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eu destruirei vocês #81: Bubbaloo sabor frutos do mar
pastel de berbigão, covers de inteligência artificial e a morte do RARBG
ao contrário do que se pensa, a melhor parte do ensino superior não é adquirir conhecimento ou expandir sua visão do mundo, mas sim as viagens — ou seja, os momentos em que você está o mais distante possível da universidade. só no último ano, estar cursando uma graduação já me proporcionou viagens à três capitais que eu mal e/ou não conhecia: Porto Alegre, Rio de Janeiro, e neste sábado, Florianópolis, que mesmo sendo a capital do estado onde eu nasci e moro, meio que nunca tinha conhecido de verdade. é como nascer em Nova Jérsei e nunca ter visitado Nova Iorque
uso o termo de verdade parece se referir à minha relação com Floripa pois eu passei diversas vezes pela cidade quando era criança/adolescente, mas o máximo que a minha família gostava de fazer por lá era parar no shopping para poder comer um belíssimo Big Mac — já que houve um período macabro & sombrio de mais de dez anos em que não houve McDonald’s em Criciúma. era literalmente o estereótipo da pessoa do interior que vai pra capital comer fast food porque na cidade pequena não tem isso — exceto que Criciúma tem mais de 200 mil habitantes. e hoje em dia, um McDonald’s. é uma cidade autossuficiente
mas dessa vez eu conheci realmente Florianópolis — e por conhecer realmente, eu quero dizer que eu fui no centro da cidade. sabe aquela figueira gigante que tem lá na Praça XV? então, modéstia a parte, eu vi ela. isso não é pra qualquer pessoa. Museu Victor Meirelles? realmente tinha pinturas do Victor Meirelles lá. e o calçadão da cidade, conhecido em todo o estado por ser o lugar onde os repórteres do Globo Esporte entrevistam pessoas com camisas do Avaí e/ou Figueirense depois de alguma vitória e/ou derrota significativa dos clubes? fomos também. é como se eu fosse realmente uma manézinha. quer ver, ó. dazumbanho
devido a uma mudança de última hora nos planos, acabamos almoçando no Mercado Público da cidade — que obviamente é caríssimo, então meio que ninguém comeu comida de verdade lá. camarão empanado por quase 200 reais? eu estou em Dubai por acaso? felizmente, ao meio das várias peixarias com tentáculos de polvo à mostra, havia algo muito mais em conta: pastel de berbigão. desculpa se fui rápido demais, mas se preferirem eu repito. pastel de berbigão. um caso grave de berbigo
pra quem não sabe o que é um berbigão, ele me foi descrito no Mercado Público como sendo um bichinho do fundo do mar — uma explicação bem lúdica, como se eu tivesse cinco anos de idade. de acordo com a enciclopédia livre Wikipédia, “O berbigão (Anomalocardia brasiliana) é uma espécie de molusco bivalve da família dos Verenidae, e está amplamente distribuído ao longo da costa do Brasil”. gostei mais dessa explicação aqui, já que ela não insulta minha inteligência. quer dizer, eu não entendi o que ela quis dizer, mas pelo menos eu não me senti burra
eu só fui entender exatamente o que é esse tal berbigão quando decidi berbigar e provar o famigerado pastel. berbigão é basicamente um marisco, só que mais borrachudo — você gosta de comer marisco mas queria que ele tivesse a consistência de uma dentadura da Fini? então o berbigão é pra você. berbigue-se
eu vou falar a verdade: eu gostei bastante do pastel de berbigão. foi feito na hora, a massa era deliciosa, veio com uma pimenta junto, nenhuma reclamação — exceto que todas as fotos que eu tentei bater dele ficaram com uma vibe meio cena de crime. parece que eu estou olhando para as entranhas de alguma criatura misteriosa. não achei exatamente berbigantes as fotos
caso você tenha interesse em realizar um berbigo, este pastel foi adquirido no Box 72 N do Mercado Público de Florianópolis, denominado Casa Coimbra, e custou R$15. em circunstâncias normais eu não teria gastado tanto dinheiro em um berbigo, mas eu sabia que jamais teria a oportunidade de comer um pastel de berbigão em Criciúma, então fui obrigada a adquiri-lo — pelas vozes da minha cabeça
infelizmente acabamos não provando um outro produto disponível no Mercado Público de Florianópolis que muito me chamou a atenção: chiclete de camarão. não quero pesquisar e descobrir que isso é um prato normal, vou só continuar imaginando que é um Bubbaloo sabor frutos do mar
Kanye West cantando Freddie Mercury cantando Brian Wilson
covers de inteligência artificial
