eu já passei pelo corredor de canecas
questionamentos sobre supermercados criciumenses
é possível que, em algum momento da sua vida, você tenha passado por um terrível sofrimento psíquico ao buscar em seu armário a roupa ideal para ir ao trabalho, à academia ou qualquer outro lugar que você precise, em geral, vestir uma roupa para ir. eu sei como é; sensação péssima. por isso, minha vida deu uma leve mudada desde que eu conheci a Insider — mas fique tranquilo; é uma mudada perceptível.
eu estou há alguns dias em posse de uma Tech T-Shirt e posso afirmar categoricamente que ela é sim a peça de roupa mais confortável do mundo — ainda não tem uma pesquisa detalhada que comprove cientificamente o que eu estou falando, mas é questão de tempo. de vez em quando, nós só precisamos de uma roupa leve e confortável que desamassa no corpo e dura muito mais. eu, no momento, não preciso de mais nada.
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fique agora com o texto de hoje. eu te amo.
existe algo de nefasto acontecendo em Criciúma e ninguém parece se importar com isso. literalmente ninguém; quando eu saio para caminhar sem rumo de madrugada pelas ruas do centro da cidade e seguro alguém pelos ombros perguntando sobre tal atrocidade sendo cometida nesse município, o primeiro instinto de quase todo mundo é sair correndo. tudo bem, eu entendo; a fuga da realidade faz parte do meu dia-a-dia, e é difícil você ser confrontado com a verdade às 3:47h da madrugada na praça Nereu Ramos. em outros horários, talvez em um sábado de manhã, esse tipo de informação e essa classe de conhecimento não causaria tanto pavor em um cidadão comum que está voltando do trabalho, indo para o trabalho ou não fazendo nenhuma atividade que esteja relacionada com qualquer forma de trabalho.
mas sabe qual é o problema? ninguém quer me ouvir. pensadores contemporâneos são constantemente acusados de promover teorias da conspiração simplesmente por pensarem contemporaneamente. talvez seja por isso que as pessoas fogem, mas não adianta fugir. a verdade sempre vem à tona, não importa o quão fina a camada do topo seja. olha aqui, Douglas. olha nos meus olhos. eu sei que esse não é o melhor momento, você só queria ir pra casa, mas olha pra mim. o Bistekão está conscientemente roubando o swag do Angeloninho
e assim, eu sei como é o sentimento. Angeloninho; eu te entendo. como uma entidade criciumense cuja swag está sempre à deriva, prestes a ser usurpada por alguém menos legal e com menos coisas interessantes para falar, eu sei exatamente como você deve estar se sentindo neste momento. ferido. te machucaram e você não sabe para onde correr. assim, pelo menos eu tenho um lugar para correr quando tudo parece estar desmoronando; você. a quantidade de caminhadas pela saúde mental que eu promovi nos últimos meses até o Angeloninho, rua Felipe Schmidt número 26, é absurda. em seus piores momentos, pessoas normais preferem afogar suas mágoas em uma igreja ou uma lanchonete no centro da cidade que tem uma garrafa de Dreher na prateleira, mas quando eu não sei o que fazer, eu vou até o Angeloninho. não sei, é algo sobre a energia do lugar. ele me emociona e, porque não, me atravessa
talvez seja a iluminação diferenciada do supermercado, não tão vibrante quanto certos supermercados, talvez sejam as prateleiras amadeiradas e metalizadas que lembram móveis do set de ironwood do Animal Crossing: New Horizons, talvez seja porque a seção de bazar do Angeloni sempre esteve lá quando eu mais precisei ver um porta-velas muito legal que eu jamais compraria porque não tenho velas em casa. “ah, isabela thomé, mas eles são tão lindos e é só comprar uma vela”. é verdade. não pretendo comprar nenhuma vela. talvez até mesmo seja o caminho até o Angeloninho. talvez hoje, nesse domingo chuvoso, eu só precisava passar na frente do Centro Cultural Jorge Zanatta. eu entrei no Angeloninho e eu não comprei nada. nem mesmo um patê de tomate seco. não preciso. eu já caminhei até aqui. eu já senti as luzes e eu já passei pelo corredor de canecas. até amanhã
e se você parar para analisar, ou decidir analisar enquanto caminha, perceberá que é normal querer ser alguém que você não é. é só o que você sabe fazer quando é adolescente, por exemplo. há cerca de um mês, o maior Bistek de Criciúma, comumente chamado pelos locais de Bistekão, iniciou uma grande reforma em suas dependências — quer dizer, eu nem sei se é possível ou passível de ser chamada de uma grande reforma
