música de TikTok
sabe quando a música é de TikTok?
é possível que, em algum momento da sua vida, você tenha passado por um terrível sofrimento psíquico ao buscar em seu armário a roupa ideal para ir ao trabalho, à academia ou qualquer outro lugar que você precise, em geral, vestir uma roupa para ir. eu sei como é; sensação péssima. por isso, minha vida deu uma leve mudada desde que eu conheci a Insider — mas fique tranquilo; é uma mudada perceptível.
e eu posso falar? as peças da Insider são sim extremamente confortáveis. venho usando nos últimos tempos a perfeita Mini Saia Kyoto e amando cada segundo — e eu estava olhando no relógio só para ter certeza que eram todos os segundos mesmo. de vez em quando, nós só precisamos de uma roupa leve e confortável que desamassa no corpo e dura muito mais. eu, no momento, não preciso de mais nada.
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modéstia a parte, de vez em quando eu consigo lembrar de algumas memórias do meu passado — apesar de nem sempre ter a certeza de que elas de fato ocorreram ou não. fiquem tranquilos; certamente não tem nada a ver com qualquer tipo de trauma. mas é que existem coisas tão insanas na história da humanidade que é impossível não se questionar pelo menos um pouquinho se o meu cérebro não inventou elas do nada. felizmente, a TikTok Billboard Top 50 não é uma dessas coisas; talvez ela seja a coisa que mais tenha feito sentido no mundo, ao menos enquanto existiu. é óbvio que precisamos saber quais as canções mais tocadas no TIkTok. ninguém que eu conheço sobreviria sem tais informações
mas apesar de um sinal evidente de que tudo está acabando, é meio lindo quando uma chart da Billboard tem uma música do esquecido grupo Surf Curse na primeira posição em uma semana, um trap genérico de BabyChiefDoit na próxima e um clássico oitentista do Alphaville na subsequente. é como se uma Copa do Mundo tivesse Escócia, Curaçao e Cabo Verde. um grande mix de emoções, sensações e sentimentos. afinal, é aquilo; existem músicas que, apesar de não terem sido feitas para o TikTok, foram feitas para o TikTok. espiritualmente YouTube Shorts, mais Kwai do que qualquer coisa.
e olha que eu nem considero a existência desse fenômeno como algo negativo e/ou novo. acho que a música de TikTok pode ser um conceito. se houvesse um TikTok nos anos 1950, não tenho a menor dúvida de que Chubby Checker estaria quebrando todos os recordes de visualizações. às vezes uma música claramente foi escrita para ser apreciada por adolescentes, e apesar de Herman’s Hermits ter uma ou duas canções aceitáveis, streams seriam tacados na lenda por legiões de fãs que não querem escutar qualquer coisa melhor que algo aceitável. eu amo quando é muito comercial e muito aceitável.
e tipo… o que diabos é um sombr? apesar de parecer o nome de um aplicativo para encontros com pessoas do mal, ao que tudo indica, sombr é um musicista — termo normalmente utilizado para pessoas que produzem músicas. eu posso ir mais devagar se vocês quiserem. no momento, ele é o trigésimo-sétimo artista mais ouvido no mundo, meio que um absurdo considerando que esse homem claramente não existe. talvez eu perca alguns níveis de coolness falando isso — ou talvez ganhe mais — mas eu nunca escutei uma música de sombr. ele é mais um daqueles artistas que parecem ter brotado do meio do mato completamente formado e com alguns fãs, tal qual um Pikmin vermelho sendo arrancado da terra e forçado a realizar trabalhos manuais em um planeta estranho e misterioso cheio de pilhas Duracell. vivemos em um planeta cheio de pilhas Duracell, e sombr faz parte dele.
músicas com mais de um bilhão de reproduções, constantes aparições no top 20 nas paradas da Billboard, indicado aos Grammys e ao VMA na categoria de melhor artista novo — em tradução livre. e tudo isso sem sequer possuir uma forma física. veja bem; eu não estou dizendo que sombr é gerado por uma inteligência artificial. eu jamais diria isso. eu só estou dizendo que eu me recuso a aceitar o que os grandes conglomerados de mídia tentam me forçar a aceitar. se você pesquisar sombr no Google ou em sua ferramenta de buscas favorita, encontrará até com certa facilidade fotos e imagens da entidade que afirmam ser sombr — mas eu vou fingir que é de outra coisa. que tipo de pessoa se chama sombr? não pode ser real. sem querer patologizar qualquer pessoa envolvida nessa conspiração, que tipo de psicopata sem alma inventaria algo assim?
