

Discover more from eu destruirei vocês
eu destruirei vocês #87: em breve, em um cinema perto de você
o trailer de Wonka, filme de bonequinho e dez músicas diferentes
apesar da internet agir como se os únicos filmes a serem lançados em 2023 fossem duas películas baseadas em propriedades infantis — Barbie e Oppenheimer — existem pelo menos mais dez filmes agendados para ainda este ano que farão a alegria dos espectadores ao redor do mundo. os deuses da sétima arte não param de sorrir para nós!
Besouro Azul, por exemplo: há anos o público esperava por um filme sobre besouros com a Bruna Marquezine, e finalmente Hollywood atendeu esse pedido. Casamento Grego 3 também sairá até o final do ano e promete mais um casamento grego, assim como Os Mercenários 4, que pelos trailers mostrados até o momento, trará mais uma história no universo de Os Mercenários. eu não sei você, mas a minha empolgação está lá em cima!
e óbvio, teremos também Wonka! finalmente a tendência atual de Hollywood querer explicar as coisas mais bestas que não precisam ser explicadas chegou na maior franquia sobre fábricas de chocolate do cinema. não sei você, mas eu não faço questão nenhuma de saber como o Willy Wonka se transformou no maior chocolateiro do mundo, assim como não tenho interesse em saber qual a história por trás do Buzz Lightyear nem como a Nike criou o Air Jordan. se isso te interessa, tudo bem. apenas saiba que você é uma pessoa maluca
o trailer de Wonka é engraçadíssimo porque tudo nele parece ter saído da mente brilhante de uma inteligência artificial alimentada inteiramente por filmes infanto-juvenis de aventura dos anos 2000 — um negócio meio As Crônicas de Spiderwick para uma nova geração de crianças chatas. pra mim é evidente que quando os créditos subirem ao final do filme, o nome ChatGPT estará ao lado dos roteiristas
os produtores do filme devem ter perguntado qual personagem infantil clássico do cinema precisa ter uma história de origem e o GPT vomitou de volta Willy Wonka, juntamente com outras propriedades do tipo Mágico de Oz e Scooby-Doo. inclusive, rumores sugerem que Doo será lançado em 2025 e contará com Idris Elba na voz de um jovem Scooby-Doo que precisa resolver uma série de misteriosos assassinatos na Califórnia dos anos 1960. Tom Holland estrelará como Charles Manson
e o filme do Five Nights at Freddy’s? simplesmente inacreditável. aquilo que começou apenas como um joguinho indie de terror criado por um homofóbico texano e feito exclusivamente para ser jogado por streamers que fingem estar com medo dos robôs gritando acabou se tornando um império — são mais de 60 jogos, 130 livros e 1000000000000 bonecos baseados em criaturas animatrônicas participantes de uma banda de uma franquia fictícia de restaurantes. ao mesmo tempo em que Five Nights at Freddy’s é a coisa mais besta do mundo, sua existência mostra que o sonho da franquia própria está ao alcance de todo mundo. você tem o poder de criar uma série ruim e tirar o máximo de dinheiro possível dela
nunca na vida eu vi algo que parece tanto um trailer de paródia quanto o de Five Nights at Freddy’s. tudo nesse projeto grita um fan film com orçamento alto demais — é uma película exclusivamente feita para furries do Twitter. pelos créditos, dá pra ver que o roteiro foi baseado em um conceito original do criador Scott Cawthon, ou seja, esse é o primeiro fan film da história feito pelo criador de uma franquia. ele desconstruiu a própria ideia de um fan film. e de certo modo, isso é genial
o que eu sei é que nenhuma história feita pelo criador de Five Nights at Freddy’s tem potencial para ser qualquer coisa além de sofrível. e a pior parte disso tudo? esse filme vai fazer tanto dinheiro que a nova tendência hollywoodiana será transformar jogos virais de terror em filmes com orçamento multimilionário.
