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eu destruirei vocês #82: o Sonic é anarcocomunista?
E3-que-não-é-E3, lembranças e a logo provisória de Por Amor
sinto informar a todos, mas é fato: o universo dos videogames não para de regredir. depois da morte oficial da E3 — que convenhamos, já era um morto-vivo em decomposição — as empresas em geral decidiram pegar o que já funcionava bem e transformar o início do mês de junho em uma grande amalgamado de anúncios, anúncios e mais anúncios de games — afinal, o que importa hoje em dia é apenas o hype. ninguém quer comprar jogos, as pessoas só querem ver o trailer e elogiar/reclamar na internet — e em muitos casos, fazer os dois ao mesmo tempo. igualzinho filme da Marvel ou final de novela das 21h
a Summer Game Fest, por exemplo. que eventinho mequetrefe, cínico, quase fascista. assistir uma Summer Game Fest é voltar diretamente para 2005, quando o que mais norteava o jornalismo de games no mundo era a misoginia — uma época em que a única mulher que os jogadores gostavam se chamava Lara Croft. esse é um evento que ficou preso no tempo e ignorou todos os avanços na cultura de games desde os anos 2000. um universo alternativo em que o gametrailers.com nunca saiu do ar
o apresentador/Grande Líder Geoff Keighley age como se a percepção das pessoas sobre videogame ainda fosse aquele negócio antiquado meio Stargame do Multishow — videogame não é nada mais do que Pac-Man. poxa, todo mundo assistiu The Last of Us. não precisa mais fazer isso. não precisa trazer o Nicolas Cage no palco pra falar sobre Dead by Daylight. eu nem sei o que é um Dead by Daylight
eventos assim são feitos tipicamente de uma mistura de 10% de jogos semi-interessantes e 90% de jogos criados exclusivamente para encher linguiça — quando a Nintendo anuncia um novo Super Mario Sluggers, por exemplo. por isso essas coisas são tão chatas pra mim: eu normalmente já não me interesso muito por esses jogos cinzas e realistas que todas as grandes corporações querem fazer, aí eles ainda não apresentam nada de novo? nenhuma inovação? poxa, eu tenho vontade de fungar um pano com clorofórmio e cair dura na cadeira. eu não quero saber de Path of Exile 2, isso não tem nada de interessante. pra mim, está parecendo que essas empresas só querem o meu dinheiro.
mas isso não significa que absolutamente tudo foi um lixo ou coisa parecida — como eu já disse, só 90% foi. e pra mostrar que eu não sou uma pessoa cínica e amargurada, queria avisar que estou assistindo há dias sem parar o maravilhoso trailer de Sonic Superstars, um jogo que eu tenho quase certeza que será ruim
esse é o clássico tipo de jogo que só se garante esteticamente. a Sega já tentou fazer Sonic 2D de todos os jeitos ao longo dos anos: desde o fascismo de Sonic the Hedgehog 4 até o socialismo democrático de Sonic Mania, passando pela terceira via que foi a criação de Sonic Rush. e pelo que vimos até agora, Sonic Superstars tem tudo para ser o anarcocomunismo da franquia
tipo, tudo nesse trailer é lindo. o visual de todos os personagens é incrível —destaque para a volta de Sonic gordinho — e as cores vibrantes combinam perfeitamente com o level design. isso sem falar em todas as mecânicas novas que o trailer mostra, como as fases em que você corre pelas paredes e os níveis 3D em que você controla Sonic com um hookshot — mas sabe quando você olha pra alguma coisa e sabe que a qualquer momento pode desmoronar? é assim que eu me sinto vendo esse jogo.
Sonic Superstars parece bom demais pra ser verdade. a chance de eles estarem escondendo algum defeito gravíssimo no jogo é de mais de 100% — e essa desconfiança toda talvez venha do fato desse game estar sendo desenvolvido pelo Sonic Team. eu já me machuquei demais pra cair nesses papos deles. é tipo Weezer: eu continuo me machucando mas continuo voltando
pelas minhas contas, ao menos cinco outros jogos interessantes foram mostrados nesses últimos eventos — e pra mim isso é sim bastante. Parcel Corps é um game que foi anunciado no PC Gaming Show e pode ser descrito como Crazy Taxi de bicicleta — basicamente isso é um simulador de entregador de iFood no qual você anda por uma linda cidade cel-shaded levando sanduíches & outros objetos de valor para os clientes. precarização do trabalho simulator
Dungeons of Hinterberg foi anunciado no evento da Microsoft e também parece incrível — é um jogo colorido e em decorrência do fato de eu ter uma idade mental de cinco anos, games assim muito me interessam. é o estilo gráfico de Ooblets sendo usado para um action-adventure meio Zelda antigo — pra mim, isso aqui é igual àquelas ilustrações para o primeiro jogo da franquia que fizeram nos anos 1980. o trailer mostra você detonando pedras com bombas, andando em um carrinho pelos trilhos de uma mina abandonada e abrindo baús de tesouro — ou seja, tudo que um grande jogo precisa ter
outras coisas que me apeteceram incluem Sand Land, que sinto ter potencial para ser o Balan Wonderworld do Akira Toriyama, South of Midnight, que não teve nenhum gameplay mostrado mas parece ser um simulador de Robert Johnson e eu não entendi Bleak Sword DX. mas achei bonito. e é isso que importa
olá! a seção a seguir foi escrita faz pate da edição #X13: logomarcas lastimáveis, lançada exclusivamente para assinantes nesta segunda-feira. além desse texto, também falei nessa edição sobre as várias tentativas de Sevilha tentar sediar as Olimpíadas, sobre o ótimo jogo de esportes Hyper Gunsport e um episódio meio ruim dos Simpsons. particularmente, foi uma edição muito boa!
