eu destruirei vocês #69: hehe

Coca-Cola da Rosalía, avião no Wii Sports e o melhor vaso do mundo

isabela thomé

Mar 15, 2023

motomami — motomami, motomami. depois das icônicas e horrorosas Coca-Cola sabor pixel e Coca-Cola sabor Marshmello — o DJ, não o doce — a multinacional inovou mais uma vez e finalmente lançou uma Coca-Cola com gosto de Rosalía. pessoas menos atentas poderiam acreditar que esse novo refrigerante possui um sabor de óleo pra motor ou então de apropriação da cultura latina, mas na verdade está mais para… eu sei lá, pra ser sincera

a Coca-Cola da Rosalía — combinação engraçadíssima de palavras — é mais um produto lançado para tentar fisgar uma parcela do público que talvez não consuma refrigerantes com frequência. sabe quando um produto industrializado potencialmente destrutivo pra sua saúde vem com um desenho da Vaca e o Frango na embalagem pra tentar convencer as crianças de que elas precisam levar comer aquilo de qualquer modo — mesmo o produto sendo, sei lá, uma morfina comestível? é o mesmo conceito da Coca-Cola da Rosalía, exceto que a demografia dessa vez é gays com vinte e poucos anos que vão no Primavera Sound

Rosalía oferece-te uma coquinha. Aceitas?

talvez a minha parte favorita dessa linha Coca-Cola Creations é o fato de o sabor dos refrigerantes na maioria das vezes não estar explícito na embalagem — um negócio meio Fanta Mistério ou aquele sabor de Bib’s que não tinha como saber se ia ser refrescante ou apimentado. a famigerada Coca-Cola sabor byte, por exemplo, é um dos maiores cases de inovação na tecnologia de alimentos dos últimos anos — caso você não saiba, é impossível comer um byte ou um pixel sem abrir um cartucho de jogo de Super Nintendo, e mesmo assim a extração dos códigos é dificílima e só pode ser feita por profissionais autorizados

e a Coca-Cola sabor Rosalía, segundo a embalagem, supostamente tem o sabor de transformação. puta papo tilelê isso aí, convenhamos — o pessoal na sessão de brainstorming pro nome do refrigerante deve ter ficado dando tapinhas nas costas uns dos outros por terem achado o nome genial, mas é uma bosta. o único produto que eu aceitaria ter sabor transformação é uma poção feita por uma bruxa velha que te faz virar um cavalo, ou então o estrogênio em gel que eu aplico toda manhã. não importa o que publicitário pense, não existe nenhum sabor de Coca-Cola capaz de mudar o mundo

mas afinal, se não é transformação, qual o gosto verdadeiro disso? não sei. finalmente consegui encontrar a Coca-Cola da Rosalía semana passada em Criciúma, no Bistekão, e provei junto com a Bruna. pra mim, ela tem muito gosto de chiclete de baunilha — que não é algo que existe até onde eu saiba, mas na minha cabeça faz sentido. é como se fosse um gosto muito doce de baunilha, quase um negócio tutti-frutti mas com um toque de leite — sei lá, pra mim isso aqui tem gosto de bala. é um gosto do conceito de bala que existe na minha cabeça — e a Bruna concorda, pois pra ela tem um gosto muito forte de bala de Cosme e Damião, tipo as balas Zazá. eu entendo esse ponto também

em suma, eu mal posso esperar pela Coca-Cola do Xiu Xiu que deve ser lançada nos próximos meses pela empresa. essa sim vai ter gosto de óleo de motor

as tech demos da Nintendo

olá! está é uma pequena prévia de um dos textos da edição #X6 da newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔, lançada nessa última segunda-feira

essa é a sexta edição exclusiva para assinantes da newsletter, e com dez reais mensais você tem acesso a essa edição e seção completas & também a todas as edições exclusivas que já foram lançadas até o momento

nessa última edição, além de tech demos da Nintendo, falei sobre as histórias em quadrinhos do Bidu e meus personagens obscuros dos Simpsons favoritos

assine já clicando nesse link e muito obrigada!

eu acho muito curioso o conceito de tech demos — demonstrações de jogos criadas especificamente para mostrar o poderio gráfico ou as capacidades inovadoras de um console de videogame. a maior parte dessas demos existe meio que em um purgatório, pois são criadas sem jamais haver a intenção em nenhum momento delas saírem do mundo das ideias e se tornarem um jogo real — tal qual Pinóquio se transformando em um menino. elas são jogos de madeira, frágeis e que nunca vão conseguir substituir o filho morto do Gepeto — exceto em alguns casos extremos. Wii Sports, já ouviu falar? eram esportes pro Wii.

