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eu destruirei vocês #83: refrigerante de pepino
o refrigerante Fruki Berga, o time de futebol da Zinzane e o galã Marcos Pitombo
existem produtos alimentícios que a partir do momento em que descobri a existência, fiquei encantada a tal ponto que transformei em uma meta de vida prová-los — mesmo sabendo que seria dificílimo concretizar esse desejo. um deles é o falecido Pepsi Ice Cucumber — um refrigerante de pepino lançado no Japão durante o verão de 2007 e que logo saiu das prateleiras por motivos óbvios para qualquer ser humano que já tenha provado refrigerantes e pepinos
mesmo sabendo que ele certamente tinha o gosto parecido com detritos nucleares, poucas coisas doem mais na vida do que saber que jamais terei a oportunidade de provar um refrigerante com sabor de legume. isso me corrói por dentro. eu perdi completamente o timing não indo pro Japão em 2007 — mesmo que nessa época eu tivesse só 11 anos de idade e a minha maior preocupação fosse não baixar algum vírus pro meu computador enquanto eu tentava piratear os últimos lançamentos de Nintendo Wii
e outro produto que desde sua gênese muito me fascinou foi o Fruki Berga — cuja proposta, surpreendentemente, é ser um Fruki de bergamota. se você é de fora do sul do país e essa sequência de palavras não significa nada para você, saiba que bergamota significa tangerina e/ou mexerica e que Fruki é talvez o refrigerante mais popular no estado do Rio Grande do Sul — toda região do Brasil tem o seu refrigerante que é único ao lugar e que os nativos juram de pé junto ser um néctar dos deuses mesmo não sendo grande coisa. tipo a tenebrosa Tubaína em São Paulo, o bizarro Mineirinho do Rio de Janeiro e a sublime Laranjinha Água da Serra, de Santa Catarina
já que encontrar Fruki em Criciúma é um desafio complicadíssimo, eu nunca consegui adquirir um exemplar do Fruki Berga aqui na cidade — ou seja, minha única chance de provar essa iguaria seria realizando uma peregrinação para outra região do país. quando passamos dois dias em Porto Alegre ano passado em uma viagem da faculdade, eu tentei de todos os modos comprar esse refrigerante mas parece que a cidade estava com uma vingança contra mim — foram três supermercados visitados e nenhuma lata de Fruki Berga encontrada
eu cheguei ao ponto de quase comprar uma unidade pelo iFood para ser entregue durante uma visita à Fundação Iberê Camargo, mas desisti quando imaginei eu observando as obras de arte, recebendo uma notificação do aplicativo que meu pedido chegou e descendo as rampas do instituto correndo para buscar um Fruki Berga. o próprio Iberê Camargo ressuscitaria só pra me dar um safanão na orelha
após isso, foram meses em que eu tentei ativamente esquecer que o Fruki Berga existia. meus sentimentos sobre o refrigerante já eram nostálgicos mesmo eu nunca tendo provado ele — só a ideia de que o Fruki Berga esteve entre nós em algum momento já me satisfazia. eu não precisava de nada além disso. pois qual não foi minha surpresa, portanto, quando há dois sábados atrás fomos em outra viagem da faculdade, dessa vez para Florianópolis, e eu encontrei um Fruki Berga em um Hiperbom Supermercado? foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. um exemplo perfeito de jornada do herói
o Santo Graal estava em minhas mãos — exceto que ele é muito mais interessante do que uma taça de vinho qualquer. Fruki Berga é o sabor enlatado do inverno — uma bebida tão hibernal que deveria ser apreciada com um prato cheio de pinhão ao lado. quando você observa o nome e o sabor, vê que a intenção dele é ser uma mistura entre guaraná e bergamota — e inacreditavelmente, esse é o exato gosto de Fruki Berga mesmo. não há nenhuma propaganda enganosa aqui. não vou precisar processar ninguém
se eu tivesse que descrever o gosto, seria como uma terceira via entre a medonha Fanta Laranja normal e a divina Laranjinha Água da Serra — desculpas a quem não é catarinense por isso ser uma descrição meio inútil. é incrível como Fruki Berga realmente possui um gosto muito evidente de bergamota, e eu não esperava isso de modo algum — eu me machuquei tantas vezes no passado com essas denominações de refrigerante que já estou calejada. Fruki Berga é muito Fruki e é muito Berga. é quase um Schweppes Citrus bagual
mas o mais importante disso tudo é que eu finalmente posso colocar uma pá de cal na minha busca implacável por esse refrigerante e focar minhas energias em encontrar um produto ainda mais elusivo: o queridinho dos criadores de conteúdo Carmed de Fini. eu vou enfiar isso goela abaixo pra ver se tem gosto de bala de verdade, que nem eu fiz com os novos & deliciosos esmaltes da Fini
