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eu destruirei vocês #66: nome em letras minúsculas
uma alternativa ao Twitter, músicas folk depressivas dos anos 60, jogos brasileiros e Cruzeiro Firefox
desde que a compra do Twitter por um vilão de desenho animado foi efetivada no ano passado, eu venho me sentindo cada vez mais desconfortável usando aquele site. mesmo sendo o meu lar na internet desde o longínquo ano de 2008, ele não é mais aquele site que eu aprendi a amar e ao mesmo tempo odiar — agora, ele serve apenas como brinquedo de um bilionário burro com uma legião de fãs que apoia tudo que seu grande líder mandar. o futuro da comunicação é isso, gente! e se for pensar um pouco, o passado também era assim. o presente é a mesma coisa também
mas enquanto esse homem não desiste de destruir um website e decide, sei lá, comprar um time de futebol que nem os outros bilionários fazem quando estão entediados, a vida continua. o Twitter ainda é uma forma imprescindível de divulgar o seu trabalho na internet porque todo mundo ainda está lá, assim como o Instagram, que vai começar com essa ideia proto-fascista de vender selo de verificado também, e vamos continuar sendo reféns de empresas multimilionárias pra todo o sempre — é possível boicotar a Meta e parar de usar o WhatsApp no Brasil em 2023? claro que não. isso é só um delírio, um sonho de uma noite de verão
mas algo que dá pra fazer é apoiar alternativas que não sejam tão maléficas, e é por isso que eu ando usando muito o cohost. quer dizer, não é só por causa disso, mas eu estou apaixonada por esse site
eu acho que o jeito mais fácil de descrever o cohost — adoro que o nome é em letras minúsculas — é que, na tentativa de criar uma alternativa para o Twitter, os criadores acabaram inventando um Tumblr melhorado. a maioria dos posts no cohost são mensagens curtas, com algumas poucas imagens, tal qual você veria no Twitter, mas existe uma infinidade de funções que coloca ele quilômetros a frente de qualquer outro new Twitter — é isso mesmo que você ouviu, Mastodon
pra começo de conversa, só uma dessas funções já colocaria ele na lista de melhores sites do mundo: eu posso escrever em itálico lá. agora me pergunta se qualquer outra rede social gigante me permite fazer isso? claro que não, e essa é uma função imprescindível pra minha comunicação via internet — ainda não aprendi a falar em itálico na vida real, mas sinto que um dia vou conseguir
“ah, mas e se eu quiser escrever em itálico e negrito, pode?” claro que pode. que pergunta besta. todas as funções principais de edição de texto estão lá — tem como colocar quote, fazer listas numeradas, hyperlinks com texto, cabeçalhos, tudo… mas isso é só o começo. eu preciso falar pra vocês do markdown PLUS
esse pra mim é o grande diferencial do cohost: ele aceita qualquer código HTML que você jogar no site, então várias pessoas já estão desenvolvendo ferramentas completamente malucas pra colocar qualquer coisa nos posts — como, visto acima, textos borrados, largos ou que ficam pulando pela tela. é uma loucura e perfeito pra pessoas que estão de saco cheio de redes sociais normais que não te permitem nem ao menos colocar um texto dançando pela tela. o cohost tem uma vibe de fansite dos anos 2000 no melhor sentido possível
outras ferramentas produzidas por usuários incluem
what is cohost listening to?, que permite colocar na sua bio uma caixinha que mostra a última música que você escutou de acordo com seu last.fm
Cohoard, que cria um chat falso do Discord com as mensagens que você quiser
Fancy Lists, que são tipo mini-listas bonitinhas pra colocar em qualquer lugar
alguém portou um minigame de WarioWare que você pode jogar diretamente em um post?????
e obviamente tem como jogar Doom diretamente pelo cohost
mas a melhor parte do site, pra mim, é que ele não é feito por gente do mal. o cohost foi criado pelo anti software software club, um grupo de desenvolvedores se descreve como uma empresa de software sem fins lucrativos que odeia a indústria de softwares — eu sempre vou apoiar qualquer coisa que tenha como objetivo final a destruição. quando uma empresa de software tem um manifesto, aí é que você sabe que ela é boa
considerações
não finais, apenas considerações
recentemente descobri que um dos meus cantores folk favoritos dos anos 60, o Jackson C. Frank, que teve uma vida super merda depois de lançar um único álbum em 1965, gravou várias demos nos anos 1990 poucos anos antes de morrer e elas são magníficas. pelo pouco que eu sei sobre a vida dele, ele teve vários problemas com álcool & drogas e chegou a morar na rua por um tempo até ser encontrado por um fã no começo dos anos 1990, que o ajudou a gravar algumas músicas que ele tinha escrito nos últimos anos
quase todas essas canções seguem a mesma fórmula de voz e violão e são todas lindas. October, de 1994, talvez seja a minha favorita de todas: quando um cara com uma história de vida dessas canta “it's always good to sing when you are sober”, o negócio é forte mesmo. todas as demos que ele gravou nessa época foram reunidas em 2014 na coletânea Fixin’ to Die, e se eu recomendo só uma coisa essa semana, que seja essa
sem querer colocar músicos folk depressivos um contra os outros, mas isso é muito melhor que tudo que o Nick Drake fez
e no outro extremo do espectro de complexidade musical1, a nova do 100 gecs é a melhor música que eles já lançaram. estou preparadíssima pra transformação completa da banda em um grupo de pop-punk
se você tem um conhecimento enciclopédico sobre música brasileira dos anos 1980 talvez possa ajudar a comunidade de lost media canarinho, que está obcecada tentando descobrir qualquer informação sobre essa música. ninguém sabe quem escreveu, quem canta ela, nada. se souber de alguma coisa comenta lá no vídeo, o pessoal tá desesperado
desculpem o palavreado mas foda pra caralho o sucesso do financiamento coletivo da Bágdex, aquele projeto incrível de um ilustrador que criou 151 Pokémon inspirados na cultura brasileira, tipo o Caldicana. que é um copo de caldo de cana. agora vai ter um jogo disso!
vem aí o Ovivim

e enquanto isso, tá rolando uma promoção de jogos brasileiros na Steam também! ninguém perguntou mas os meus três jogos feitos no Brasil favoritos de todos os tempos são
3. Punhos de Repúdio, um beat ‘em up sobre bater em fascista. 35% de desconto!
2. Horizon Chase Turbo, melhor descrito como joguinho de corrida. 80% de desconto!
1. Dandara, único jogo de plataforma com referências a Clube da Esquina. 80% de desconto também!
de luto pelo falecimento precoce do Cruzeiro Firefox
não tem ninguém falando sobre isso mas o Bill Watterson vai lançar uma HQ nova depois de 30 anos que não tem nada a ver com Calvin e Haroldo mas que a arte é incrível
diretamente do Telegram da newsletter: o mashup mais lindo que eu já ouvi na minha vida, cortesia de SiIvaGunner. uma sequência de palavras que eu nunca pensei que diria
notícia do século: comprei um domínio próprio pra newsletter. a partir de hoje, quando você encontrar alguém na rua e quiser indicar a minha newsletter, não vai mais precisar falar em voz alta www.eudestruireivoces.substack.com/subscribe pra pessoa poder se inscrever
agora, com o advento da tecnologia, você poderá falar apenas eudestruireivoc.es
extremamente difícil escrever uma newsletter depois do Carnaval. se possível, evite ao máximo fazer isso
no caso, 100 gecs é muito mais complexo do que um simples folk
eu destruirei vocês #66: nome em letras minúsculas
gosto muito dessas alternativas ao twitter que são só "tumblr 2" como se o tumblr ainda não existisse