e sabe qual é a pior parte em tudo isso? a música nem é tão ruim. o que me incomoda é a existência não-confirmada do espécime. as músicas do sombr tem um quê de Ariel Pink que eu não esperaria de um artista que vende álbuns e lota shows — e eu tenho propriedade para falar isso, considerando que eu tenho mais inscritos no Substack do que o próprio Ariel Pink. sombr é como se o famoso cantor Mika, amigo pessoal de Ariana Grande, tivesse nascido uma década depois; as influências seriam outras, assim como o mundo ao seu redor, e ele teria escutado pretty girl da Clairo em uma idade onde o cérebro ainda está maleável, o que faria ele aplicar um fortíssimo reverb em todas as suas canções. nada contra reverb, inclusive tenho amigos que usam. a questão é que sombr, ao mesmo tempo em que é tudo, não é muita coisa. eu poderia dizer que sombr é nada, mas eu estaria sendo injusta com alguma das partes envolvidas. só não tenho certeza se seria com sombr ou com o nada
tem algo quase de bonitinho em toda a estética da Lola Young. é como se um executivo muito idoso de uma grande gravadora tivesse visto dois YouTube Shorts de uma egirl de 2020 falando sobre relacionamentos e decidido que o mundo precisava exatamente disso — mas é muito mais interessante porque eu acredito cem por cento que a Lola Young é desse jeito mesmo. eu não acho que ela esteja inventando uma persona nem nada do tipo. não tem problema nenhum em ser brega desse jeito e ela sabe muito bem. Lola Young me lembra a Giulia do ensino médio, e eu não quero entrar nesse assunto no momento.
se vocês me permitirem, eu gostaria muito de falar um pouco sobre o seu primeiro álbum de estúdio, I’m Only F**king Myself - que eu acabei de pesquisar e na verdade é o seu terceiro disco. não tem problema. segundo as minhas pesquisas, o nome do disco realmente é I’m Only F**king Myself. no caso, ela decidiu que era necessário censurar a palavra tal qual um vídeo no TikTok colocando um risquinho em cima da palavra m*rte para não sofrer o maior castigo de todos — a desmonetização.
a questão é que o disco dos asteriscos mostra, ao contrário de boa parte desses artistas, alguém com uma visão. eu acho Messy uma música muito boa, e eu acabei de desviar com grande destreza de um tomate jogado por um membro da audiência. eu posso reclamar das letras dela, que parecem ser em grande maioria sobre como homens são horríveis? não necessariamente; eu concordo em gênero. número e grau também estão envolvidos na equação, mas não são tão relevantes.
em questão musical, porém, em questão de composição e em questão de produção e tudo mais que engloba o que uma canção é, não tenho muito o que falar mal; ela consegue compor melodias intrinsecamente early gen z, algo feito especificamente para a sensibilidade de qualquer ser humano nascido entre 1998 e 2002. o tipo de pessoa que gostava um pouco demais de Brockhampton e teve a vida mudada por algum álbum ruim do Mac DeMarco — não por um bom, que fique bem claro. devido ao fato de eu ter uma alma jovem e ser a pessoa mais legal do mundo, eu até que gosto da Lola Young. é um white girl soul inofensivo, apesar da raiva evidente em todas as suas canções. a questão é que ela certamente é uma pessoa bacana. eu adoraria encontrar ela no Meteoro um dia, conversar por duas horas, compartilhar um ou dois traumas, seguir e ser seguida no Instagram e nunca mais conversar.
mas, no fundo, todos sabemos que nada supera YUNGBLUD. o homem mais TikTok do mundo. tudo bem, hoje em dia talvez ele seja levemente mais respeitado em certos círculos de pessoas insuportáveis na internet, mas eu nunca vou conseguir me esquecer da primeira vez em que eu escutei Parents. que canção inacreditável. defina você se isso é positivo ou negativo. ela literalmente parece um sketch do Kid Break em Tim & Eric Awesome Show Great Job — ele odeia seus pais e ele fala palavrões. eu consigo ver uma versão minha nascida em 2010 gostando muito dessa música, até porque eu também queria odiar meus pais e falar palavrões, mas eles nunca me fizeram nada de tão horrível para precisar disso. YUNGBLUD, porém, é cool. ele fugiria de casa e cuspiria em qualquer prato, tendo comido dele ou não
ai, isso é tudo muito engraçado. “it’s hard to get an erection when you’re so used to rejection”. faz total sentido que rockeiros decidiram que YUNGBLUD na verdade é um grande artista; quem escutava isso há cinco anos já cresceu o suficiente para seguir o caminho mais óbvio nessa jornada musical linear, que é ficar obcecado com o cover de The Sound of Silence do Disturbed e comprar exatamente dois discos de vinil do Sleep Token. “nossa, mas como ele é rockeiro” óbvio que você pensa isso. você comprou um ingresso pro Rock in Rio. e pior de tudo; foi pra noite do rock.
e se for para falar de artistas de TikTok, não podemos esquecer de Kate Bush. a cantora britânic- morre subitamente



