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eu destruirei vocês #47: a festa da democracia
contos da terceira via, o candidato secreto, decisões repensadas, Lula 13, Giovana Mondardo 6565 e... Weezer?
há quatro dias das eleições, voltam à minha mente algumas lembranças desse ciclo eleitoral aloprado que durou quatro anos mas parece ter durado uns quatro e meio. e nesse mar de reminiscências, um pensamento sobe à superfície: lembra quando tentaram emplacar o Danilo Gentili como candidato a presidente?
principalmente depois que o Lula se tornou elegível de novo, começou um papo meio estranho na mídia sobre a necessidade de uma terceira via na política nacional, um outro caminho para acabar com essa polarização entre dois opostos do espectro político — a extrema-direita com Bolsonaro e o centro com Lula. precisávamos de uma terceira via que estivesse exatamente no meio desses dois — ou seja, na direita
era só olhar o naipe dos possíveis candidatos que políticos, partidos e colunistas políticos de alto clero tentaram emplacar como uma possível alternativa nessas eleições. o Luiz Henrique Mandetta era ministro do Bolsonaro, o Sérgio Moro era ministro do Bolsonaro — e burro como uma porta, o João Dória pautou toda sua eleição pra governador em 2018 no tal Bolsodória e houve até uma época em que estavam cogitando o excelentíssimo senhor Hamilton Mourão, o vice-presidente da república, pra ser uma terceira via. isso aconteceu mesmo. seria tipo o Haddad sair candidato pra presidente esse ano contra o Lula
mas um nome, ao menos pra mim, foi muito especial nessa caminhada: presidente Luciano Huck. um delírio coletivo que durou muito mais do que deveria — muito pela insistência do Huck de só responder a pergunta “você vai ser candidato a presidente?” com o máximo possível de lero-lero. o jornalista perguntava isso pra ele e o cara começava a escrever uma redação nível ensino médio sobre a situação política no país. “vivemos num Brasil cada vez mais polarizado, e por isso precisamos qu-” ahhhh pelo amor de deus luciano huck vai catar coquinho. com todo respeito
e tudo isso pra que? pra depois de muita chantagem, brigas políticas — não só nos bastidores como também públicas, várias carreiras sendo destruídas e uns quinze pré-candidatos diferentes, chegarmos nesse dia 2 e, ao final das apurações, a candidata Simone Tebet ter 4,79% dos votos. talvez a verdadeira terceira via tenha sido feito os amigos que fizemos pelo caminho
100 anos em 5
o candidato a presidente mais misterioso da história do Brasil
em toda a história da política brasileira, já existiu… calma, deixa eu contar… um monte de partidos. e alguns são famosos, conhecidíssimos, convivemos com eles desde sempre, mas outros são mais… obscuros, misteriosos e potencialmente nefastos. você saberia me dizer qual a ideologia do Cidadania, por exemplo? não saberia. nem quem é filiado ao partido deve saber. o que pensa um Solidariedade, um Avante da vida? ninguém sabe. o que é um PROS? para com isso, Isabela. agora você tá só inventando partido
eu sinto falta é de quando existiam partidos no Brasil com uma ideologia clara, concisa, que não deixava margens para dúvidas. é o caso do Partido do Povo, fundado em 1989 e extinto em… 1989. você bate a cara no nome e já sabe o que o partido é a favor: do povo. é um partido que quer o povo bem, ao contrário dos outros partidos que querem o mal de todo mundo
esse partido pode ter durado só alguns meses, mas ele lançou aquele que eu considero o candidato a presidente mais experimental, mais avant-garde da história do Brasil: PG, o candidato misterioso
nas primeiras semanas do horário político, o rosto do candidato simplesmente não aparecia nas propagandas. em um exemplo de clickbait eleitoral, o partido usava uma tática quasi-João Kléber para criar curiosidade no povo sobre quem era esse tal candidato PG, que faria o Brasil avançar “100 anos em 5” — esse cara tá em 2089 enquanto o resto de nós está em 1989. as propagandas dele pareciam um esquete do TV Pirata, um negócio que beirava o ridículo e era totalmente diferentes das outras propagandas políticas. completamente insano
