férias de verão
Twin Peaks, RPGs japoneses e uma nova newsletter
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meu Deus do céu, eu estou de volta. de algum modo, e apesar de tentar muito, nesse quase mês-e-meio em que estive fora da eu destruirei vocês eu não desaprendi como se escreve. eu continuo com o mesmo domínio das palavras de outrora, e inclusive ainda me recordo de todas as letras do alfabeto — apesar de pular o Q algumas vezes em momentos de fragilidade física e emocional.
as suas férias foram intensas? pois saiba que as minhas foram absolutamente normais. não aconteceu nada fora da normalidade, e talvez você se questione sobre o que é essa tal normalidade e eu responda saindo correndo e derrubando um vaso de propósito para você se assustar e perder tempo na minha captura. “ah, Isabela, mas eu quero saber certinho como foram as suas férias”. tudo bem. você até que tem esse direito, principalmente se assina a eu destruirei vocês e me paga dez reais por mês por conteúdos extras. aí eu até te devo satisfações. caso não, bom. é só dez reais por mês. talvez seja a hora de assinar
basicamente, o que eu tenho pra te dizer é que eu fiz isso aqui nas minhas férias
não assisti o Big Brother Brasil
eu tenho uma opinião: Davi Calabreso estragou para sempre o Big Brother Brasil. talvez a sua existência desde a concepção tenha sido um grande plano aceleracionista de uma emissora concorrente para implodir o programa — consigo facilmente ver o SBT do início dos anos 2000 nefastamente criando um bebê em laboratório, e considerando que esse homem nasceu depois da primeira edição do reality, essa teoria não só é plausível como altamente provável. o ex-futuro médico escancarou para o Brasil inteiro que o BBB é uma enorme e completa farsa. você pode sim ganhar qualquer edição com o pé nas costas se fritar um ovo para cada participante às 5h da manhã. é a coisa mais fácil do mundo. todo mundo vai se irritar com você e pronto. um trilhão de seguidores no Instagram e uma vida ganha. pra mim, isso é a meritocracia de verdade
o problema é que agora eu não tenho vontade alguma de assistir qualquer Big Brother Brasil até o fim da eternidade. não é que o meu interesse na vigésima quinta edição do maior reality show do país esteja nulo: é que ele atingiu um ponto anteriormente desconhecido do pré-sal que transformará o Brasil em uma nação de primeiro mundo assim que o explorarmos adequadamente. “caramba”, avisam os portais de fofoca. “Gracyanne Barbosa comeu nove ovos nas últimas 24 horas”. fico feliz por ela. proteína é sempre importante. aparentemente descobriram que o Diego Hypólito é uma versão da vida real do homossexual Félix de Viver A Vida e que a sua irmã Daniela, planta em todos os reality shows que já participou, ainda é uma planta. eu não sei mais o que anda acontecendo, desculpa. tem duas velhas no programa, né? eu apoio. sempre importante ver idosos ocupando espaços no horário nobre. normalmente só tem a Fernanda Montenegro fazendo propaganda do Itaú
pensei muito no David Lynch
e continuo pensando todos os dias. na verdade, eu sempre estava pensando nele: a partir do momento em que você assiste Eraserhead aos 16 anos e resolve basear toda a sua personalidade e gostos naquela obra, você assina um pacto de sangue metafórico com a vida e obra desse homem normal nascido em Missoula, Montana. se você não teve uma obsessão doentia com a figura de David Lynch na adolescência, você não tem coração. se você não mantém essa obsessão na vida adulta, você não tem cérebro
e é uma obsessão que sempre se manifesta em coisas pequenas do dia-a-dia. eu não vejo orelhas decepadas no meio do mato com frequência, mas a imagem do início de Veludo Azul sempre volta quando eu passo por um terreno baldio um pouco mais assustador. o homem de lixo de Cidade dos Sonhos já apareceu em meus sonhos mais de uma vez, e de vez em quando ele é até amigável. eu torço para que nunca sofra uma situação Duna com a minha arte, e eu era sim apaixonada pelo cabelo desse homem em uma época longínqua pré-transição e eu mostrei sim uma foto dele para o meu barbeiro em algum ponto do ensino médio, assim como havia feito com o cabelo de Brian Wilson tempos antes. ele estava sempre lá, e continua sempre aqui. estou reassistindo Twin Peaks com a minha namorada nos últimos dias. ela ainda não sabe quem matou a Laura Palmer. não contem pra ela
comecei uma nova newsletter
nossa, como eu amo promover o meu trabalho! hashtag publi. tudo bem, isso pode ser absurdamente desinteressante para 97% do meu público — que consiste em designers que trabalham em agências publicitárias, mulheres transgênero insanas e fãs do podcast Rádio Novelo — mas agora eu tenho uma publicação especificamente sobre o Criciúma Esporte Clube. é isso mesmo. eu escrevo sobre futebol