sabe quando você entra no modo de editar a casa no The Sims? eles estão fazendo algo do tipo. nesses últimos trinta dias, se você entrou no Bistekão, você viu prateleiras amadeiradas e metalizadas. em uma constante evolução; cada vez que eu vou no Bistekão, existem mais prateleiras amadeiradas e metalizadas. sim, a iluminação continua igual um consultório de dentista, mas as prateleiras? eu não preciso repetir uma terceira vez. é como se eu estivesse em um novo mundo, um mundo novo, um mundo completamente diferente mas ainda familiar, uma coisa nova que é uma coisa antiga que se torna uma coisa nova. eu não gosto de nada disso. tudo precisa ser exatamente do mesmo jeito para sempre, e antes que alguém pergunte, eu não tenho um diagnóstico de autismo
mas não é só isso: nesses últimos trinta dias, se você entrou no Bistekão, você não encontrou o que estava procurando — ou se encontrou, demorou muito mais para encontrar do que deveria em um supermercado. é que assim… agora que não existem mais terceiros lugares em nossas cidades, você busca o conforto que eles anteriormente proporcionavam em outros espaços. às vezes você conhece pessoas incríveis no Rick Bebidas, às vezes o estádio Heriberto Hülse se torna um grande ponto de confraternização entre os povos, às vezes você precisa andar por um supermercado que você conhece muito bem só para ver se consegue sentir algo. hoje de manhã eu fui comprar esponjas no Bistekão, hoje de manhã eu demorei vários minutos para encontrar as esponjas no Bistekão. eles estão mudando tudo de lugar, e eles estão acabando com o mapa mental que existia em toda mente criciumense de onde ficam as coisas no Bistekão, e eles estão jogando fora tudo que construíram ao longo de décadas. e eu odeio quando jogam fora tudo que construíram. agora por favor, onde diabos está a água tônica
é uma nova forma de viver que a população criciumense precisa se acostumar, mas eu acredito haver algo mais sinistro nisso tudo — e antes que você pergunte, sim, eu tenho certeza que isso afeta o Criciúma Esporte Clube. espera, eu preciso me preparar antes de falar disso. é tudo muito nefasto. há cerca de um mês, atenção na cronologia, o Criciúma vencia o Coritiba pelo placar de 2 a 0 no estádio Couto Pereira, gols de Nicolas e Rodrigo, tomando a primeira posição da Série B do próprio Coritiba — leia mais sobre na minha newsletter sobre a equipe, jardel contra o marília. desde então, desde cerca de um mês atrás, tudo deu errado para o Criciúma. derrotas para o lanterna, erros crassos de arbitragem contra a equipe, lesões cranianas de atacantes titulares. e o que aconteceu há cerca de um mês? é isso mesmo.
praticamente todos os jogadores do Criciúma moram no bairro Comerciário, onde fica localizado o estádio Heriberto Hülse e — olha só — o Bistekão. todos os jogadores do Criciúma fazem sim as compras no Bistekão; eu já vi o zagueiro Rodrigo por lá, já avistei o volante Higor Meritão pegando uma bandeja de sushi e o atacante Arthur Caíke já esteve com duas dúzias de ovos no seu carrinho de compras — na minha frente. Yannick Bolasie já pisou no Bistekão e eu não tenho mais de morrer. e em um momento tão importante para o clube, um possível acesso para a Série A tão perto, o retorno às glórias, tudo mais e tudo menos, o que a administração do Bistek decide fazer? causar danos psíquicos aos jogadores.
pensa comigo: imagina o atacante Diego Gonçalves saindo de um treino, onde concluiu com maestria a tarefa de errar trinta cruzamentos para os seus companheiros, e passando no seu supermercado favorito, perto de casa, para comer qualquer coisa que seja que jogadores de futebol comem — um barrinha de proteína Bold, sei lá. ele entra no supermercado, ele vai atrás da barrinha de proteína Bold, ele não encontra a barrinha de proteína Bold. os corredores mudaram, os lugares não são mais os mesmos, as posições não fazem mais sentido. talvez esteja perto de onde era antes, talvez não; os carrinhos de Hot Wheels saíram da frente da seção de bazar para o final dela, perto da padaria. nada é garantido. Diego Gonçalves vai embora sem sua barrinha de proteína Bold e, acima de tudo, pior de tudo, confuso. um sofrimento psíquico exacerbado. agora imagine isso acontecendo com uma equipe de futebol inteira durante um mês inteiro. é derrota para o Amazonas na certa. é um constante e eterno 4 a 2 para o Paysandu. eu não sei mais o que fazer. eu só não quero nada novo
e onde entra o Xisito nisso tudo? não me pergunta isso. eu não quero nem pensar no Xisito.








Até eu quis ir no mercado 😂