entre as propostas dele, estavam a construção de uma ponte aérea ligando todo o litoral brasileiro e o rio Amazonas, uma rodovia ligando Xique-Xique-BA a Benjamim Constant-AM e uma nova divisão geopolítica do país, que eu não faço ideia qual seria — talvez ele pensava em adicionar distritos no novo patch do Brasil. ele planejava fazer também a maior reforma agrária da história, construindo 30 cidades agroindustriais pelo país e realocando para elas 30 milhões de pessoas. seria um potencial pesadelo logístico? sim, mas também seria muito engraçado
eventualmente, durante a campanha, o PG mostrou o rosto e ficou evidente que ele era só um cara normal chamado Paulo Gontijo, empresário de Minas Gerais. ele recebeu 198.719 votos e ficou em 14º lugar na eleição presidencial de 1989, na frente de Fernando Gabeira mas atrás do ex-ministro dos transportes Affonso Camargo Neto. não o conhece? eu também não
brilha a esperança
os melhores jingles das eleições de 2022
então, eu ia escrever essa seção, mas percebi que eu potencialmente estaria fazendo propaganda de candidatos meio merda, então desisti. mas saibam que eu tentei
um Eymael repaginado
analisando as logomarcas de todos os candidatos a presidente
bah, aí é foda também, né. eu é que não vou ficar mostrando o número do Bolsonaro ou do Luiz Felipe d'Avila por aí. eu sou burra mas nem tanto
vote no partido WZR, vote Rivers Cuomo 94
o álbum Weezer – SNZN: Autumn
depois de décadas de pesquisas utilizando as mais avançadas ferramentas que a humanidade tem a oferecer, cientistas finalmente conseguiram colocar um sintetizador nas músicas do Weezer. SNZN: Autumn é o terceiro na série de EPs temáticos de estações do ano que o grupo norte-americano Weezer vêm lançando nos últimos meses, sempre no exato dia em que uma nova estação começa — nos Estados Unidos, porque o máximo do hemisfério sul que existe para um estadunidense é a Austrália. e se for pra nos basear nesses EPs, o outono é uma das melhores estações do ano, muito melhor que Maladroit e Black Album
SNZN: Autumn tem um estilo diferente de tudo que o Weezer já lançou, mas ao mesmo tempo parece ser exatamente o que o Rivers Cuomo estava tentando fazer há pelo menos uns dez anos. o gênero transita entre o dance rock similar a The Killers ou um Hot Chip mais frenético, o synthpop meio Sparks e o power pop de sempre, uma mistura que surpreendentemente funciona
é um álbum com músicas dramáticas, quase teatrais, emo um pouco musicalmente mas principalmente em vibe. é música de halloween não no sentido de ser música que tocaria em um filme do Scooby-Doo, mas sim por ter uma sensação muito 31 de outubro
Get Off On The Pain, por exemplo, é uma das melhores do disco e tem exatamente essa vibe. eu super usaria essa música se ficasse encarregada da trilha sonora de um filme de terror besta estilo-Evil Dead, ela faria muito sentido nesse contexto. o refrão é perfeito assim como a de quase todas as canções no disco, só que essa é um pouco mais perfeita que as outras
Francesca é uma música altamente teatral com um quê de — por favor, isso é um elogio — primeiro álbum do Panic! at the Disco e outras bandas emo da época. eu consigo ouvir o Brendon Urie nos vocais dessa música, e em What Happens After You? eu consigo escutar o Gerard Way. é muito Na Na Na esse negócio
Tastes Like Pain tem uma estrutura super interessante — meio que sem refrão, além de uns violinos meio aleatórios jogados no meio da música e o mais próximo que o Rivers Cuomo já chegou de um gutural. ela teria encaixado super bem no SZNZ: Summer, assim como Should She Stay or Should She Go parece muito uma música do SZNZ: Spring. canções fora de temporada
Run, Raven, Run vem sendo a mais elogiada desse disco e é, faz sentido mesmo! é o mais próximo que o EP chega ao som do White Album — que eles não querem que você saiba, mas é o melhor do Weezer. vocês lembram que uns meses atrás eu falei de Pacific Sunset, uma demo super foda do Rivers que estava entre as mais de 3000 que ele lançou no site dele? o cara simplesmente usou essa demo nessa música. a vida faz sentido de novo
SZNZ: Autumn é de longe o melhor EP da série SZNZ até agora e eu coloco ele fácil em um top 10 de melhores discos do Weezer no geral. só não vou fazer um ranking completo dos meus álbuns favoritos deles aqui porque ia ficar longo demais e vocês dormiriam lendo essa edição
estes são os votos de Isabela Thomé
em quem eu vou votar nesse dia 2 de outubro?
