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eu destruirei vocês #54: fragmentos de uma internet morta
Copa do Mundo no domingo, uma fenda no espaço-tempo atrás do Angeloni, NANACA†CRASH!! e um doido de cabeça pra baixo
aquilo que a grande mídia nos alertou durante meses acabou mesmo se tornando realidade: faltam quatro dias pra Copa do Mundo e não tem nenhum clima de Copa no território brasileiro. os comentaristas da Globo News, Band News e canais adjacentes falavam que o combo eleições altamente estressantes + um torneio de futebol entre seleções seria insuportável, que ninguém teria pique pra isso e nós rimos deles. quem é que está rindo agora, hein? eu é que não estou. talvez isso só seja cansaço de ver a bandeira do Brasil
mas realmente, quem pensou nesse calendário? um dos dois entre o TSE ou a FIFA tinham que ter mudado as datas dos seus maiores eventos pra não rolar essa fadiga que a gente está passando. não tem como fazer Copa no Qatar em junho? faz em outro lugar. vai ter Copa logo depois das eleições? faz elas em junho e tira seis meses do mandato do Bolsonaro. literalmente é só fazer, ninguém ia reclamar. a última vez que dois eventos grandes aconteceram um atrás do outro foi quando Vida de Inseto e FormiguinhaZ saíram com um mês de diferença
mas o fato é que, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, ocorrerá no Oriente Médio um curioso fenômeno descrito por muitos como futebol. o favorito, na minha opinião, é obviamente o Brasil — mas isso é algo que eu falaria em qualquer Copa, mesmo se a nossa seleção tivesse Fred, Hulk e Jô no ataque. acreditar cegamente no Brasil em todo torneio é a característica maior de todo torcedor brasileiro — se não for pra ser pachequista, eu nem assisto a Copa
o ataque atual do Brasil, por exemplo, é um dos melhores que eu já vi em toda a minha vida e, dessa vez, com o adicional de ter um treinador que não é o Mano Menezes ou o Parreira — sim, houve uma época em que a seleção brasileira era comandada por uma planta trepadeira. temos um goleiro incrível, a defesa é sólida, os laterais existem e a última vez que eu tive tanta confiança assim numa seleção antes da Copa foi em… 2018. hm
só que tem um problema grande nisso tudo: o grupo do Brasil, com Sérvia, Suíça e Camarões, é um dos mais chatos de todos os tempos em uma Copa do Mundo. são todas seleções desinteressantes, sem grandes estrelas e que devem jogar um futebol burocrático — e eu falo isso usando como fonte apenas as vozes da minha cabeça. mas é um fato que todas elas são seleções antipáticas, né. não é um grupo carismático, alegre e cheio de vida como o nosso de 2010 que tinha Costa do Marfim e Coreia do Norte — Portugal também estava lá só que eles não contam
ah, esqueci de mencionar uma coisa. dia desses eu encontrei uma fenda no espaço-tempo atrás do Angeloni no centro de Criciúma e consegui ver como será o mundo daqui a exatamente 32 dias. eu poderia ter previsto a situação da guerra na Ucrânia ou anotado num caderninho todas as ações que subiram na bolsa nesse período, mas a primeira coisa que eu fiz foi pegar meu celular e abrir o globoesporte.com pra dar uma olhada na tabela da Copa. consegui tirar um print bem rapidinho e lhes apresento, com exclusividade, a classificação final da Copa do Mundo 2022
e se eu jogasse uma bomba em uma formiga?
jogos em flash antigos
é estranho pensar que uma das maiores formas de arte já criadas na humanidades simplesmente não existe mais: os jogos em flash. a destruição do Adobe Flash pela Microsoft em 31 de dezembro de 2020 foi uma das grandes queimas da Biblioteca de Alexandria já enfrentadas na internet, quase tão grave quanto a extinção do orkut — e nada disso que eu falei foi irônico, tá? a preservação digital é a minha paixão e qualquer coisa que vai contra essa prática tem que ser enfrentada e tratada com desprezo
é que assim, eu tenho muita nostalgia atrelada a essas obras em flash. praticamente todo mundo que foi criança nas décadas de 2000 e 2010 sente isso de um jeito ou outro, seja por causa das terríveis animações do Humortadela e do Charges.com.br ou pelos joguinhos que inundavam o Fliperama e o site do Iguinho. são fragmentos de uma internet mais democrática, que não existia apenas pra ser monetizada a todo momento — quem fazia um jogo em flash não queria dinheiro, só reconhecimento. e por isso que só as pessoas com o maior ego do mundo produziam conteúdo online nessa época
a maioria das crianças da minha idade se contentava com os games do Click Jogos, mas como vocês bem sabem, eu não era igual às outras crianças. eu lembro de descobrir muitos jogos em flash nas aulas de informática da escola, óbvio, mas também na icônica & perfeita comunidade do orkut Estúpidos Jogos em Flash, popularmente conhecida como EJEF. aquilo era a melhor coisa do mundo, meu pai. um monte de gente doida postando os games mais estranhos da internet, e sempre tinha algum jogo lá que se tornava meio que uma obsessão do pessoal por algumas semanas — e uma dessas… foi Powder Game
Powder Game não era um jogo, era uma experiência. literalmente. era um grande playground em que você podia misturar diferentes elementos da natureza, como água, pedra e C4, para criar umas obras de arte psicodélicas. basicamente era um aulão interativo de física que respondia várias questões que assolam a humanidade há décadas, como “e se eu jogasse uma bomba em uma formiga?”