parece que a inteligência artificial realmente veio pra ficar — a não ser que ela pare em breve de ser utilizada, aí nesse caso ela não terá vindo pra ficar. atualmente, existem muitas discussões/debates/asneiras/bobajadas sendo ditas sobre essa tal tecnologia vinda de todos os lados: quem é contra diz que isso vai destruir qualquer chance de haver uma sociedade justa e boa no futuro, enquanto quem é a favor acredita a mesma coisa mas acha que isso de algum modo é positivo. os fãs de inteligência artificial estão empolgados com a tecnologia só porque é um modo de criar infinitos episódios de Rick & Morty sem precisar pagar qualquer artista de verdade
e falando em artista de verdade, agora ninguém precisa mais deles! com os novíssimos covers de músicas por inteligência artificial, você pode fazer qualquer cantor, vivo ou morto, falar ou cantar o que você quiser. vamos fazer um esforço pra em nenhum momento pensar criticamente sobre essa tecnologia, pois se começarmos a analisar as implicações e problemas morais relacionados a isso, vai ser impossível apreciar a parte interessante disso tudo. que no caso, é escutar o Kanye West cantando a música que o Bob Esponja fez quando o Gary fugiu de casa
olha só, isso é a morte da arte? claro que é, mas eu não quero discutir isso agora. quem criou essa tecnologia vê o artista como a coisa mais descartável possível, como um bichinho que deve ser esmagado, como um animal de circo criado para o seu entretenimento — mas tá tudo bem, porque esses covers são engraçados.
primeiramente, no sentido mais básico do negócio, é engraçado escutar o Freddie Mercury cantando De Musica Ligera do Soda Stereo. ele provavelmente não conhecia Soda Stereo, e além disso, ele está morto, o que impossibilita um cover verdadeiro desta música de ser gravado no futuro próximo. mas engraçado também é pensar no público que consome esse tipo de conteúdo: depois de anos de filmes live-action da Disney, parece que o povo só quer a arte mais rasa possível. o pessoal está completamente maluco só de ouvir o Michael Jackson cantando Blinding Lights, porque eles sabem quem é Michael Jackson e já ouviram Blinding Lights
é igualzinho quando você pega um chocalho e fica balançando na frente de um bebê. não tem profundidade nenhuma em um cover desse tipo, mas tá tudo bem: eles satisfazem todo mundo mesmo assim. uma inteligência artificial vai fazer o cover igualzinho à música original, só que com a voz de outra pessoa por cima. vai ser aquilo que você já conhece, mas um pouquinho diferente — porque se for diferente demais, as pessoas não vão gostar. se for diferente demais, as pessoas ficam com raiva. elas xingam. elas tacam pedras em você
a notícia boa é que uma inteligência artificial não tem personalidade nem vivências humanas, portanto ela nunca vai poder criar qualquer coisa que tenha algum valor artístico. uma inteligência artificial jamais vai criar algo horrível, mas também nunca vai criar algo bom. vai ser sempre mais ou menos. e talvez o futuro seja isso mesmo
essa é pra ainda está em depressão pela morte do RARBG: o TorrentLeech, tracker privado de filmes, está aberto pra cadastros com o código REFUGEERARBG até sei-lá-quando. estou usando ele há dois dias e posso dizer que vale a pena
não existe nada no mundo melhor que a pirataria. tire print das minhas edições de newsletter pagas e mande de graça para os seus amigos. eu vou ficar é feliz
estou muito fascinada com esse produto que apareceu pra mim numa propaganda do Instagram: Realitees. é uma camiseta mágica com realidade aumentada, o que significa que é uma camiseta normal com um QR code estampado
update dos cinco últimos álbuns que eu escutei. alguns são bons e outros não. obrigada. qualquer dúvida pode me ligar no telefone (48) 99164-3201
vazou a nova camisa reserva do Barcelona pra temporada que vem e eu vou banir quem falar mal dela. nunca bani ninguém do meu Substack, nem sei se tem como fazer isso, mas caso você fale mal, saiba que será o primeiro. aqui não é uma democracia
boas notícias: eu finalmente provei o famoso Fruki Berga essa semana — conhecido também como o Fruki de bermagota. sim, terá análise dele semana que vem. eu jamais deixaria vocês na mão
eu destruirei vocês #81: Bubbaloo sabor frutos do mar
Eu nao sabia o que era RARGB até ele morrer, me senti no velório de um primo de segundo grau que passou parte da vida em uma clínica de reabilitação
hora de comer
o melhor PASTEL