você sabia que com 10 reais ao mês, você ganha acesso a todas as 13 edições exclusivas da 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 lançadas até hoje — e a todas as futuras até o final dos tempos? de quinze em quinze dias tem uma edição extra nova cheia de conteúdo. daqui a exatamente 12 dias tem outra. pois é assim que o calendário funciona.
obrigada pela atenção!
ow, tão dizendo por aí que o Brian voltou
a canção The Beach Boys — Brian’s Back
o grupo musical The Beach Boys sempre foi conhecido por oferecer aos ouvintes um misto de emoções sem igual. ao mesmo tempo em que essa é a banda que fez Surfin’ USA e todo aquele negócio de surf, praia e gostosas, eles também fizeram algumas das canções mais depressivas já escritas pela humanidade — sou uma folha em um dia com vento, em breve serei levado embora, sabe? essa é a mesma banda que fez um cover de Ten Little Indians alguns anos antes. agora eles estão aqui com depressão crônica
mas mais importante que isso, o Brian está de volta. é quase impossível falar sobre essa música sem uma lição de ao menos duas horas sobre a história da banda e do universo, mas o básico que você precisa saber é que o Brian Wilson meio que deu uma sumida da banda pós-Pet Sounds por um trilhão de motivos diferentes e só voltou a assumir um papel de liderança mais forte novamente lá por 1976 — quase dez anos depois. nessa época, houve toda uma campanha na mídia em torno de Brian estar de volta, ou seja, supostamente, Brian estaria finalmente back
e essa foi a época em que o odioso Mike Love, primo de Brian Wilson e ex-frentista de posto, decidiu que precisava capitalizar em cima de toda a atenção dada ao seu parente mais talentoso. segundo os registros, Brian’s Back — a canção — foi escrita em algum ponto em 1978 e gravada para o disco L.A. (Light Album), um dos álbuns mais chatos da discografia de uma banda que é tudo menos chata. o negócio é que ela nunca foi lançada nesse disco e acabou ficando nos cofres da banda por mais de 20 anos — basicamente porque ela é muito ruim e a única pessoa que acha que ela tinha qualquer valor tem o sobrenome Love
no refrão brilhantemente cantado por Carl Wilson, que traz uma performance incrível para uma música que não merecia tal, Mike Love psicografa a letra
Eles dizem que o Brian voltou
Mas em meu coração, ele sempre esteve aqui
se tem uma coisa que Mike Love não é conhecido é por sua sutileza. apesar de ter escrito a letra de boa parte dos primeiros hits dos Beach Boys, a partir de uma certa época a poesia dele devolui para algo tão auto-referencial que chega a ser egocêntrico. onde antes havia letras sobre surf, praia e gostosas agora há letras sobre surf, praia e gostosas escritas por um senhor de 40 anos — e a partir da passagem do Sr. Tempo, essas letras vão ficando cada vez mais patéticas. no último disco solo de Mike Love, lançado em 2019, há letras sobre surf, praia e gostosas. ele nasceu em 1941 e tem 82 anos de idade
em Brian’s Back, não há necessariamente letras sobre surf, praia e gostosas — mas há lembranças sobre escrever letras sobre surf, praia e gostosas. “você se apaixonou por uma linda líder de torcida, eu até casei com uma”, canta Mike, com a sua melhor tentativa de parecer empático sendo só mais uma amostra de sua arrogância. é como se ele dissesse “olha só, Brian. tá vendo? eu realizei o seu sonho”. ele acreditava que isso seria algo doce de se falar, mas não é. pois não há nenhuma emoção dentro deste homem
“e uma vez pegamos um táxi em Salt Lake City e escrevemos Fun Fun Fun”. as suas únicas memórias envolvem o sucesso. é a única coisa que você conhece. é a única coisa que importa.
eu não acredito que tenha existido qualquer sentimento puro no coração de Mike Love pós-1976. a partir do momento em que ele descobriu que cantar as músicas do início da carreira dava mais dinheiro do que procurar novos sons, novas ideias, ele vendeu sua alma ao dólar. talvez era desespero, talvez era ganância, ou talvez uma parte dele só tinha medo de voltar a ser frentista de posto.
melhor vender a alma do que vender uma mansão
“following the gameplan, watching life's plays unfold”
às vezes no silêncio da noite, uma sequência de palavras vêm à minha cabeça, soprando como o vento…jogo perdido do Beavis & Butthead pra PlayStation 1….
eu odeio a logo provisória de Por Amor. ela me dá ansiedade. é tipo ver o Leandro Hassum magro
estou há semanas com uma frase na minha cabeça que não vai embora de jeito nenhum, como se fosse um pensamento intrusivo: Rodovia Estadual Camundongo Stuart Little. quero ser deputada estadual só pra conseguir transformar isso em realidade
dá só uma olhada nessas screenshots antigas de um alpha de Mother 3 para Game Boy Advance! eu nunca tinha visto isso! parece Golden Sun! eu vou chorar
ow eu sei que a gente já comeu sushi segunda-feira mas eu só queria dar novamente um feliz dia dos namorados para a mulher da minha vida. tu sabe o quanto mudou minha vida e eu agradeço todos os dias por poder viver do teu lado. olha só que foto linda pelo amor de Deus que mulher maravilhosa
eu destruirei vocês #82: o Sonic é anarcocomunista?
A logo de Por Amor parece logo de peixaria de feira ou de padaria
Sonic talvez seja ancap, isa. é difícil.
Sonic talvez seja o unabomber no espectro político tmbm, eu não sei. eu nã osei se confio nesse ouriço. Às vezes ele é o Neymar Jr, as vezes ele é o Michael Jackson, é uma loucura.