como pessoa influente na sociedade catarinense, sinto que é meu dever abrir publicamente meus votos nas eleições desse domingo para que quem gosta do meu trabalho possa votar exatamente como eu. porque fã de verdade vota igual ao seu ídolo. seguem os números que eu apertarei na urna
presidente Lula 13
óbvio, né, porra.
governador Décio Lima 13
o candidato da Frente de esquerda que todos os partidos de esquerda em Santa Catarina fazem parte — exceto o PDT, por causa da existência de Ciro Gomes. e bom, eu quero votar no Décio, mas vou esperar as últimas pesquisas pra decidir se não faço um voto útil no ex-comandante Carlos Moisés
apertar um 10 na urna vai ser fisicamente doloroso, mas se for a única opção capaz de impedir Jorginho Mello governador, terá que ser feito
senador Afrânio Boppré 500
vai ser a terceira vez que voto no Afrânio pra algum cargo, mas a situação é parecida com a da eleição pra governador: se eu ver que o Dário Berger tem chances de chegar na frente, eu voto nele. não quero um Kennedy Nunes da vida senador por Santa Catarina
deputada federal Giovana Mondardo 6565
única vereadora de esquerda de Criciúma e também a única que peita o prefeito, eu sou muito mondarder. ela conseguiu aprovar 17 leis na Câmara de Criciúma em pouco mais de um ano de mandato e tem uma lista enorme de propostas no site dela — o que infelizmente é raridade nessas candidaturas pro legislativo
e como ela é a favor da juventude, das mulheres e dos gays, três coisas que eu sou, eu vou apertar 6565 com gosto
deputado estadual Professor Pedro Cabral 50123
votei nele pra senador em 2018 e vou votar de novo agora! só que pra deputado estadual. doutor em Educação pela USP, defende as minorias e tem propostas concretas, a melhor parte
considerações finais
o Brasil pode até ter sabores como Snickers de bacon e Trakinas de Bubbaloo, mas nunca chegaremos perto da insanidade que acontece nos Estados Unidos. os perigos do livre mercado


os amistosos da seleção brasileira essa semana serviram para provar duas coisas: que o hexa vem aí e que não faz sentido nenhum o Matheus Cunha ser convocado
obcecada com o game Save Room, que é um jogo totalmente baseado nos menus de Resident Evil 4. mas obcecada só conceitualmente, porque eu ainda não joguei

essa é a pesquisa mais engraçada das eleições de 2022
descobri que ia ser lançado um jogo do Bob Ross pra Wii e DS no meio dos anos 2000 mas ele foi cancelado por pessoas vis e impuras. eu tenho certeza que o jogo ia ser uma merda mas eu queria muito que isso tivesse existido
o usuário Vitor Justino simplesmente postou no YouTube os dois jogos completos da final da Copa do Brasil de 1991, que o Criciúma venceu em cima do Grêmio. o vídeo perfeito para comemorar o título da Série B do Catarinense que conquistamos quarta-feira passada!
só escrevendo essa frase eu percebi o quão deprimente ela é
eu destruirei vocês #47: a festa da democracia
Mais uma ótima edição, não lembrava/conhecia esse candidato secreto.
Votei no Spotify pq ando usando muito o leitor do Substack e o YouTube entra em autoplay.
sem o contexto eu diria que esse print do pg veio diretamente de um desses videos de analog horror