eu destruirei vocês #X2: música estranha feita por gente estranha
curtas-metragens & comerciais do David Lynch, caneta azul, azul caneta e washi tape
uma das experiências com arte que mais moldaram quem eu sou foi quando em 2013, nas férias de verão da escola, aos 16 anos de idade e com uma conta da Netflix e um sonho, maratonei as até então duas temporadas de Twin Peaks. para aquela adolescente que havia acabado de reprovar em física, química e matemática, foi um momento único: a descoberta de que entender alguma obra de arte não é necessariamente importante, e que algo quase incompreensível pode ter um efeito tão grande quanto algo com uma história explícita e coerente. os efeitos que as cenas do black lodge tiveram em mim foram enormes e eu seria uns 50% menos maluca se nunca tivesse assistido aquilo
e foi a partir desse momento que eu fiquei fascinada pela filmografia do David Lynch. reassisti Twin Peaks logo depois de terminar e fiz uma imersão nos filmes dele — foi onde eu descobri que Eraserhead é a maior obra de arte do século XX, Império dos Sonhos é a maior do século XXI e que Duna realmente é muito ruim. mas eu gosto até de On the Air, aquela sitcom bizarra que ele fez com o Mark Frost logo depois do Dale Cooper quebrar o espelho
só que o David Lynch não fez só filmes e séries de televisão. a quantidade de curtas-metragens e comerciais de perfume & outros produtos que ele já dirigiu é colossal, e grande parte desses trabalhos é completamente ignorada — ao ponto de alguns deles terem menos de quinze mil visualizações no YouTube, e até os últimos clipes do Felipe Dylon tem mais alcance do que isso. esse inclusive é o caso daquele que é o meu curta-metragem favorito do David Lynch: Absurda, de 2007. 12,394 visualizações
uma sala de cinema gravada em uma posição fixa por dois minutos e trinta e um segundos conta a história de um assassinato inesperado — a arma do crime foi uma tesoura. pra mim, o que o David Lynch faz de melhor é terror, e esse curta é quase como se fosse um mini-curso de lynchianismos: temos os rostos distorcidos, os modelos 3D quase primitivos, a fumaça branca denotando que alguma coisa tá errada e a perplexidade e confusão mental de quem está sofrendo nas mãos do destino criado pelo Lynch. mortes, gritos e danças: tudo que um bom filme precisa ter
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