the Wheels é a minha favorita de todas. essa eu descobri assistindo a MTV Brasil numa tarde ensolarada de 2009 e ela nunca mais saiu da cabeça. as músicas do John nessa era tinham uma aura muito específica de quase soft rock que seria super brega se tivessem saído de qualquer outra pessoa, mas saiu dele então foram boas
menções honrosas: Instant Karma! (We All Shine On), que eu milagrosamente nunca tinha ouvido até escutar o cover do Jack Antonoff na trilha sonora de Minions 2: A Origem de Gru. Mother é liiiinda linda linda também. Real Love conta como música solo?
Pete Best
dono da carreira solo menos prolífica entre os ex-Beatles, o Pete Best quase sempre fica fora das discussões de quem era o melhor compositor da banda, e na minha opinião, isso é bem injusto! Gone, lançado em 2008 no álbum Haymans Green, é só um exemplo da capacidade dele de criar algo mágico. uma canção pop rock anos 60 que caberia perfeitamente em qualquer álbum dos Beatles da época, essa é uma música extremamente 1966. uma pena que a banda nunca deu chances dele mostrar o seu talento compondo, preferindo usar até mesmo músicas do estagiário Ringo Starr em alguns álbuns ao invés de apreciar o trabalho de quem já estava no grupo
perdendo para o Nação Esportes em casa
o Criciúma na Série B do Catarinense
mais de um ano depois do ocorrido e eu ainda acho extremamente engraçado pensar que o Criciúma Esporte Clube foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Catarinense. o maior time do estado terminando na penúltima posição em uma competição que tinha Próspera, Concórdia e Juventus de Jaraguá. talvez por isso eu não tenha ficado tão triste assim quando isso aconteceu, no começo do ano passado: eu já sabia que ia ser uma experiência única pro clube e também pra torcida, algo que levariamos pro resto de nossas vidas. e realmente, as partidas contra times como Atlético Catarinense e Carlos Renaux são algo que eu vou levar pra sempre na memória
é como se fosse um mundo novo, sabe. uma porta se abrindo para um universo que não tinhamos familiaridade. partidas em Indaial num estádio chamado Ervin Blaese, tomar gol de um jogador chamado Wildemberg, perder para o Nação Esportes em casa, é tudo novidade pro torcedor do Criciúma. eu não considero uma humilhação, porque a humilhação verdadeira foi o rebaixamento ano passado, mas… é engraçado, né. é muito engraçado
e como os outros times da competição não aceitaram a sugestão do Criciúma de jogar o campeonato no começo do ano, nós estamos tendo que jogar a Série B do Brasileiro junto com a Série do Catarinense. são dois campeonatos ao mesmo tempo. se você é um torcedor que gosta muito de assistir os jogos e não consegue segurar a ansiedade com uma partida só por semana, esse é um prato cheio. e é legal porque tem vezes que eu não estou fazendo nada em casa, abro o celular e descubro que o Criciúma tá jogando contra o Guarani de Palhoça. nos próximos seis dias, por exemplo, o Criciúma vai jogar quatro partidas de futebol profissional, duas pelo Brasileiro e mais duas pelo Catarinense. na minha opinião de não-médica, eu considero lucro se os jogadores chegarem semana que vem ainda com pernas
mas talvez a maior atração desse Catarinense A2 seja a presença do Caravaggio, um time da cidade de Nova Veneza que existe há uns 50 anos como time amador, tem uma torcida grande e só agora se profissionalizou. em toda fase ruim do Criciúma durante toda a sua história, uma das piadas mais recorrentes era que, se continuasse daquele jeito, em breve o time estaria jogando contra o Caravaggio na LARM, o campeonato de futebol amador do sul catarinense. e bom, a piada se tornou realidade. essa partida realmente aconteceu.
e terminou empatada em 1 a 1.
considerações finais
meu Deus do céu, a newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 chegou nos 500 inscritos. no momento em que eu estou escrevendo isso, 501, na verdade. e eu vou tentar falar sério pelo menos uma vez na vida: caralho. eu já tive alguns projetos criativos antes, e a newsletter não é o primeiro que eu tento levar a sério, mas é o primeiro em muito tempo que eu não desisti em tipo… dois meses. e isso é uma vitória gigantesca pra mim
a partir de 2015, eu desenvolvi um TOC horroroso e péssimo que praticamente me impossibilitou de trabalhar em qualquer projeto criativo mais sério. agora eu estou melhor, mas foram seis anos inteiros em que o máximo que eu conseguia produzir era um vídeo pro meu canal a cada seis meses, e às vezes tinha um hiato de três anos no meio disso. quando eu me curei disso no meio do ano passado, eu comecei quase que imediatamente a escrever roteiros novos pro meu canal, seguindo uma linha meio video essay. vídeos de meia hora sobre a carreira do Marcos Mion na MTV Brasil, esse tipo de coisa. eu nem sabia quando eu ia gravar esses roteiros, mas sentar e escrever eles, conseguir criar depois de tanto tempo foi um negócio incrível, e eu me divertia muito só escrevendo eles. eu tenho até hoje uns dez roteiros prontos aqui que eu não faço ideia se um dia virarão algum vídeo mesmo, mas eles existem. e foram um exercício criativo perfeito
a ideia pra newsletter veio num período em que eu já tinha vários roteiros prontos mas pouquíssima vontade de gravar qualquer um deles. o Danilo Doc Lee, que eu sigo no Twitter, de vez em quando postava sobre a newsletter dele lá e eu fiquei super interessada no formato, parecia algo que eu ia curtir muito porque 1. só precisava escrever, não precisava gravar nada, e 2. eu posso falar de um monte de coisa diferente toda semana, então as chances de eu eventualmente cansar do negócio eram um pouco menores. enfim, aí eu comecei a escrever a newsletter toda semana. e agora, oito meses depois, ela chegou nos 500 inscritos. tem 500 pessoas diferentes que escolheram ler toda semana o que eu escrevo e eu acho isso muito foda. e a newsletter também é uma prova, pra mim mesma, de que eu consigo produzir algo com qualidade e, mais importante, regularidade. assiduidade. essa palavra existe? não sei!
basicamente, eu consigo fazer qualquer coisa e sou indestrutível. e um dia eu vou mostrar pra vocês o vídeo que eu escrevi sobre a lost media do episódio piloto de um CQC gravado nos Estados Unidos
eu destruirei vocês #38: que saudade de comer terra
Eu gostava de Cyberchase, mas não me lembrava de Jacó Dois-Dois. A Vaca e o Frango: ótimo. E sim, eu era o cara que dizia que o Ganso ia virar mais jogador
Isa, foi a primeira news sua que recebi - talvez eu tenha sido a inscrita 501. mas só queria dizer que NEWS INCRIVEL e que soltei varios arzinhos com nariz.