pedindo desculpas por ser uma versão transfem de Nelson Rodrigues, desde o início do campeonato catarinense eu estou lançado um texto após cada partida do Criciúma — e de vez em quando uma partida nem é interessante assim para merecer um texto inteiro, e é aí que tudo fica interessante. a newsletter se chama jardel contra o marília, uma referência à icônica estreia de Mário Jardel com a camisa do Tigre na série B de 2008 contra o Marília. desculpa se você dormiu antes desse parágrafo terminar. talvez devesse ter tomado mais café na agência
e hoje tem Criciúma x Santa Catarina pela sexta rodada do catarinense, o que significa que amanhã teremos um texto novo por lá. sim, tem um time chamado Santa Catarina na primeira divisão catarinense. insano. é como se existisse um time paulista chamado São Paulo
tentei jogar um JRPG
que droga. talvez um dia eu consiga novamente. logo no início das férias, no distante mês de dezembro de 2024, eu decidi que terminaria algum RPG japonês longo até o final dessas mesmas férias — fim esse que acontece, pelos meus cálculos, exatamente hoje. pelo uso repetido do verbo tentar nos últimos segundos, você deve ter percebido que eu nem sequer cheguei perto de concluir meu grande projeto de férias. mas veja bem: eu juro que eu tentei. há algumas semanas, eu preparei uma lista de RPGs que eu gostaria de instalar no Nintendo Switch para tentar devorar nas semanas subsequentes — e eu cansei de fingir que eu não pirateio produtos da Nintendo, então estou falando com todas as letras que os instalei, sem qualquer vergonha na cara. eu deixei de ser o tipo de pessoa que gasta 300 reais em Xenoblade Chronicles 3. você sabe quanta droga dá pra comprar com esse dinheiro?
eu devo ter jogado, no máximo, umas quatro horas de Xenoblade Chronicles 3. talvez eu odeie muito o combate semi-automático da franquia, e eu também cansei de fingir que eu acho ele interessante e dinâmico. não é. é como se fosse um misto de action RPG com batalha por turnos que não me desse de jeito nenhum. eu sou contra essa não-binariedade do combate. mas aí é o negócio: eu tentei jogar Live A Live e também não gostei. batalha por turnos nem é tão interessante assim. Paper Mario: The Thousand-Year Door é perfeito. parei logo depois do segundo capítulo. eu tenho medo de que eu nunca mais consiga apreciar um bom RPG japonês. mas tudo bem. considerando o fascismo exacerbado pelo qual estamos sujeitos no mundo de hoje, esse é um medo bem tranquilo de se ter
li livros
essa é para quem levianamente me acusa de não ser alfabetizada. eu leio sim de vez em quando. tentei fazer um esforço nessas férias de usar o celular o menor tempo possível — boa parte do tempo que eu fiquei em casa eu deixei o meu aparelho desligado em um cômodo escondido do meu lar, como se fosse um objeto radioativo que precisa ser deixado longe de mim. e de certa forma, é mesmo. isso me fez precisar encontrar outras coisas para fazer dentro de casa. claro, eu poderia arrumar a área de serviço, mas é muito mais divertido pegar todos os livros que eu comprei nos últimos dez anos e nunca li e, de fato, lê-los
entre todos os sete livros que eu li nessas férias, um número insano para uma burra que nem eu, talvez o meu favorito tenha sido Little Blue Encyclopedia (for Vivian), da escritora canadense Hazel Jane Plante. eu amo quando um livro é sobre duas coisas: um guia de personagens da série fictícia Little Blue, algo como uma Twin Peaks dos anos 2000 que se passa em uma ilha, e uma homenagem à Vivian, melhor amiga da protagonista que faleceu recentemente. é lindo, e é transgênero, e é lindamente transgênero. e eu amo quando uma literatura é transgênero. Água Viva da Clarice Lispector também é lindo, mas não é transgênero. Pedro Páramo, de Juan Rulfo, não é tão lindo nem transgênero. A Metamorfose, de Franz Kafka, pode ser transgênero caso assim você decida
eu vou falar uma coisa pra vocês: talvez eu extingue as considerações finais esse ano. é que eu não tenho mais tanta coisa interessante pra falar. eu gostei da nova música do Black Country, New Road. ela é muito linda. mas um monte de gente já disse isso. quais perspectivas novas eu posso trazer? não sei. talvez um dia eu descubra










eu também nunk tankei JRPG por conta da repetitividade do combate, me faz perder o interesse tão rápido... além do fato que eu não tenho mais horas infinitas pra me dedicar a joguinho
mas mesmo assim sempre tento, tentei com Persona 5 e mais recentemente com Metaphor - mas não consegui terminar nem a demo kkk
voce acertou eu realmente queria saber certinho como foram suas ferias