finalmente a Zinzane tem um time de futebol
os últimos acontecimentos das divisões inferiores do futebol brasieiro
muitas coisas acontecem todos os dias no mundo de futebol — todo dia tem algum gol, cartão amarelo ou impedimento sendo marcado em algum ponto do globo terrestre. mas enquanto pessoas simplórias se contentam em assistir seu time do coração ou uma liga da Europa onde o futebol é bem jogado, os verdadeiros fãs do esporte sabem que o mais interessante acontece fora dos grandes estádios. o futebol que realmente importa está nas divisões inferiores dos estaduais pelo Brasil
um dos meus perfis favoritos do cambaleante site Twitter é o SC Parâmetro, que atualiza constantemente seus seguidores sobre o que está acontecendo nos campeonatos periféricos desse país. classificação do estadual do Amapá? tá na mão. Capixabão feminino? é sobre isso. quinta divisão do Rio de Janeiro? eu amo a vida. é incrível o quanto de serotonina o meu corpo produz quando eu leio nomes de times como Duquecaxiense. coisas assim são o suficiente para fingir que eu nem tenho depressão
o grande destaque da última divisão carioca certamente é o Zinza FC, que venceu por 11 a 0 o São José de Itaperuna na última rodada do campeonato em um resultado que certamente foi 100% legítimo e sem qualquer falcatrua envolvida. esse clube muito me fascina principalmente porque se chama Zinza FC — um nome tão curioso que me fez pesquisar sobre a origem do time e descobrir que ele nada mais é que uma SAF da Zinzane. ou seja, o Zinza FC é um clube-empresa de uma marca de roupas carioca, e isso é perfeito
não é como se coisas do tipo fossem novidade no futebol carioca — até ano passado, a escola de samba Império Serrano tinha um time disputando a quinta divisão e por pouco não conseguiu o acesso. mas o fato de tantas empresas estarem querendo sua fatia da grana nessa farra que viraram as SAF no Brasil é um negócio muito engraçado — nada mais pode ser tratado como uma piada quando se trata de clube-empresa. se a Elma Chips comprar um time na terceira divisão pernambucana e investir milhões nele, nós teremos que achar isso normal. afinal, até as Farmácias Pague Menos têm um time disputando a segunda divisão cearense
e se o capitalismo tardio está cada vez mais fincando suas garras no futebol, o seu melhor amigo fascismo está fazendo o mesmo. o atual líder da segunda divisão paranaense e grande candidato ao acesso para o estadual principal do ano que vem é nada mais nada menos do que um time chamado Patriotas Futebol Clube. a crise, sobretudo, é estética
fundado em julho de 2020, o Patriotas é um clube criado por sócios de um empresa de adubos de Araucária, no Paraná, e é o time mais abertamente fascista do Brasil — não, o Palmeiras não chega nesse nível. é uma coisa tão maluca a existência desse time que boa parte dos comentários nas redes sociais eles são feitos por bolsonaristas malucos — do tipo que acham que o Bolsonaro ainda é secretamente o presidente do país. agora me diz se a torcida do Laranja Mecânica faria uma coisa dessas. claro que não. muito menos os fanáticos pelo De Olhos Bem Fechados Futebol Clube
e enquanto times assim seguem sua toada rumo ao inevitável sucesso, o Paraná Clube está fora da zona de classificação para a primeira divisão paranaense, o São Caetano foi rebaixado para a terceira divisão paulista e o Mogi Mirim fracassou tanto na quarta divisão de São Paulo que foi rebaixado para um campeonato que ainda nem existe. pense nisso na próxima vez que for reclamar que o Mengão não é líder ou algo do tipo
e falando em divisões inferiores do futebol brasileiro, o Atlético Mogi, time que ficou mais de 6 anos sem vencer uma única partida, engatou três vitórias seguidas nas últimas rodadas e está quase entrando no G4 do seu grupo na quarta divisão paulista. o projeto 6 anos sem derrota vem aí
ainda sobre futebol, fiquei muito feliz com a contratação do Carlo Ancelotti para técnico da seleção brasileira. agora eu não preciso me preocupar com a CBF tirar o Claudio Tencatti do Criciúma
estou completamente obcecada com a existência do 25M, um espaço para exposições em São Paulo que tem 25m². eu quero morar aqui e viver aqui e ter algo assim
eu adorei essa manchete. sei lá, achei perfeita. maravilhosa. realmente muito boa.
eu destruirei vocês #83: refrigerante de pepino
o conceito “fruki berga” fez o conceito guaraná jesus (embalagem azul e rosa + sabor tuti fruti + nome de Cristo) parecer um passeio no parque
caso o interesse em refrigerantes exóticos permaneça, no interior de Minas Gerais tem o: abacatinho