em breve, em um cinema perto de você: Baldi's Basics in Education and Learning, dirigido por Luca Guadagnino
dez músicas diferentes
estreando a seção Disk 𝒆𝒅𝒗
novamente, para a alegria geral da nação e tristeza específica dos haters, a newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 inova e resolve inventar moda. trago a vocês a nova seção Disk 𝒆𝒅𝒗, que sabendo bem o quanto eu gosto de desistir de projetos do nada, provavelmente sumirá dessa publicação mais rápido do que a finada Roletterboxd. se você lembra do que era isso, dirija-se imediatamente à agência do INSS mais próxima
o Disk 𝒆𝒅𝒗 é o seguinte: eu escuto muita música e quase não falo delas aqui. normal isso — eu escondo várias partes da minha vida de vocês, como o trajeto que eu faço de casa até o trabalho e o meu número de CPF. mas eu sinto uma vontade enorme de pelo menos comentar sobre essas músicas misteriosas que eu escuto todos os dias da minha vida — tem vezes que meu coração extravasa e eu preciso falar que eu finalmente descobri que Clara Nunes é bom, ou então que a trilha sonora do filme da Barbie é o maior disco colaborativo desde Tropicália: ou Panis et Circencis. eu não tenho boca e preciso gritar
por isso, mais uma vez, o Disk 𝒆𝒅𝒗 é o seguinte: com a frequência de quando me der na telha, eu irei pegar as últimas dez músicas que eu favoritei no Spotify e falarei um pouco sobre elas. eu peço mil perdões se você achou que seria algo mais interessante do que isso. eu decepciono as pessoas com frequência.
12 RODS – Split Personality (1998)
completamente obcecada com isso aqui, sério. já ouvi falar muito de 12 Rods mas só por eles terem sido uma das únicas bandas a receber um 10 da Pitchfork nos anos 1990 — só que quando algo é super conceituado por apenas uma publicação, você fica meio com o pé atrás. tipo a Famitsu dando uma nota perfeita para 428: Shibuya Scramble
mas não, 12 Rods é perfeito mesmo. estou no processo de explorar a discografia deles — que inclui até um álbum produzido por Todd Rundgren — mas saiba que Split Personalities, de 1998, é uma obra-prima e que o comeback deles lançado esse ano, depois de 21 anos sem um disco, é uma das melhores novidades de 2023. se você gosta de um indie rock lo-fi com um pouquinho de power pop misturado, isso é pra você. note como eu praticamente descrevi Car Seat Headrest com essa frase
Cherry Glazerr – Soft Like a Flower (2023)
inventora do gênero grunge e inexplicável amiga de Tyler the Creator, Willow Smith e MC Ride, Clementine Creevy é a última roqueira existente. Soft Like a Flower é o último lançamento da banda cujo único membro é ela e, surpreendentemente, é maravilhosa — Cherry Glazerr é um daqueles grupos que parece decidir na roleta russa se dessa vez vão fazer uma música boa ou ruim. algumas dos melhores e piores obras do indie rock dos anos 10 saíram de suas mãos. a esquerda tem um bombom, a direita tem uma arma apontada pra você
Troye Sivan – Rush
apoie sua bicha local
Anohni and the Johnsons – Sliver of Ice
apoie sua mulher trans local
PinkPantheress – Turn Your Phone Off (feat. Destroy Lonely) (2023)
incrível como essa mulher não erra nunca. se PinkPantheress enlouquecesse e lançasse um ataque qu contra os Estados Unidos da América, eu passaria pano pra ela. tenho certeza que teria bons motivos para fazer algo do tipo. adoro como uma artista que nasceu no ano de 2001 consegue entender tão bem assim as vibes y2k quanto ela — sua música tem gosto e cheiro de Honda Fuya-Jo, de balada em Tóquio na virada do século, e eu conheço bastante desse submundo pois estava constantemente fritando ao som de Sonic Dragolgo em Akihabara naquela época. e não assistindo Cyberchase na TV Cultura tomando Nescau
A. Savage – Thanksgiving Prayer (2023)
toda música solo do Andrew Savage fora do Parquet Courts é a mesma música — mas é uma música muito boa.