Wii Sports começou, juntamente com o que veio a se tornar Wii Play e Wii Music, como um protótipo chamado Pack Project — era esse software que iria mostrar para o mundo porque o controle do Wii era daquele jeito. as demos que tinham mais a ver com jogos familiares, tipo o de atirar em alvos e o de pesca, eventualmente foram lançadas como Wii Play, e as de esporte como tênis, golfe e baseball foram lançadas em Wii Sports — se esse assunto estiver complexo demais, me avisem. a única coisa que não apareceu em Wii Sports foi o misterioso joguinho de avião — que na verdade apareceu em Wii Sports Resort alguns anos depois como se nada tivesse acontecido. oi, sumida

e tem vezes que uma tech demo nem sequer precisa ser um jogo, ela pode só existir. Japanese Garden Tech Demo foi… uma tech demo de um jardim japonês mostrada na conferência de anúncio do Wii U na E3 de 2012 — ele foi anunciado, só não foi bem explicado. ela é só um vídeo de um jardim bonito com pássaros voando junto com carpas pelo lugar e existe exclusivamente pra mostrar como os gráficos do Wii U vão ser comparáveis aos do PS4 e Xbox One — :/

a única interação que você tem com a demo é apertar o botão B em determinado momento para que uma carpa pule do lago pra daí a demo continuar. e se você for ver, essa é a mesma quantidade de interação disponível nos jogos da Telltale

Super Mario 128, se parar pra pensar, tem um gameplay quase indecifrável também. no começo dos anos 2000, era impossível abrir uma revista sobre Nintendo sem ser bombardeado com informações sobre essa demo que consistia em 128 clones do Mario caminhando por uma superfície circular localizada no meio do vácuo — o que não se parece de jeito nenhum com um game real, mas a insistência do Miyamoto em afirmar ao longo dos anos que sim, esse absurdo ia ser lançado como um jogo de verdade, garantiu que os fãs esperassem ansiosos um anúncio oficial do game. que obviamente nunca aconteceu, porque não tem como fazer um jogo com isso

elementos de Super Mario 128 apareceram tempos depois em Pikmin e Super Mario Galaxy, mas a demo original teve o mesmo destino dos personagens nela presente: a superfície onde estavam se transformou em uma pizza de calabresa e todos foram jogados no vácuo eterno. analogia meio ruim, na verdade

uma exposição só para loucas?

a maior feira de louças do Brasil

Criciúma realmente entrou de vez na rota dos grandes eventos. depois da primeira etapa do Circuito Brasileiro de Skate semana passada e da já confirmado Jogo das Estrelas com Ronaldinho Gaúcho, Gabriel o Pensador e Craque Neto, esse final de semana foi a vez de mais um acontecimento parar a cidade: a Expo Louças, maior feira de louças do Brasil. e o site deles é expoloucas.com.br, como se o evento fosse uma exposição de loucas

pelo que eu entendi, essa é uma feira itinerante que viaja o Brasil inteiro a procura de salões paroquiais de igrejas, ONGs e entidades beneficentes onde ela possa de fato acontecer, tal qual um parasita procura um hospedeiro — só que não de um jeito sinistro desse tipo. todo final de semana eles estão em algum cidade do país vendendo louças vindas diretamente de Porto Ferreira/SP, conhecida como a terra das louças — só esse ano já estiveram em Itapema, Botucatu e Mandaguari, por exemplo. cuidado: a próxima cidade pode ser a sua

a Expo Louças em Criciúma foi realizada no salão paroquial da igreja do bairro São Cristovão entre os dias 9 e 11 de março e contou com pratos brancos, pratos decorados, xícaras, boleiras, lasanheiras, tigelas, bowls, ramequins, peças refratárias e peças decorativas por preços que iam desde 3 até 80 reais — um refratário em formato de porco que eu teria comprado se tivesse alguma perspectiva de usá-lo um dia

e realmente, no meio de todos aqueles pratos de outlet com lascas inteiras quebradas, tinha muita coisa bonitinha — a quantidade de xícaras e vasos coloridos lá era o suficiente para encher um Maracanã, por exemplo. mas tudo que eu quero é falar do grande destaque do evento — e único produto que eu comprei lá. o vaso com pés

meu Deus do céu, eu te amo. e acreditam que eu quase não percebi ele na feira? nós demos uma primeira passada por todas as mesas, olhando atentamente todos os objetos lá presentes, e mesmo assim eu não vi esse maravilhoso vaso lá. eu até mesmo bati uma foto da mesa, com o vaso no centro do quadro e eu não percebi que ele tinha pés. a desculpa que eu tenho pra dar é que a mesa tinha um tom de preto igual ao pés do vaso, então eu não consegui mesmo ver desculpa, mas essa é uma desculpa péssima. ele estava na minha frente

é um amor verdadeiro o que eu sinto por ele. por apenas 20 reais eu adquiri um produto que me traz mais felicidade do que qualquer outra coisa que custe 20 reais no mundo — isso é o preço de uma casquinha no McDonald’s hoje em dia, pra você ver. as pessoas podem me acusar de já ter vasos em casa, e eu posso até concordar, mas nenhum vaso que eu tenho hoje — repito, nenhum — possui pés. você precisa ter muito mais cuidado com as plantas que coloca nesse aqui porque, ao contrário dos outros vasos, esse pode sair correndo se você deixar sem água por muito tempo

essa é a peça de cerâmica mais Plants vs. Zombies que existe e eu sinto muito orgulho em ter ela na minha casa agora. é como se fosse um inimigo que você encontraria na saída de uma cidade em EarthBound logo depois de derrotar o chefe da gangue local. se o Brian Wilson tivesse encontrado esse vaso em algum momento dos anos 1970, teria escrito uma canção pop cheia de sintetizadores sobre ele. uma versão 1-bit desse vaso aparece como um inimigo opcional na primeira hora de Undertale. e eu vou colocar terra nele