eu nunca fui uma criança que curtia essas experiências mais ilimitadas, mas eu passava horas jogando isso nas minhas manhãs antes da escola. era muito poder, sabe? eu podia finalmente tacar um vírus em um pássaro sem me sentir mal. também era um negócio meio hipnótico, tipo quando você é criança e fica um tempão olhando um inseto vagar sem rumo pela grama. eu não duvido que existia alguma frequência sonora escondida no site do game que deixava os jovens que o jogavam enlouquecidos
agora, Free Rider, hein. não se fazem mais jogos como esse hoje em dia. ele é uma versão um pouco menos conhecida e muito mais legal de Line Rider, um jogo de sandbox em que você desenhava uma pista usando o mouse e colocava um boneco de neve num trenó pra percorrer ela. conceito super legal, teve até uma sequência pra Nintendo DS uns anos depois, mas… meio que você só assistia o carinha andar pelo percurso. em Free Rider não: você controlava seu hominho. isso muda tudo
eu vejo esse jogo como sendo um precursor daqueles games de celular super populares na metade dos anos 2010 do gênero carro desengonçado, onde você controlava um veículo por uma pista toda irregular e coletava moedinhas no caminho — Hill Climb Racing talvez seja o maior exponente dessa cepa de jogos. Free Rider é um jogo difícil, muitas vezes impossível de controlar e é a coisa mais satisfatória do mundo
e Dolphin Olympics 2 — nunca joguei o 1 — é facilmente um dos melhores games de golfinho de todos os tempos. Ecco the Dolphin não é ninguém perto desse atleta nato. esse era um game que eu lembro de jogar no Kongregate, um dos meus sites preferidos pra jogos em flash pelo fato dele ter conquistas que você podia desbloquear nos jogos que nem no Xbox 360 — aumente imediatamente seu gamer score completando 100 mil pontos em Burrito Bison
esse era um jogo ultra casual cujo objetivo, tal qual os clássicos da época do Atari, era apenas conseguir o maior número de pontos. nada mais puro do que isso. controlando um golfinho anônimo, você dava piruetas fora d’água e fazia os truques mais malucos possíveis — era basicamente Tony Hawk’s Pro Skater no mar e sem o Bob Burnquist. perder umas duas horas só jogando isso era uma experiência tão recorrente na minha adolescência quanto odiar quem eu era
NANACA†CRASH!! eu gostava porque tinha sangue.
considerações finais
pode parecer inacreditável — pelo menos pra mim ainda é — mas nesta segunda-feira, dia 14 de novembro, a newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 completou um ano de idade. a primeira edição foi horrível, não vão atrás dela. eu havia planejado uma edição especial inteira só comemorando essa data, mas a vida entrou no meio do caminho e meio que tive dificuldades pra escrever a edição dessa semana
eu só gostaria de agradecer muito todo mundo que lê, compartilha e gosta do que eu escrevo aqui. esse é o primeiro projeto criativo na vida que eu não desisti depois de uns 45 dias, e acho que esse é o motivo que dá tanto certo: a persistência. isso é o mais importante em tudo que se faz na vida, na verdade. desistir é uma merda
eu amo vocês e obrigada por tudo. esse foi um ano maravilhoso e que a 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 tenha vida longa!
inclusive, um dos motivos que eu não consegui escrever uma edição completa de aniversário foi porque demos uma festa no nosso After aqui em Criciúma. sim, toquei um set de DJ totalmente Summer Eletrohits. um muito obrigada a todo mundo que apareceu e que curtiu a festa! venham mais vezes ✨
e agora, em notícias completamente aleatórias: fiquei uns quinze minutos perambulando por esse site que mostra todos os times de futebol que já disputaram alguma edição do Campeonato Paulista
tem alguma coisa errada no meu cérebro que faz ele liberar serotonina quando eu leio o nome de algum time pequeno do interior de São Paulo que já disputou a quarta divisão do estadual. nada melhor do que ler um nome como União Iracemapolense
adorei essas artes que encontrei no Twitter de vários personagens cortados de Street Fighter III: 3rd Strike. meus favoritos são
homem nu com apenas uma folha cobrindo o pinto
um doido de cabeça pra baixo
homem de negócios da Faria Lima
dinossauro normal
descobri essa semana que lançaram recentemente um jogo de Garbage Pail Kids no estilo de games de NES e eu adorei esse conceito. uma franquia popular nos anos 80 que nunca teve um videogame finalmente ganhando um no estilo dos anos 80
é como se lançassem na Steam um jogo de plataforma 3D estilo PlayStation da Tiazinha
minha análise dos mascotes das Olimpíadas e Paralimpíadas de Paris 2024: uma merda. não confio neles. partiria pra cima se os visse na rua.
eu destruirei vocês #54: fragmentos de uma internet morta
Interessante o site com os times de futebol do paulistão. No entanto, há uma notória (para mim) exceção: o Porangabense FC. O time chegou até a quarta divisão do paulista sob o comando do Técnico Angelini (creio que nos anos 80, minha memória está falha), mas não chegou a disputar nenhuma partida. O técnico morreu antes do início do campeonato e o elenco foi desbandado para outros times. Como ele não chegou a jogar, a lista continua correta, afinal são times que participaram, mas agora você sabe o que se esconde nas brechas dos gramados da quarta divisão do paulista.