Miike Snow – Genghis Khan (2016)
eu peço desculpas do fundo do meu coração por compartilhar uma canção considerada mainstream neste canal, mas o fato é que Genghis Khan é foda pra caralho. existe um universo alternativo em que ao invés de ser um artista todo dark e obscuro, o The Weeknd decidiu que precisava ser o novo Michael Jackson e lançou canções assim até o final de sua vida. só pra deixar claro, Blinding Lights também existe nesse universo
Gezebelle Gaburgably – Loser (2021)
essa é pra quem diz que o indie lo-fi revival está morto. Gezebelle Gaburgably, um nome quase scrimblo bimblo em sua essência, é uma das artistas nesse gênero mais empolgantes dos últimos tempos — eu particularmente acho que isso aqui parece Ariel Pink, só que sem os subtons fascistas. eu adoro ver pessoas jovens fazendo coisas interessantes. ninguém com mais de 22 anos já produziu alguma arte que valha a pena
Peggy Seeger – Space Girl’s Song (1952)
descobri essa canção em um tópico nos fóruns do Rate Your Music em que alguém pediu folk com uma pegada de ficção científica — e isso é exatamente esse negócio aí. escrita como uma paródia de um canção famosa entre soldados na Segunda Guerra, Space Girl’s Song contém todos os clichês de terror B dos anos 1950 possíveis — marido espacial, monstros de olhos esbugalhados e um fascínio com o planeta Marte. é uma canção folk fofíssima, mas não é fofolk. Deus me livre.
Intoxicados – Nunca quise (2005)
única e exclusivamente por causa desse vídeo que encontrei no Twitter
absurdo o fato de eu ter sido banida do Twitter semana passada só por ter falado que bilionários precisavam morrer. tenho certeza que isso só aconteceu porque o Elon Musk se ofendeu pessoalmente com a minha fala e mandou caçar a minha cabeça
bom, más notícias pra você, Elon: minha cabeça continua aqui.
(antes que me perguntem qual a minha @ nova: eu é que não volto pra lá tão cedo. se quiser, pode me seguir no Bluesky, mas não prometo nada também. na real, me segue no Instagram mesmo. é melhor)
particularmente, estou obcecada com o anúncio do sucessor espiritual dos Zeldas de CD-i, Arzette: The Jewel of Faramore. o que mais me surpreende nisso tudo é que ninguém tinha pensado em fazer algo assim antes. é uma ideia tão simples mas que obviamente daria super certo
falando em games, eu joguei mais Go Morse Go! Arcade Edition do que deveria essa semana. um simples jogo de ritmo — exceto que ele é todo baseado em código morse. isso me fez pensar que eu jogaria muito um game baseado nas bandeiras de comunicação marítima. caso algum de vocês faça um jogo assim, me dê todo o dinheiro
tem um canal do YouTube que do nada começou a postar centenas de pilotos pra televisão dos anos 2000 e 2010 nunca antes vistos. recomendo DeTour, uma sitcom de 2015 baseada na vida do Rivers Cuomo. é horrível
alguém mais inteligente do que eu pode me explicar o que rolou etimologicamente pra que o termo "bug-eyed" virasse "olhos esbugalhados" em português?
qual a sua opinião sobre a nova fonte usada na 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔? caso vocês tenham odiado, eu troco. é só falar. eu faço qualquer coisa pra agradar as pessoas. é só falar. por favor, não me odeiem
eu destruirei vocês #87: em breve, em um cinema perto de você
Se desejar o mal pra bilionários é errado, não quero estar certo!
Obrigado pelo texto e pelas recomendações, Isabela!!! <3
Clara Nunes é incrível